Depois de passar por Brasília, Paul McCartney apresentou a turnê “Got Back” por duas noites, em Belo Horizonte. Os shows seguem numa crescente com cada apresentação superando a performance anterior. São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro são as próximas paradas do artista.
PAUL McCARTNEY:
Macca voltou para falar “uai”!
Arena MRV – Belo Horizonte/MG
Dias 03 e 04 de dezembro de 2023
TEXTO: Robert Moura
FOTOS: Marcos Hermes
O primeiro show de Paul McCartney com a turnê “Got Back”, em Belo Horizonte, começou com um atraso atípico. Agendado para as 20h, o músico inglês entrou no palco pouco depois das 21h. Estranho também foi o fato de não ter a tradicional abertura com o DJ Chris Holmes e não ser exibido o vídeo que antecipa o início da apresentação. Um dos prováveis motivos pode ter sido um fato detectado durante o show. O baterista Abe estava com a mão esquerda enfaixada e tocou apenas com a direita durante toda a noite o que pode ter rendido cuidados médicos pouco tempo antes do concerto, gerando o atraso. Outra explicação possível é que o ex-beatle teria conhecido o trânsito de BH e ficou “agarrado” num engarrafamento. E, ainda, parece ter havido problemas com o sistema de som (o que explicaria a ausência do DJ e do vídeo introdutório), uma vez que o mesmo só foi ligado minutos antes da entrada da banda no palco, primeiro em volume mais baixo e algum tempo depois em sua plenitude.
De acordo com a produção, a Arena recebeu um público de 42 mil pessoas para a data que estava com ingressos esgotados. A capital mineira mostrou mais uma vez ser uma cidade com vocação para o rock agitando durante todo o show com uma energia que certamente alcançou a banda que fez uma performance ainda melhor do que em Brasília. A convite da produção, Milton Nascimento marcou presença como convidado VIP (nesse caso, a expressão “very important person”, realmente é aplicável) nas duas apresentações em Minas Gerais.
Dessa vez, Paul (voz, baixo, guitarra, violão, piano, ukulele e bandolim) trajou um blazer azul com lapela “à la Beatles”, calça e colete pretos e uma camisa branca na companhia dos músicos Abe Laboriel Jr. (bateria, percussão e backing vocals), Rusty Anderson (guitarra, violão e backing vocals), Brian Ray (baixo, guitarra, violão e backing vocals) e Paul “Wix” Wickens (teclados, acordeom, gaita, violão, percussão e direção musical), incluindo um naipe de metais constituído por Mike Davis (trompete), Kenji Fenton (saxofone) e Paul Burton (trombone). Além da competência habitual, o baterista Abe acabou se destacando mais na noite pelo fato de ter tocado apenas com a mão direita. Com algum provável desconforto muscular não anunciado, essa foi uma forma dele se poupar. No dia seguinte, ele repetiria a performance tocando, novamente, sem utilizar a mão esquerda, exceto em um determinado momento que tocou com um pad eletrônico no qual utilizava apenas a ponta de um dos dedos levemente.
Logo em sua primeira fala, Macca, após o “boa noitchê”, afirmou que ele tinha vindo falar “uai”. Essa é uma resposta ao movimento “Paul vem falar uai”, iniciado na década passada, que reivindicava uma vinda do músico à capital mineira. Desde então, essa foi a terceira vez que ele se apresentou em BH. O setlist foi exatamente o mesmo apresentado em Brasília (LEIA AQUI). A estrutura do show conta com telões de alta definição que, além de mostrar os músicos no palco, exibe em determinados momentos vídeos exclusivos da turnê ou clipes oficiais de Paul. Durante “My Valentine” é exibido o seu videoclipe oficial que conta com as participações de Natalie Portman e Johnny Depp fazendo interpretação de libras. O mesmo ocorre com o clipe de “Fuh You” durante a canção. Podemos destacar os vídeos de “Let ‘Em In” que mostra bandas marciais de diversos locais do mundo. O mesmo acontecendo com “Lady Madonna” que homenageia mulheres de diferentes etnias. “Blackbird” com pássaros sendo projetados no telão do elevador que deixa Paul num plano bem superior à altura normal do palco. Nunca é demais lembrar que Paul escreveu essa canção em apoio ao movimento das mulheres negras norte-americanas por seus direitos civis nos anos 1960. “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise)” e “Helter Skelter” têm projeções, igualmente, marcantes. A primeira baseada numa animação com a capa do disco homônimo e a segunda com imagens de um túnel em alta velocidade que cria a sensação de que o palco está sendo engolido pela tela. Mas, os dois momentos mais comoventes rendidos pelas projeções ocorrem em “Something” quando George Harrison aparece numa sequência de fotos ao lado dos Beatles e “I’ve Got A Feeling” com um vídeo de John Lennon extraído do “Rooftop Concert” (última aparição do quarteto de Liverpool tocando ao vivo no telhado da sede da Apple) surgindo para fazer o dueto virtual com o Paul.
Na segunda noite belo-horizontina da “Got Back Tour”, para um público de 40 mil pessoas, Paul variou levemente o repertório. A propósito, essa tem sido a turnê em que ele menos tem mexido no setlist. Na abertura, “A Hard Day’s Night” (que ele havia tocado no Clube do Choro, em Brasília) substituiu “Can’t Buy Me Love”, “New” deu lugar à “Queenie Eye” e “I Saw Her Standing There” foi tocada no bis ao invés de “Birthday”. Já o medley que une “You Never Give Me Your Money” e “She Came Through The Bathroom Window” não foi apresentado nesse dia.
Nas duas noites, Paul brincou com o “idioma mineirês” dizendo expressões como “tá bão, véi”, “trem bão”. Se na primeira noite ele disse que ia falar “um pouco de português, um pouquinho”, na segunda, ele mandou um “só um cadinho” que foi realmente inesperado e, por isso, hilário. Colocando a simpatia e as brincadeiras de McCartney de lado, foi impressionante ver a sequência de três shows no qual o seguinte sempre conseguiu superar o anterior. Pode-se considerar o fato da banda ter “esquentado”, mas também deve passar muito pela resposta e energia do público. E, no final, é inevitável não eleger Abe Laboriel Jr. como o “craque do jogo”, após a rápida adaptação de fazer os dois shows tocando a bateria apenas com uma mão.
Denny Laine
Ainda: Não podemos deixar de registrar que nessa terça-feira (05/12), dia seguinte aos shows, Denny Laine, ex-parceiro de Paul nos Wings nos deixou aos 79 anos. O músico inglês faleceu devido a uma doença pulmonar intersticial. No ano passado, ele precisou passar por cirurgias pulmonares, após ter contraído COVID-19. Antes de integrar os Wings ao lado de Paul, Denny formou a banda Moody Blues que fez sucesso ainda nos anos 1960, e inclusive, abriu shows para os Beatles, ocasião em que os dois se conheceram. Além de Paul e Linda McCartney, Laine foi o único músico a participar dos Wings em todas as suas formações, sendo peça fundamental da banda, seja tocando baixo, guitarra, teclados e percussão ou fazendo backing vocals e voz principal em algumas canções. Além de assinar sozinho a canção “Time To Hide”, ele escreveu algumas composições em parceira com Paul para os Wings como “No Words”, “London Town”, “Again and Again and Again” e “Mull Of Kintyre” que lançada como single, em 1977, alcançou o primeiro lugar das paradas dos EUA e do Reino Unido (onde se tornou o single mais vendido até então ao ultrapassar os dois milhões de cópias). Vale observar que na “Got Back”, assim como na turnê anterior, “Freshen Up”, Paul tem prestigiado bastante o repertórios dos Wings.
Em tempo: A próxima parada da Rock Press é em São Paulo, estaremos cobrindo os shows dos dias 9 e 10/12, mas vale lembrar que antes tem show dia 7 na capital paulista. Todas as datas estão com ingressos esgotados. – Robert Moura.
GOT BACK Tour Brasil 2023
SERVIÇO:
07/12 – São Paulo, SP – Allianz Parque – ESGOTADO
09/12 – São Paulo, SP – Allianz Parque – ESGOTADO
10/12 – São Paulo, SP – Allianz Parque – ESGOTADO
13/12 – Curitiba, PR – Estádio Couto Pereira – ESGOTADO
16/12 – Rio de Janeiro, RJ – Maracanã – ESGOTADO
SÃO PAULO
DATA: 07, 09 e 10 de dezembro, às 20h – (16h abertura dos portões).
LOCAL: Allianz Parque – Rua Palestra Itália, 200 – SP/SP
INGRESSOS: No site da Eventim: https://www.eventim.com.br/campaign/paulmccartney
Bilheteria oficial São Paulo: Allianz Parque – Portão B – Av. Francisco Matarazzo, 1705 – Água Branca – Sem taxa de conveniência
CLASSIFICAÇÃO: Menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais (sujeito a alteração por decisão judicial).
CURITIBA/PR
DATA: 13 de dezembro, às 20h – (16h abertura dos portões).
LOCAL: Estádio Couto Pereira – R. Ubaldino do Amaral, 37 – Curitiba/PR
INGRESSOS: No site da Eventim: https://www.eventim.com.br/campaign/paulmccartney
Bilheteria oficial Curitiba:
Antônio Couto Pereira – Bilheteria 2 – Rua Amâncio Moro S/N – Sem taxa de conveniência
CLASSIFICAÇÃO: Menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais (sujeito a alteração por decisão judicial).
RIO DE JANEIRO
DATA: 16 de dezembro, às 21h – (17h abertura dos portões).
LOCAL: Maracanã – Rua Professor Eurico Rabelo,
INGRESSOS: No site da Eventim: https://www.eventim.com.br/campaign/paulmccartney
Bilheteria oficial Rio de Janeiro
Estádio Nilton Santos – Engenhão – Bilheteria Norte – Rua das Oficinas, s/n – Engenho de Dentro – Sem taxa de conveniência
Na data do show: O atendimento de bilheteria será no Maracanã
CLASSIFICAÇÃO: Menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais (sujeito a alteração por decisão judicial).
ROBERT MOURA – É natural de Belo Horizonte. Doutorando em Música (UFRJ), mestre em Artes (UEMG) e bacharel em Música (UEMG). Fundador e professor da Alaúde Escola de Música. Tocou guitarra em bandas de rock na capital mineira. Atualmente, seu trabalho está focado no violão clássico e composição. Em 2021, lançou o EP digital “Ensaio Para A Morte” com a trilha sonora que compôs para a peça homônima, e em 2023 lançou os singles “A Rosa de Heitor” e “Júpiter e Marte”, compostas para a trilha da peça “Heitor”. Depois de pensar que não veria um show ao vivo de Paul McCartney, já assistiu a doze apresentações do artista, e dessa vez, está cobrindo pela Rock Press a passagem do beatle em cinco cidades do Brasil.
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