PAUL McCARTNEY: O Paul ‘tá on! – (São Paulo 2023)

Paul McCartney toca em São Paulo por três noites com ingressos esgotados. Com pequenas surpresas no repertório, ele fechou a passagem pela terra da garoa debaixo de uma chuva torrencial. Curitiba/PR (13/12) e Rio de Janeiro/RJ (16/12) são as derradeiras datas da turnê “Got Back”, no Brasil.

 PAUL McCARTNEY: O Paul ‘tá on!

Allianz Parque – São Paulo/SP
9 e 10 de dezembro de 2023

TEXTO: Robert Moura
FOTOS: Marcos Hermes

Paul McCartney realizou três concertos da turnê “Got Back”, em São Paulo, nos dias 7, 9 e 10 de dezembro. A Rock Press esteve presente nas últimas duas datas, assim como em Brasília (30/11 LEIA AQUI) e Belo Horizonte (3 e 4/12 LEIA AQUI). As apresentações na capital paulista ocorreram no Allianz Parque com o estádio lotado apresentando um público de aproximadamente 48 mil pessoas por noite. Como planejado, o DJ Chris Holmes fez “o esquenta” dos shows discotecando seus remixes de músicas da obra de Paul McCartney, seguido pela exibição do vídeo introdutório que mostra diversos momentos da carreira do músico.

Encorpada pelo naipe de metais Hot City Horns, constituído por Mike Davis, Kenji Fenton e Paul Burton, a banda de McCartney formada por Paul “Wix” Wickens, Rusty Anderson, Brian Ray, Abe Laboriel Jr. esbanja competência e entrosamento. Afinal, lá se vão 21 anos tocando juntos, sendo esse o grupo mais longevo na carreira do beatle. A propósito, o baterista Abe parece ter melhorado do desconforto muscular no braço esquerdo, e diferente de Belo Horizonte, onde fez os dois shows tocando com apenas uma mão, usou os dois braços (embora ainda parecesse estar se poupando um pouco) nos shows de São Paulo.

Com a simpatia habitual, Paul soltou um “boa noite, manos”, seguido de pérolas como “vocês são da ‘ora’” e “o pai ‘tá on”. O setlist de sábado (09/12) foi praticamente o mesmo da segunda noite belo-horizontina, apenas com “New”, apresentada na capital paulista, substituindo “Queenie Eye”, tocada na capital mineira. Após, “Here Today” composta por Paul em homenagem ao seu “parça John” (como ele apresentou o amigo dessa vez, inserindo mais uma gíria brasileira ao seu repertório), o público começou a cantar “Give Peace A Chance”, canção de Lennon e foi acompanhando por Paul fazendo os acordes ao piano e reforçando o coro.

“Fuh You” e o medley de “You Never Give Me Your Money” e “She Came Through The Bathroom Window” parecem terem caído, definitivamente, da turnê brasileira. As duas últimas só foram tocadas em Brasília e no primeiro show em BH. A terceira e derradeira noite paulista trouxe duas surpresas, “Drive My Car” substituiu a menos conhecida “She’s A Woman” e “Day Tripper” foi tocada no bis no lugar de “Birthday” que vinha sendo variada com “I Saw Her Standing In There”. Um ótimo bônus para quem está assistindo a vários shows da turnê. Nas duas noites, a canção “Jet”, da fase Wings, foi dedicada a Denny Laine, ex-parceiro na banda que Paul montou após a separação dos Beatles, que faleceu no último dia 5.

O show de domingo (10/12), certamente, também ficará marcado pela chuva que desabou sobre São Paulo. Minutos antes da entrada de Paul no palco, começou a pingar um pouco, mas sem ir muito longe. No entanto, assim que o beatle entrou em cena, veio àquela chuva de lavar a alma. Ela não deu tréguas durante todo o espetáculo. E mesmo depois, continuou chovendo por mais de uma hora na cidade. No entanto, ela não afetou a qualidade da apresentação. Pelo contrário, talvez, até tenha servido de combustível para deixar a banda mais animada ainda, criando aquela cumplicidade com o público que não arredava pé (embora, uma pequena parte tenha saído) e seguiu vibrando durante toda a noite. Outro aspecto positivo foi fazer com que as pessoas, pelo menos da pista, utilizassem menos os celulares.

Num espetáculo no qual repertório, banda, som (sob o comando de Pablo ‘Pab’ Bothroyd), telões (com direção de Paul Becher), e a produção geral são impecáveis, não podemos deixar de citar a iluminação que não fica atrás. Com designer de LeRoy Bennet e direção e programação de Wally Lees, ela é outro show à parte com lasers e estruturas com spots que se movem ora se aproximando mais da altura da banda, ora realizando movimentos laterais. Aliás, as gotas de chuva acabaram criando um efeito paralelo com os lasers como se estes fossem purpurinas de luzes quando seus raios atravessavam por sobre a plateia.

O lado ativista de McCartney também segue firme nessa turnê, seja através da mensagem expressa no vídeo de abertura no qual ele aparece agitando uma bandeira da Ucrânia, seja ao final dos shows quando ele sobe ao palco, antes do bis, com uma bandeira do país no qual está se apresentando, enquanto o tecladista Paul Wickens carrega a bandeira do Reino Unido e o guitarrista Rusty Anderson traz a bandeira do movimento lgbtqiapn+ (no dia 10, essa missão coube ao baixista Brian Ray). E não nos esqueçamos que ele compôs “Blackbird” inspirado pelo movimento das mulheres negras norte-americanas na luta por seus direitos civis. Vegetariano desde os anos 1970, Paul também faz questão que a alimentação da equipe não contenha carne (esse que vos escreve e que se tornou vegetariano exatamente em sua última turnê no Brasil, agradece pelo buffet vegetariano oferecido na sala de imprensa). O músico encabeça o movimento “Meet Free Monday” (“Segunda-feira Sem Carne”) que realizou ações nos shows e sugere àqueles que não são vegetarianos que não comam carne pelo menos nesse dia, o que já seria uma grande colaboração.

No mais, Paul segue firme aos 81 anos de idade realizando performances incríveis de duas horas e quarenta minutos de duração. É óbvio que nessa idade, ele não tem a potência vocal dos 21, mas está muito longe de deixar a desejar como alguns querem afirmar, mesmo em canções como “Maybe I’m Amazed” ou “Helter Skelter” que são das mais exigentes do setlist. Ele poderia não cantá-las, poderia baixar os tons, mas não, ele quer fazer do jeito as sente e compôs. Se Macca aderiu à gíria “o pai ‘tá on” para brincar com a plateia brasileira, para boçais e etaristas de plantão como aqueles que questionam como Keith Richards ainda está vivo, podemos parafrasear a expressão para afirmar que “o Paul ‘tá on”!

Em tempo: A turnê “Got Back” segue com apresentações em Curitiba/PR 13/12) e Rio de Janeiro/RJ (15/12, com transmissão ao vivo pelo Disney+). A Rock Press estará no Maracanã para conferir esse reencontro histórico de Paul com o Estádio onde ele bateu o recorde de público para shows de um artista solo, em sua primeira vinda ao Brasil, em 1990. – Robert Moura.

GOT BACK Tour Brasil 2023

SERVIÇO:
13/12 – Curitiba, PR – Estádio Couto Pereira – ESGOTADO
16/12 – Rio de Janeiro, RJ – Maracanã – ESGOTADO

CURITIBA/PR
DATA: 
13 de dezembro, às 20h – (16h abertura dos portões).
LOCAL: Estádio Couto Pereira – R. Ubaldino do Amaral, 37 – Curitiba/PR
INGRESSOS: No site da Eventim: https://www.eventim.com.br/campaign/paulmccartney
Bilheteria oficial Curitiba:
Antônio Couto Pereira – 
Bilheteria 2 – Rua Amâncio Moro S/N – Sem taxa de conveniência
CLASSIFICAÇÃO: Menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais (sujeito a alteração por decisão judicial).

RIO DE JANEIRO
DATA:
 16 de dezembro, às 21h – (17h abertura dos portões).
LOCAL: Maracanã – Rua Professor Eurico Rabelo,
INGRESSOS: No site da Eventim: https://www.eventim.com.br/campaign/paulmccartney
Bilheteria oficial Rio de Janeiro
Estádio Nilton Santos – Engenhão 
– Bilheteria Norte – Rua das Oficinas, s/n – Engenho de Dentro – Sem taxa de conveniência
Na data do show: O atendimento de bilheteria será no Maracanã
CLASSIFICAÇÃO: Menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais (sujeito a alteração por decisão judicial).

ROBERT MOURA – É natural de Belo Horizonte. Doutorando em Música (UFRJ), mestre em Artes (UEMG) e bacharel em Música (UEMG). Fundador e professor da Alaúde Escola de Música. Tocou guitarra em bandas de rock na capital mineira. Atualmente, seu trabalho está focado no violão clássico e composição. Em 2021, lançou o EP digital “Ensaio Para A Morte” com a trilha sonora que compôs para a peça homônima, e em 2023 lançou os singles “A Rosa de Heitor” e “Júpiter e Marte”, compostas para a trilha da peça “Heitor”. Depois de pensar que não veria um show ao vivo de Paul McCartney, já assistiu a quatorze apresentações do artista, e dessa vez, está cobrindo pela Rock Press a passagem do beatle em cinco cidades do Brasil.

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