CAVALERA: A importância dos álbuns Bestial Devastation e Morbid Visions”

O universo do heavy foi surpreendido pela notícia de que os irmãos Cavalera decidiram regravar o EP Bestial Devastation (1985) e o LP Morbid Visions (1986), álbuns de estreia do Sepultura. Dessa vez, sob o nome de Cavalera, os irmãos Max e Iggor vem revisitando os discos da fase clássica do Sepultura em suas últimas turnês e agora, decidiram voltar as suas origens, dedicando um acabamento melhor a esses trabalhos. Revisitamos na Coluna Discão da Rock Press, as obras originais lançadas nos anos 1980 e foram o ponto de partida rumo ao estrelato mundial e comentaremos as regravações.

TEXTO: Eduardo Martins e Michael Meneses
FOTO: Jim Louvau

IMAGENS: Divulgação

O contexto geopolítico e social de 1985 e 1986 foram destacados na matéria sobre o thrash metal em 1986 (LEIA AQUI). No Brasil, a ditadura terminava em janeiro de 85, no mesmo mês do primeiro Rock in Rio. O evento ajudou a expor para o país inteiro uma legião de moleques cabeludos, vestidos de preto que já se encontravam em bares, galerias e formavam suas bandas. Por outro lado, mostrou ao mundo que era possível um mercado consumidor de rock na América do Sul. Naquele momento, o heavy metal já era um gênero consolidado no exterior e, através da “tape trade” – a famosa troca mundial de fitas-demos e zines pelos correios – o underground se tornava o lugar de concepção de inúmeros subgêneros.

Ainda que os fatos ocorridos no Brasil trouxessem esperança, a coisa não era tão colorida assim: a censura continuava – só terminaria em 1987 –, a violência policial também, o país não conseguia se livrar de uma crise econômica que se arrastava há anos e fazer/consumir heavy metal era uma tarefa de fazer inveja a Hércules. Mesmo assim, toda a dificuldade parece ter inspirado tanto o surgimento do Sepultura quanto a criação dos dois primeiros registros.

O “Bestial Devastation” (nova capa ao lado), na verdade fazia parte de um split com o Overdose, o “Século XX” e foi o primeiro lançamento da Cogumelo Records, loja que virou ponto de encontro em Belo Horizonte/MG e que foi fundamental para difusão do estilo no Brasil. O lado do Sepultura tinha o claro objetivo de afrontar a pacata e católica sociedade mineira, o que de fato conseguiram: desenhada na base do “faça você mesmo”, trazia um diabo torto “obsediando” uma igreja que mais parece a versão tosca de Notre Dame. Há outros detalhes interessantes: a fileira de “mortes” caminhando no canto inferior esquerdo e a cena da crucificação no lado oposto. A ideia de escrachar com tudo não ficou apenas no desenho: a sonoridade e as letras também seguiam a mesma intenção de escandalizar quem se deparava com a bolacha.

Após a tosca introdução, ríspidas viradas de bateria entre acordes largados, anunciam a trilha sonora perfeita para tempos sombrios. O Sepultura com a faixa título “Bestial Devastation” mostrava ao cenário a estrutura musical que serviria de modelo para o death e o black metal dali em diante: clima apocalíptico, riffs “trinca dentes” repletos de ódio, baseadas em fragmentos das escalas diminutas e cromáticas, despejadas em raivosas semicolcheias, interlúdios arrastados numa explícita referência ao Black Sabbath, predominância de baterias numa velocidade absurda, letras de cunho satanista e, principalmente, o vocal gutural. A segunda faixa, “Antichrist”, esboçava a “metranca” – criação brasileira diga-se de passagem – alternando com “d-beats” do hardcore e interlúdios “sabáticos”. Todo o EP gira em torno dessa mesma estrutura que, apesar de ter sido descrita anteriormente através da teoria musical, é necessário afirmar que ela foi concebida de modo completamente intuitivo. Afinal, eram garotos entre 16 e 20 anos sem nenhuma experiência de gravação, com instrumentos emprestados e técnicos que não tinham a menor noção do que era gravar esse tipo de som no Brasil em 1985. O baterista, Iggor Cavalera, comentou sobre essas gravações: “Sempre senti que as gravações de nossos trabalhos anteriores não faziam justiça à maneira como tocávamos as músicas. Então, este é um momento muito especial em nossas vidas e estamos muito orgulhosos de mostrar a vocês, fãs, nossa verdadeira representação dos discos incríveis Bestial Devastation & Morbid Visions com uma identidade visual insana…”

As mineiras Sepultura, Oversose, Mutilator e a banda carioca Dorsal Atlântica – Cartaz do show de lançamento do split em
Belo Horizonte/MG!

Analisando em retrospecto e comparando os lançamentos da época, na intenção de compreender o “zeitgeist” underground, os lançamentos mais extremos até então eram o EP “In the Sign of Evil” do Sodom (1984), “Hell Awaits” do Slayer (1985) e aquele que é considerado para muitos o “marco zero” do death metal, o disco “Seven Churches” do Possessed, justo o disco que mais se aproxima do “Bestial Devastation”, tanto pela sonoridade quanto pelo ineditismo do vocal gutural. Contudo, o Sepultura trazia uma brutalidade jamais vista até o momento.

Por mais que os compositores tenham afirmado ao longo dos anos que suas influências para compor o “Bestial Devastation” tenham sido Venom, Hellhammer/Celtic Frost, Mercyful Fate, Discharge, bandas undergrounds do hardcore europeu ou até mesmo o Slayer e o Possessed – este por conta da “tape trade” –, não é nenhum exagero afirmar que o EP estava à frente do tempo, por mais primitivo que fosse. Podemos tranquilamente apontá-lo como um marco no surgimento do death metal, assim como mencionar o Sepultura um dos responsáveis pelo estilo. Só não foi pioneiro de fato por um detalhe: “Seven Churches” foi lançado em outubro e o “Bestial Devastation”, em dezembro de 85.

No ano seguinte, a cena de Belo Horizonte/MG crescia de forma contundente. A loja Cogumelo se tornaria uma gravadora fundamental naquele momento, ao lançar em novembro os discos “Warfare Noise”, uma compilação com Holocausto, Chakal, Mutilator e Sarcófago, e o “Morbid Visions”, o debut do Sepultura, que saía na frente ao ser a primeira a lançar um álbum.

Todos os elementos do EP “Bestial Devastation” também estão presentes em “Morbid Visions” (nova capa ao lado), de forma mais ampla. Apesar da continuidade, é notável uma pequena evolução de um lançamento para outro. Outro fator que jogou a favor da banda foi o fato de ter encarado um estúdio de gravação, vários shows e tempo para escrever mais músicas, que estavam maiores, mais desenvolvidas e trazia um Iggor Cavalera prestes a escrever o seu nome entre os bateristas de heavy metal. A arte da capa estava bem mais elaborada sem perder o espírito de afronta: a cena da crucificação no inferno, com um diabo – ele de novo! – abraçando Jesus Cristo. Vale ressaltar aqui uma curiosidade: a versão original em vinil lançada pela Cogumelo Records, trazia a intro e a outro – assustadora! – de Carmina Burana, o que não consta nos CDs.

Ao revisitá-lo hoje em dia, duas impressões ficam claras. A primeira, partindo do princípio de quem não presenciou os lançamentos – eu tinha 4 anos de idade em 1986 – corrobora com a opinião de quem testemunhou o surgimento da banda: o Sepultura estava à frente do tempo e trazia uma carga descomunal de raiva, agressividade, rispidez e uma afronta típica da juventude, que quer zoar o plantel e chutar o pau da barraca. A segunda tem a ver com a identidade: é fácil apontar diversos elementos em “Morbid Visions” que evoluíram em lançamentos posteriores e construíram a identidade de todos os envolvidos na concepção do disco, seja no Sepultura, no Soulfly, e no Cavalera, responsável pela repaginação destes dois clássicos. A faixa “Troops of Doom” até hoje é presente no setlist e batiza a banda atual de Jairo Guedes, um dos mentores daqueles tempos.

Conheci o Sepultura de “trás pra frente”, na fase do Chaos A.D, quando eles já eram gigantes. Era teenager e comecei a procurar pelos lançamentos anteriores até matar “dois coelhos” numa paulada só, anos depois. Para a molecada vai uma informação: era a época pré-internet então ou você corria para cacete atrás das coisas nas lojas de rock, entre amigos, comprava revistas ou aguardava ao programa “Fúria” na MTV-Brasil e que anos antes se chamava Fúria Metal. Namorava uma garota em Duque de Caxias/RJ que tinha em CD o “Schizophrenia” e o “Morbid Visions” junto com o “Bestial Devastation”. Ela me apresentou outras “podreras” já que tinha uma coleção bacana de death metal. Admito que logo de cara me apeguei ao “Schizophrenia” e estranhei a dupla “Morbid/Bestial” por achar muito tosco. Só fui de fato virar fã desses dois primeiros lançamentos alguns anos depois, quando tive a oportunidade de ter o “Morbid Visions” em vinil e dissecá-lo com calma. Consequentemente, cheguei ao “Bestial” pronto e sedento por toda aquela aura primitiva – tosca sim e daí? – que mais parecia um túnel do tempo. Aí vai uma curiosidade: minha cópia tinha na contracapa a singela mensagem da censura brasileira que dizia “terminantemente proibida a radiofusão das faixas…”. Infelizmente não consigo lembrar exatamente quais eram as três faixas censuradas, pois não tenho mais o disco, mas suspeito que “Troops of Doom” era uma delas. É inevitável não ser infectado pela nostalgia ao revisitar esses lançamentos. Independentemente da idade que você tenha, são discos marcantes na juventude, formadores de heavys aficionados pelo lado mais brutal do heavy metal.

O mais legal de tudo é saber que aquela molecada escrevia páginas importantes para Brasil e para mundo sem ter a mínima noção, já que o espírito era apenas de tocar, afrontar, perturbar, se divertir, quebrar limites, despejar raiva e azucrinar tudo que tiver pela frente.

As novas versões…

Essas edições Bestial Devastation e do Morbid Visions tem previsão de lançamento no dia 14 de julho pela Nuclear Blast Records, porém já foi liberado a regravação de “Morbid Visions” (confira!). Os discos, estarão disponíveis digitalmente, nas versões físicas, e ambos com faixas exclusivas. O EP Bestial Devastation, ganhou a inédita “Sexta Feira 13”, e estará disponível nos formatos; CD, Fita K7 vermelha em edição limitada com apenas 300 unidades, e em disco de vinil nas cores: Laranja misturado branco e preto corona (pré-venda/pré-salve aqui). Já o álbum Morbid Visions, traz a também inédita “Burn The Dead” e estará disponível em: CD, Fita K7 vermelha (também com 300 copias), e em vinil nas versões: Vermelho, preto com manchado branco e vermelho com preto corona. (pré-venda/pré-salve disponível aqui!).

Morbid Visions e Bestial Devastation foram regravados no estúdio The Platinum Underground e contaram com produção de Max Cavalera e Iggor Cavalera, teve como engenheiro de som John Aquilino, mixagem e masterização por Arthur Rizk e Eliran Kantor assinou a arte das capas dos álbuns. O fundador do Sepultura, Max Cavalera, falou por meio de sua assessoria de imprensa essas faixas inéditas: “À medida que ficamos mais pesados ano após ano, às vezes você precisa voltar para onde tudo começou! Nós regravamos Bestial Devastation e Morbid Visions com o incrível som do AGORA, mas com seu espírito cru e atemporal. A obra de arte reflete os tempos em que estamos vivendo agora…. Apocalíptico como o inferno! Temos também duas novas faixas com riffs daquela época, que lembramos de cor.”

Para promover esses lançamentos, o Cavalera fará uma tour que terá início em 29 de agosto, intitulada de “Morbid Devastation Tour”, serão 40 apresentações, começando por Albuquerque (EUA) e prevista para terminar no dia 18 de outubro em Los Angeles. As bandas Exhumed e Incite farão os shows de abertura. Veja as datas confirmadas abaixo e se estiver em alguma dessas cidades, os ingressos, já estão disponíveis acesse o link. Por enquanto, não há datas no Brasil e nem na América do Sul, mas vale esperar, pois acreditamos que cedo ou tarde essa tour chegará por aqui!– Eduardo Martins e Michael Meneses.

Depoimentos de músicos, fãs, produtores e velhos amigos dos irmãos Cavalera…

Otto “Taurus” Luotonen – Banda Forca Macabra – Finlândia –  Morbid Visions deve ter sido o primeiro álbum de metal brasileiro que ouvi. O título e a arte da capa prometiam algo sinistro, o que foi o caso. À medida que o álbum começa com uma surra frenética e sombria, alguns elementos se destacam imediatamente: as guitarras soam incrivelmente nítidas e a leve dissonância dá a elas um caráter sinistro que sublinha a natureza atormentadora das composições. O guitarrista principal Jairo Tormentor realmente faz jus ao seu nome. Os vocais de Max, mesmo que alguém consiga entender algumas palavras do que ele está cantando, soam totalmente malignos e blasfemos, como se ele estivesse tendo convulsões e vomitando dentro de uma tumba. O som de bateria de Iggor é algo diferente em comparação aos padrões de metal de hoje com muita nitidez. A bateria está sempre conduzindo com intensidade, e o andamento muda nas partes rápidas das músicas, as viradas e som oco da caixa dão muita personalidade, o que é fundamental neste álbum. Como as 8 músicas soam muito parecidas umas com as outras, são a dose ideal de caos total para digerir de uma vez. Os anos provaram que este trabalho continua sendo o disco do Sepultura mais ouvido e, antes de tudo, é uma importante manifestação da época em que os estilos extremos do metal estavam se moldando. Você tocou com o equipamento que conseguiu, reservou o estúdio que pôde pagar e esperou que o engenheiro tivesse pelo menos uma ideia do que você estava tentando fazer. Uma vez feito você tinha que conviver com os resultados, sem as infinitas possibilidades de correções que a tecnologia computadorizada de hoje permite. Sem dúvida, o Morbid Visions estava longe de ser um produto de metal perfeito, mas sua paixão, brutalidade e a atitude implacável que transparece, o torna um dos pilares altamente influentes da formação do metal extremo.

Tulio Bambino – (Baterista da banda Extermínio, produtor audiovisual – Teresópolis/RJ) A Meca do metal tijucano era na galeria do lado das lojas do Lemann, melhor fazer marketing da Meirinho que ainda existe por lá, até hoje. Na época existiam muitas lojas de Vinil, Gabriela Discos, Subsom, Fonit e o core maldito no fundão da galeria: a Heavy. Ali se reuniam os bacanas do papai do chão, posers, chicks e tantos outros esquisitos. Ali, desenrolei muitas amizades, combinamos idas ao Caverna 2 e seu salão de power metal, conheci e escutei demo tapes do Death, Destruction, Kreator e entre tantos o show de lançamento do Bestial Devastation com abertura do Mutilator com Silvio SDN trocando de voz. Meados dos anos 80 era point com cartão de ponto da moçada. Nessa época o Sepultura tocou no Caverna e no Carioca do Jardim Botânico, emprestei algumas peças de bateria para essas gigs, tendo o nome da minha banda eternizadas em agradecimentos em duas capas do Sepultura: Schizophrenia e Beneath the Remains.

Adelvan Kenobi – (Fanzineiro e Ex-apresentador do Programa de Rock – Aracaju/SE) Lia sobre o Sepultura na Revista Rock Brigade por volta de 1986/87, quando estava começando a me aprofundar no conhecimento sobre esse tal de rock and roll. Na época quase tudo me soava novo e fascinante, mas já dava para sentir, apesar da tosquice tanto da gravação quanto da execução – tosquice que fica mais evidente quando ouvimos hoje em dia, na época nem tanto – dava para sentir que aquela era uma banda com um potencial diferenciado para o futuro. Essa percepção se confirmou com o salto evolutivo do Schizophrenia e com tudo o que aconteceu depois. Ouvi novamente os dois primeiros discos mais recentemente, antes de saber da regravação, e curti. Envelheceu bem, a meu ver. Deu para entender porque já na época prometia tanto.

Marco Anvito – (baixista/vocal Hicsos – RJ/RJ) Bestial Devastation para mim foi uma virada de chave nas bandas que ouvia na época. Aquele disco com Overdose junto é foda. Músicas pesadíssimas e super agressivas. Morbid Vision me mostrou que aqui no Brasil as bandas não ficam devendo nada para as gringas. Sepultura abriu as portas para o Mundo olhar para cá.

Leonardo Cunha – (Canal Underground Forces – Belo Horizonte/MG) Tomei conhecimento do Sepultura ainda nos longínquos anos 1980, através da resenha de seu álbum de estreia, o split Bestial Devastation, na saudosa Revista Metal (A qual tenho aqui até hoje). O texto, detonava o lançamento dos irmãos Cavalera. Confesso que aquela resenha me deixou instigado e fui atras do referido split e o trouxe de uma viagem a Juiz de Fora/MG na também saudosa Equinox Discos. O Split traz 4 faixas e uma intro trazendo um Death Metal primitivo, cru mais com uma energia monstruosa que me cativou desde o primeiro riff . Um ano depois consigo uma cópia de Morbid Visions, onde notei uma evolução no som deles, mas ainda mantendo temática satânicas nas letras e clássicos atemporais. Apesar da gravação ser suja e embolada, confesso que gosto dela, afinal essa sujeira em seu som e que deu esse status de grandeza ao Metal Nacional. São dois clássicos indiscutíveis da música extrema, que jamais soam datados e são referências no Brasil e no exterior fazendo os gringos se renderem ao Metal Brasileiro.

Jonathan Cruz – (Banda LAC e Loja Vista Rock Wear – RJ/RJ) No meu primeiro contato, tive sensação de raiva e obscuridade ao mesmo tempo. Acho que de cara, consegui de alguma forma receber a mensagem sem muitos rodeios, afinal, a sinceridade contidas nesses álbuns são acima da média e por isso, os considero um “Mata Leão” do Metal. Até hoje quando ouço esses álbuns me remetem a uma sensação ímpar.

Michael Meneses – (Editor @Portal Rock Press – Criador do Selo Cultural Parayba Records, fotografo, cineasta e maluco de carteirinha – RJ/RJ) Era por volta de 1986/87 quando estava no cruzamento da rua Arnaldo Dantas com Japaratuba, no bairro do Santo Antônio em Aracaju/SE, na companhia dos amigos Augusto Cesar, Marcio Henrique e Joãozinho Jr., quando o vinil do Bestial chegou em minhas mãos, tempos depois, ouvir esses disco em fitas k7 que continuam outras bandas contemporâneas da época, incluindo o Overdose, Taurus, Vulcano. Ouvi essas fitas era a forma como compartilhávamos música naqueles tempos. Passados, 10 anos e já morando aqui no Rio de Janeiro e trabalhando na cobertura jornalística da CD-Expo/RJ-1997 pelo Jornal Zona Oeste/RJ e acompanhado da minha irmã, comprei esses discos em CDs diretamente das mãos do João Augusto no Stand da Cogumelo Rec. E de quebra ainda levei o Schizophenia (também do Sepultura) e o Rotomusic de Liquidificapum do Pato-Fu. Tenho todos eles até hoje em minha coleção e a versão original de época do Bestial Devastation que ganhei há alguns anos de um amigo de Marechal Hermes/RJ. Acho que ambos os discos são marcos da música pesada e do rock nacional como um todo, independente de estilos. Inspiradores, retratos de uma época cheia de romantismo e desbravamento na cena heavy brasileira.

Deborah Sztajnberg – (Vocalista e tecladista da banda Hexwyfe, advogada, professora e produtora – RJ/RJ) – Lembro bem do Sepultura, aqui no Rio de Janeiro, tinha o Metalmorphose, Dorsal Atlântica, Azul Limão, Agua Brava…, e acho que foi o Carlos (Vândalo) Lopes que me mostrou esses, então meninos de Minas Gerais e que tinham um visual meio Motorhead fazendo um som mega rápido. Teve um fato curioso que foi no show do Sepultura e que ocorreu no Carioca Clube no Jardim Botânico na Zona Sul do Rio de Janeiro. O clube ficava localizado há uns dois quarteirões da casa da minha mãe, eu fui a show a pé, vestida a caráter e as pessoas me olhavam e diziam “Meu Deus é o Demônio em pessoa”, e ao chegar no Carioca Clube tinha umas faixas de divulgação dos bailes funks, um rescaldo do final de semana. Sou polonesa e sempre viajo a trabalho ao exterior, lembro que certa vez eu estava nos EUA e ouvir pela primeira vez no rádio aquela frase clássica: “This is Sepultura from Brazil!”, pensei está sonambula, sonhado… Poxa, os caras chegaram até aqui!? Claro, isso foi lá no início e quando a música começou a tocar eu reconheci as gravações. Sobre a regravações dos dois primeiros álbuns, tem músicologicamente dois aspectos muito legais, primeiro porque apresenta a obra para as novas gerações, eu estava lá quando tudo começou, mas a garotada jovem não estava. Então, ao mesmo tempo em que você dará oportunidade para a garotada de conhecer a obra, você tem um outro movimento músicologicamente também, que é uma oportunidade muito válida para eles de regravarem essas fonogramas agora com uma nova ótica, depois de toda uma carreira. Fazer essas releituras é algo muito valido.

Cristiano Dias – (Banda Quintessente – RJ/RJ) – Tenho uma banda uma outra banda tributo ao Max Cavalera, levamos clássicos do Sepultura, Soulfly e Nailbomb. Eu, como um fã da banda estou muito feliz com essas regravações, posso dizer que os irmãos Cavalera foram membros fundamentais do Sepultura, sendo responsáveis ??por grande parte do som e da energia da banda nos primeiros discos. Muitas pessoas consideram os primeiros discos do Sepultura, como clássicos do metal e é inegável que a contribuição dos Cavalera foram fundamentais para o sucesso da banda na época e para a consolidação do cenário do metal brasileiro e no mundo. Esses dois discos são clássicos para qualquer geração que ouça o Sepultura hoje em dia conheça, já que vão estar com os membros fundadores da banda e essa molecada vai saber de verdade quem foi, o Iggor e Max Cavalera, para o mundo do metal nacional e mundial.

Paulo Sisinno – (Ex-produtor e programador da Rádio Fluminense-FM, ex-editor da Revista Metal – Niterói/RJ). – No começo da década de 1980 eu trabalhava como produtor e programador na Fluminense FM, em Niterói (RJ), rádio que se tornou bastante conhecida como a “Maldita”, por ser a única a tocar rock no Rio de Janeiro naquela época. Na equipe de produção e programação da rádio, eu era o único conhecedor de Rock Pesado e quando o coordenador de programação da rádio, Luiz Antônio Mello, decidiu criar um programa exclusivo ao som pesado (Heavy Metal, Punk Rock e Hardcore), fui o escolhido para produzir o programa, inicialmente chamado de “Guitarras Para o Povo” (posteriormente reduzido somente para “Guitarras”). Neste programa, lancei todos os álbuns e artistas de Heavy Metal e Punk Rock que estavam surgindo no início dos anos 1980, seja no Brasil ou no exterior. Assim, fui o primeiro a tocar nas ondas do rádio aqui no RJ, e provavelmente no Brasil. os álbuns de estreia de grupos como Dorsal Atlântica e Sepultura. Sem dúvida, a primeira execução de uma música do Sepultura em rádio aqui no Rio foi no Guitarras. Assim que recebi o álbum “split” com Overdose e Sepultura, da gravadora Cogumelo, toquei “Bestial Devastation” no programa. Também fui o primeiro a entrevistar membros do grupo (Max e Jairo) quando eles vieram fazer seu primeiro show aqui no Rio, no extinto e lendário Caverna. Na época (1986/87), também trabalhava na Revista Metal, especializada em Heavy Rock, como redator e editor. Assim, publiquei na Metal a entrevista e na rádio toquei o áudio da mesma. No Guitarras também toquei faixas dos discos “Morbid Visions” e do “Schizophrenia”, quando estes foram lançados, sendo o primeiro a dar a notícia de que o Sepultura iria abrir o show do Venom e do Exciter aqui no Brasil em dezembro de 1986. Em 1988 eu saí da Maldita FM e da revista Metal, então acompanhei a carreira (e a ascensão ao estrelato internacional) do Sepultura apenas como fã da banda. Mas fico feliz ao lembrar que fui uma das pessoas que deu força para este grande grupo do Heavy Metal nacional ser bem-sucedido quando eles ainda eram praticamente desconhecidos.

MORBID DEVASTATION TOUR – Datas confirmadas:

8/29 Albuquerque, NM – Revel
8/31 Oklahoma City, OK – Diamond Ballroom
9/1 Dallas, TX = Granada Theater
9/2 New Orleans, LA – House of Blues
9/3 Birmingham, AL – Saturn
9/5 Covington, KY – Madison Theatre
9/6 Knoxville, TN – The Concourse
9/7 Danville, VA – Blue Ridge Rock Fest
9/8 Columbus, OH – The KING of CLUBS
9/9 Cave-In-Rock, IL – Full Terror Open Air
9/10 St. Louis, MO – Delmar Hall
9/12 Grand Junction, CO – Mesa Theater
9/14 Tucson, AZ – Rialto Theatre 
9/15 Tempe, AZ – The Marquee
9/16 Santa Ana, CA – The Observatory
9/18 El Paso, TX – RockHouse Bar & Grill
9/19 San Antonio, TX – Aztec Theatre
9/20 Houston, TX – House of Blues
9/21 Pensacola, FL – Vinyl Music Hall
9/22 Orlando, FL – Beacham Theater
9/23 Atlanta, GA – Terminal West
9/25 Baltimore, MD – Baltimore Soundstage 
9/26 Sayreville, NJ – Starland Ballroom
9/27 New York, NY – Irving Plaza
9/28 Boston, MA – Paradise Rock Club
9/29 Reading, PA – Reverb
9/30 Pittsburgh, PA – Mr. Smalls Theatre
10/1 Milwaukee, WI – Turner Hall Ballroom
10/2 Minneapolis, MN – Fine Line
10/5 Des Moines, IA – Wooly’s
10/6 Omaha, NE – Waiting Room
10/7 Denver, CO – Oriental Theater
10/8 Salt Lake City, UT – The Complex
10/10 Seattle, WA – The Crocodile
10/11 Boise, ID – Treefort Music Hall
10/12 Portland, OR – Crystal Ballroom
10/14 Sacramento, CA – Ace of Spades
10/15 San Francisco, CA – Great American Music Hall
10/17 Las Vegas, NV – House of Blues
10/18 Los Angeles, CA – The Wiltern.

Eduardo “Dudu” Martins – filho do Méier, pai da Isabel, jornalista, editor audiovisual, historiador, vascaíno relapso, suburbano incorrigível, devoto de Nelson Rodrigues, aficionado por literatura, butecos, “xumiau”, futebol alternativo, e que sonha em ver o Bangu ou o Madureira sendo campeão. Estudante de música flamenca, líder do @sovietcanibal e baixista da @forkillofficial.


MICHAEL MENESES
 –
 É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, fotojornalista, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza
... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini.

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