ROCKARIOCA: 1, 2, 3, 4… com Pedro Serra – Entrevista

Com produção do Coletivo Rockarioca, começa na nesta quinta-feira (30/11), a segunda edição do Festival Rockarioca. Aproveitamos a iniciativa para um papo na Coluna 1,2,3,4… com seu idealizador, o músico, DJ e produtor Pedro Serra, que não apenas apresentou o projeto, como falou da atual cena rock no Rio e os planos para 2024.

TEXTO e ENTREVISTA: Michael Meneses
FOTOS e IMAGENS: Divulgação

Quem assistiu as lives do Instagram da Rock Press e conduzidas por este que vos escreve, deve lembrar que eu sempre dizia: “Muita coisa boa pode tá sendo criada neste momento”. E acertei, muita coisa boa surgiu e hoje temos discos, novas bandas, livros, filmes e outras iniciativas como fruto criativo do isolamento social.

Uma dessas iniciativas é o coletivo Rockarioca, criado pelo músico e produtor cultural Pedro Serra, que vêm desde 2020, promovendo ações em prol da cena rock carioca. Em um primeiro momento, nos tempos de pandemia, com atividades virtuais e tão logo passou a fase do isolamento, começaram os shows e outras ações presenciais.

Entre os eventos, o Rockarioca Convida, que acontece no La Esquina (Lapa/RJ), sempre às 2ª quintas-feiras do mês, a Rock Press conferiu as edições de outubro (leia) e novembro (leia aqui). Já a partir da próxima quinta-feira , começa a segunda edição do Festival Rockarioca. Serão três noites de shows (dias 30/11 e 01 e 02/12), no palco da Audio Rebel em Botafogo. Nesta edição, participam do Festival Rockarioca, as bandas: Compay Oliveira (aka_Ninguém), Banda Gente, Tambellini, Anacrônicos, Mauk & os Cadillacs Malditos, Katia Jorgensen, Trash No Star, The Dead Suns e Funeral Macaco.

Convidamos Pedro Serra, idealizador do Coletivo Rockarioca para um papo, na coluna 1,2,3,4… da Rock Press, onde ele apresenta o festival, as ações do coletivo, seus trabalhos como músico e os projetos futuros.

1, 2, 3, 4… com Pedro Serra
do Coletivo Rockarioca

1 – Michael Meneses / Rock Press: Como surgiu a ideia do coletivo Rockarioca? Conta essa história e tudo o que aconteceu desde o surgimento…

Pedro Serra / Rockarioca – Quando teve a pandemia tudo parou na música. Ainda mais para a galera independente, que não tinha grana para bancar aquelas lives bacanas. Daí em outubro de 2020 eu escolhi umas 25 bandas que considero muito boas, de estilos variados de rock e de cantos diferentes da cidade (e do Estado) e chamei elas para participar do movimento Rockarioca. Além dos vinte e poucos artistas do coletivo, tem sempre um artista convidado diferente a cada mês. Montei primeiro a playlist no Spotify (e depois no Deezer e no YouTube) e definimos seções nas nossas redes: Às segundas-feiras tem as Estreias na playlist (que muda toda semana); às terças-feiras tem Meu Instrumento, onde o músico conta sobre ele e como começou a tocar; Quarta-feira é dia de +Som, que fala sobre outras bandas, de fora do coletivo; quinta-feira tem Tebetê, onde a gente lembra de bandas, festivais, estúdios, selos, casas de show, etc antigos; sexta-feira tem Clipada, falando sobre um clipe (e tem atualização da playlist visual Clipada Rockarioca, no YouTube); no sábado tem Na Capa, onde o artista fala sobre um álbum do rock/pop carioca (ou que tenha alguma relação com o RJ) que o tocou.

2 – Rock Press: A próxima iniciativa do coletivo é o Festival Rockarioca II. Qual a ideia do festival, quem tocou na edição passada e apresenta as bandas que estão na edição 2023…
Pedro Serra – A ideia do Festival Rockarioca, que é anual na Audio Rebel, é juntar artistas de quem falamos nas redes. O primeiro festival foi em maio do ano passado, somente com artistas do Rockarioca. Em julho deste ano começamos a fazer um evento mensal no La Esquina chamado Rockarioca Convida, onde tem uma banda do coletivo e outra de fora, e isso foi muito legal porque abriu bastante o leque musical, além de ter virado um “point” onde as bandas se encontram, trocam ideias e assistem aos shows umas das outras. Então aproveitando a deixa, fizemos a seleção do 2º Festival Rockarioca sem artistas que tocaram no ano passado. E nessa comemoração dos 3 anos do Rockarioca aproveitamos para mostrar um pouco da diversidade de gênero, raça, geração e território da galera que está fazendo rock no Rio. Dos 9 artistas, 4 são do coletivo (Banda Gente, Mauk & os Cadillacs Malditos, The Dead Suns e Funeral Macaco) e 5 de fora (Compay Oliveira aka_NINGUÉM, Tambellini, Anacrônicos, Katia Jorgensen e Trash No Star) – mas todos passaram pelas páginas (virtuais) do Rockarioca. Aí a escalação do 2º Festival Rockarioca ficou assim: No primeiro dia, (quinta 30/11): a festa começa com samba-rock-eletrônico-existencial do Compay Oliveira (aka_Ninguém), vindo da Cidade de Deus. Depois tem o rock negro com influências ancestrais e periféricas da Banda Gente, de Mesquita. Fechamos a noite com o world rock psicodélico contemporâneo de Tambellini, estreando a sua mini orquestra extraordinária, da Zona Sul. No segundo dia, (sexta 1/12): quem abre os trabalhos é a banda Anacrônicos com seu rock cru que remete aos anos 70 e 80, das Zonas Sul e Norte. Em seguida tem o show de lançamento do álbum Black Beluga Groove com o rock genuíno original e visceral de Mauk & os Cadillacs Malditos – que mistura integrantes da Zona Sul, Lapa e Niterói. Fechando a noite, a estreia nos palcos do trabalho solo de Katia Jorgensen, moradora da Lapa e cantora da Ave Máquina, com sua ópera-rock “Canções Para Odiar”, acompanhada por uma banda Under-Estelar. Finalizando, (sábado 2/12): depois de longo recesso, a Trash No Star traz pra Audio Rebel seus riffs de guitarras distorcidas, microfonias, punk e lo-fi de Nilópolis. O rock alternativo da The Dead Suns fazendo o show de lançamento do seu 2º álbum “A Luta Continua”. Para finalizar a noite e o festival, a jovem Funeral Macaco introduzindo o anguerenguê ao proto-punk na campanha de lançamento do seu 1º álbum.

3 – ROCK PRESS: Falando em bandas, você também é músico, conta um pouco dos seus projetos do passado e do presente…
Pedro Serra – Atualmente eu toco nos Estranhos Românticos (que fará 10 anos tocando indie-rock-tropical em 2024) e na Anacrônicos (que é uma banda que tive nos anos 80 com amigos de infância e reativamos há uns anos). Mas então, eu comecei a tocar em bandas em 1987. Além da Anacrônicos (que na época se chamava Andanças), tive a Ao Redor da Alma, que tocou muito no Crepúsculo de Cubatão e no Espaço Retrô, em São Paulo. Depois, nos anos 90 eu toquei no Cruela Cruel com Fernando Magalhães (Barão Vermelho), Minhoca (Picassos Falsos) e Cesar Nine (Finis Africae); com Cordel Elétrico, que chegou a fazer um certo “sucesso” (risos) misturando rock com música brasileira; com Minha Mãe, trio que gravou demo nas madrugadas do famoso Estúdio AR porque o baixista trabalhava lá; com o trio de 2 guitarras e bateria Xão (foto), de onde saiu o Ricca do LOVNI. Nos anos 00 tive a Chaparral com o Marcelo Larrosa (Hojerizah), o Marcos Muller (que depois foi cantor/guitarrista do Estranhos Românticos) e com o Bernardo Palmeiro (do Anacrônicos); toquei na Abbes, que era o projeto solo do Flavio Abbes da Minha Mãe, cuja baixista era a Claudinha Niemeyer; e na Polaroide, com o Minha Mãe, o Luciano Cian (ambos do Estranhos Românticos) e o Junior. Em 2014 formamos a Estranhos Românticos, que já tem 3 álbuns, alguns singles e clipes lançados. Em 2017 entrei para O Branco e o Índio, lançamos o álbum Plantas Renováveis em 2018 e fizemos vários shows, inclusive em Paquetá e Belo Horizonte, na famosa A Obra –  mas a banda acabou na pandemia. Ufa, acho que é isso! (risos).

4 – ROCK PRESS: Como você vê a atual cena rock no Rio de Janeiro e os demais coletivos…
Pedro Serra – Acho que estamos vivendo um momento único no rock aqui no Rio, com coletivos como o Rockarioca e o Rio+Rock, onde os artistas trabalham junto, se apoiando e dando dicas uns aos outros, e assim construindo um cenário fértil e colaborativo para o rock na cidade, que sempre o maltratou. Tivemos até um edital voltado para o rock, veja só. Digo isso porque nos anos 80, 90 e 00 o cenário aqui era bem diferente, com muita competitividade, panelinhas e tretas entre os artistas independentes. Agora parece que tudo está bem melhor. 

5 – ROCK PRESS: Quais seus projetos para 2024 (bandas e coletivo) e deixe seu recado aos leitores da Rock Press…
Pedro Serra – Em 2024 vamos continuar expandindo o Rockarioca, que além da noite Rockarioca Convida no La Esquina e do festival anual na Audio Rebel, vai ganhar uma noite no Garage Grindhouse – e quem sabe em outros lugares… Também vamos fazer uma playlist mais abrangente, com todos que participaram da seção +Som. Tem outras ideias rolando, mas é melhor falar só quando acontecerem. Para os Estranhos Românticos, vamos lançar um novo álbum – o primeiro com a nova formação com o guitarrista JR Tostoi (ex-Lenine e Vulgue Tostoi) e o cantor/guitarrista alagoano Victor Barros. Também gostaria de fazer uma turnê dos 10 anos da banda, levando Estranhos Românticos para tocar em outros lugares do Brasil. E com Anacrônicos, vamos gravar o EP Lado B (lançamos o Lado A em 2023) e fazer mais shows. Para os leitores da Rock Press eu desejo que continuem sempre atentos às novidades musicais – e às “velhidades”, afinal tudo é novo até você conhecer, e vários artistas antigos pouco conhecidos estão vindo à tona recentemente (como Death e Fanny, por exemplo). Os clássicos são ótimos, mas vamos viver a nossa época musical e forjar os clássicos e ídolos do amanhã!

Conhecendo as atrações do festival!

Reunindo nomes novos com veteranos do rock no Rio de Janeiro a segunda edição terá bandas de variados estilos, conheça as atrações:

COMPAY OLIVEIRA (aka_NINGUÉM): Membro da Orchestra Binária (Cidade de Deus/RJ), trio experimental de noise-sambado e eletronic-rock, o artista constrói em condições artesanais e low profile seu “balanço oculto” solo desde 2018.” Assim o release da define o trabalho do Compay Oliveira (Aka_Ninguém), que possuiu dois EPs e um singles, além de produções audiovisuais. O trabalho recebeu boas críticas da mídia especializada no Brasil, em Nova Iorque e Londres. CONHEÇA!

BANDA GENTE: Formada por músicos do subúrbio carioca e da Baixada Fluminense. Em 2017 lançaram o álbum #SomosTodosSilvas, em seguida EP Descarregar (2021) e além de vários singles, sendo o último lançamento o single/clipe “Rainha do Fogo” (2022), levantam a bandeira do rock e suas origens da música negra. Em dezembro, lançarão “Fumaça” feat Letrux. CONHEÇA!

TAMBELLINI: Com influências de Jards Macalé, Gal Costa, Negro Leo, Ava Rocha, Jeff Buckley, Elliot Smith, Tame Impala, Ty Segall, Connan Mockassi… em 2020 lançou “PRTRBDX” (Perturbado), um mergulho no isolamento social. O trabalho traz referências que vão da psicodelia ao grunge. CONHEÇA! 

ANACRÔNICOS: Como influências no rock dos anos 70 e 80 e formada no Rio de Janeiro no final da década de 80 pelos amigos Maurício Hildebrandt, Pedro Serra, Bernardo Palmeiro e José Sepulveda. Chegaram a gravar uma demo-tape produzida por Tom Capone e Álvaro Alencar em Brasília/DF. Deram um tempo e retomaram aos trabalhos há 5 anos e lançaram o EP Lado A. CONHEÇA! 

MAUK & OS CADILLACS MALDITOS: “MOCKERSOULGARAGEPUNK SOUND”, se liga nessa possibilidade. Agora some com a guitarra de Gilber T, o baixo e a voz de Mauk Garcia e a bateria de Robson Riva. Isso é o Cadillacs Malditos. CONHEÇA!

KATIA JORGENSEN: Com 30 anos de estrada, a vocalista da banda Ave Máquina, lança o álbum solo, “Canções para Odiar” que conta com produção de Jr Tostoi e Rafael Oliveira. O trabalho é uma ópera rock que narra o relacionamento de uma mulher que conheceu um homem no metrô, mas que não deu certo. “Canções para Odiar” tem previsão lançamento em março de 2024. CONHEÇA!

TRASH NO STAR: Cria da Baixada Fluminense/RJ e em atividade desde 2010, é formada pelo casal Letícia Lopes (guitarra e vocal) e Felipe Santos (Guitarra e vocal), completam a banda, Pedro Millecco (bateria) e Mara Chantre (baixo). As influências, o rock independente americano dos anos 80/90, ou seja, Sonic Youth, Babes in Toyland, Mudhoney, Flaming Lips, Dinosaur Jr., L7… O novo álbum é Intitulado de “Existir é Resistir” e tem previsão de lançamento 2024, o primeiro single já está disponível. CONHEÇA!

THE DEAD SUNS: Formada em 2016 por Francisco Kraus (baixo e vocal), fundador de bandas como Eterno Grito, Second Come e Jess Saes; Mauk Garcia guitarrista da Grande Trepada. Somam a esses dois, Robson Riva (Seletores de Frequência, Finis Africae, Pic-Nic, etc) e Renato Fernandes. Em agosto de 2023 a banda gravou no Estudio La Cueva o álbum “A Luta Continua” que será lançado nas principais plataformas digitais no próximo dia 30 de novembro de 2023. CONHEÇA!

FUNERAL MACACO: Tito Matuk (guitarra), Pedro Valle (baixo) e Rafael Matuk (bateria), Igor Carvalho (atabaque) e o ator Vinicius Monteiro formam a banda que está em atividade desde 2021, visando unir o anguerenguê com o proto-punk. Segundo o release: “As performances ao vivo são os Círios De Nazaré hipocondríacos que a mistura de toada imemorial, guitarra emulando sertanista e rock alternativo pode oferecer. A dinâmica quiet-loud-quiet e o chichibeismo do malandro-hacker. Os músicos andando como se fossem puxados por fios, um maquínico anti-algoritmico, um maquínismo ciente do banquete dos sentidos. Como fios puxados em peças de Gerald Thomas.” Ou seja, tudo isso nos parece atrativo. CONHEÇA!

RECOMENDAMOS…
Os ingressos antecipados com desconto estão à venda no site da Sympla (aqui), no dia dos eventos, será possível comprar na bilheteria da Audio Rebel (veja serviço completo abaixo). Logicamente, cabe a nós da Rock Press, reconhecer o empenho do Coletivo Rockarioca, a grandeza eclética no cast da 2ª edição do Festival Rockarioca e dizer: #Recomendamos. – Michael Meneses! 

OUÇA AS BANDAS DO PEDRO SERRA:
ESTRANHOS ROMÂNTICOS: https://linktr.ee/estranhosromanticos
ANACRÔNICOS (foto): https://linktr.ee/anacronicos
O BRANCO E O INDIO: https://lnk.bio/kHal
OUTROS TRABALHOS: 
https://soundcloud.com/pretoserra e 
https://soundcloud.com/user-11732823

2º Festival Rockarioca – 2023

PROGRAMAÇÃO:
Quinta-feira – 30/11/2023 –
 Compay Oliveira (aka_NINGUEM), Banda Gente e Tambellini
Sexta-feira – 01/12/2023 – Anacrônicos, Mauk & os Cadillacs Malditos e Kátia Jorgensen
Sábado – 02/12/2023 – Trash no Star, Funeral Macaco e The Dead Suns
LOCAL: Audiorebel – Rua Visconde Silva, 55, Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
INGRESSOS: No site da Sympla (aqui) ou na bilheteria da Audio Rebel.
INFO: https://audiorebel.com.br/

REDES SOCIAIS ROCKARIOCA:
FACEBOOK: https://www.facebook.com/rockarioca
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/rockarioca/
DEEZER: https://www.deezer.com/us/playlist/8307060022
SPOTIFY: https://open.spotify.com/playlist/18CFuMO7fQTKlxAkg6Jhuk?si=7e75fe80e7404d3c
DEMAIS CONTATOS: https://linktr.ee/rockarioca


MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, fotojornalista, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini.

6 respostas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Facebook

- Anúncios -

Instagram

Twitter

O feed do Twitter não está disponível no momento.

Youtube