BIKINI KILL: Banda pioneira do Riot Grrrl, vem pela primeira vez ao Brasil e na América Latina!

O quarteto punk feminista Bikini Kill faz dois shows na Audio SP (dias 5 e 14 de março), com a expectativa de um repertório de hinos como, “Rebel Girl” e outros, que seguem inspirando várias pessoas a se envolverem com ativismo rock e feminista. Os ingressos já estão esgotados (para primeira data) e a iniciativa é da Associação Cultural Cecília e da DaTerra Produções. A tour do Bikini Kill na América Latina, incluem shows no México, Chile, Argentina e Peru. Saiba mais na matéria que segue.


TEXTO: Larissa Oliveira e Michael Meneses!
FOTOS: Debi Del Grande e Divulgação
ARTE DO CARTAZ: Silvana Mell

Há 33 anos, em Olympia (EUA), Kathleen Hanna (voz/guitarra), Tobi Vail (bateria/vocal), Kathi Wilcox (baixo/vocal) e Billy Karren (guitarra) uniram suas forças e experiências de vida para montar o Bikini Kill. A ideia era contestar a presença oprimida de meninas em shows punks e trazer mais inclusão. O ativismo não pertencia somente aos palcos. A banda também publicou uma série de fanzines homônimas e a baterista, Tobi Vail, já era zineira na década de 80, escrevendo inúmeras críticas ao jornalismo machista no seu fanzine “Jigsaw”. Uma frente feminista se fazia urgente no início da década de 90, em meio ao “sossego” que muitas mulheres afirmavam ter garantido na década anterior, com a garantia de mais espaço da área de trabalho.

Mas e as jovens? Elas também tinham suas reivindicações e foi assim que o movimento Riot Grrrl foi fomentado. Muitas meninas viram no Bikini Kill a possibilidade de firmar suas posições e formaram bandas.

Bikini Kill acabou sendo destaque e considerada líder do movimento, muito por conta da atitude na-sua-cara da vocalista principal, Kathleen Hanna. Portando calcinha, termos feministas e ousados escritos de canetinha pelo corpo e Maria-Chiquinha, ela contestava a ideia de feminilidade ao mesmo tempo que gritava “All girls to the front, I’m not kidding” (no português, todas as garotas para frente, não estou brincando).

Não era fácil para Kathleen se impor. No registro mais completo do que foi a era riot grrrl, “Garotas à Frente: como realmente aconteceu a revolução Riot Grrrl”, livro de Sara Marcus e lançado no Brasil pela editora Powerline Music & Books, (capa ao lado), é possível notar o ambiente hostil dos shows nos quais Kathleen enfrentou assédio, assim como era difícil para a banda ser levada a sério, com o jornalismo as tratando como “garotas de TPM” e outros títulos pejorativos.

Porém, para quem conseguia enxergar a revolução que a banda trouxe, as letras das músicas tinham mesmo o poder de transformar os Estados Unidos e espalharem suas sementes pelo mundo. Em 1991, Bikini Kill lança a demo “Revolution Girl Style Now” com canções obrigatórias em shows como “Suck My Left One” e “Double Dare Ya”, famosa pela abertura com Kathleen firmando o propósito da banda “We are Bikini Kill and we want revolution girl style now!” (Somos a Bikini Kill e queremos revolução no estilo das garotas agora!). Anos depois, a demo ganhou uma edição caprichada em CD e vinil.

Em 1993, a banda lançaria seu primeiro álbum “Pussy Whipped”, que com certeza se tornou uma bíblia para muitas meninas que formam bandas, inclusive aqui no Brasil. Sim, o movimento Riot Grrrl chegou com força aqui na metade da década de 90 e tivemos bandas riot como Dominatrix, Hitch Lizard e Bulimia. Foi por volta dessa época que Bikini Kill encerrou as atividades, lançando um último álbum, “Reject All Americans” (1996), em homenagem a Kurt Cobain. A banda também lançou em 1998, a compilação “The Singles”, produzida por Joan Jett e com um toca-discos emblemático na capa, que com certeza será visto tatuado nos braços de muitas mulheres no show aqui do Brasil.

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A vinda do Bikini Kill se faz histórica não apenas por ser a primeira vez delas aqui, mas também porque a banda ainda possui uma potência única em inspirar pessoas de todos os gêneros a se politizarem e contestarem o machismo do dia a dia. Sem Bikini Kill eu não teria me tornado zineira. Os fãs brasileiros nem cogitavam a possibilidade delas virem, apesar de terem retornado aos palcos em 2019, com uma série de shows (com pausa da pandemia, claro) nos Estados Unidos e Europa. Billy Karren não faz mais parte da banda, cedendo lugar à guitarrista trans, Erica Dawn Lyle, levando Bikini Kill a andar de mãos dadas com os novos contornos do feminismo, seguindo mais urgente do que nunca.

Além do Brasil, a tour do Bikini Kill na América Latina inclui apresentações no México (03/03), Chile (07/03), Argentina (09/03) e Peru (12/03). Infelizmente, os ingressos para o show na Audio SP em 05 de março, estão esgotados e até o fechamento dessa matéria (13/11/2023), não haviam sido anunciadas novas datas ou shows em outras cidades do Brasil e latino-americanas. Fica a expectativa, e a certeza de que será um desses momentos revolucionários! – Larissa Oliveira.

NOVA DATA EM SÃO PAULO!

Por conta da grande procura de ingressos para o show em São Paulo no dia 5 de março, e a possibilidade na agenda da banda, a produção confirmou uma nova apresentação da Bikini Kill em São Paulo, dessa vez no dia 14 de março e novamente, no palco da Áudio SP. E, o melhor, para esse show, ainda restam ingressos (veja serviço completo abaixo).

Também foram confirmadas as bandas de aberturas e os DJs das apresentações. Para a primeira noite (05/03), shows de aberturas das bandas The Biggs, Bertha Lutz e Florcadaver. Já na segunda noite (14/03), é a vez de As Mercenárias (com participação Paula Rebellato), Punho De Mahin e Weedra. Nas duas datas a discotecagem fica a cargo de Camillajaded & Erikat. – Michael Meneses!

BIKINI KILL – BRASIL 2024

SERVIÇO:

DATA: 5 de março de 2024, às 18h.
LOCAL: Audio SP – Av. Francisco Matarazzo, 694 – Barra Funda – São Paulo/SP
SHOWS DE ABERTURA: The Biggs + Bertha Lutz + Florcadaver
DISCOTECAGEM: Camillajaded & Erikat
REALIZAÇÃO: Associação Cultural Cecília e DaTerra Produções.

DATA EXTRA:

DATA: 14 de março de 2024, às 18h.
LOCAL: Audio SP – Av. Francisco Matarazzo, 694 – Barra Funda – São Paulo/SP
SHOWS DE ABERTURA: As Mercenárias (Com participação Paula Rebellato) + Punho De Mahin + Weedra
DISCOTECAGEM: Camillajaded & Erikat
INGRESSOS: Antecipados no site Ticket360, nas bilheterias da Audio SP e na Associação Cultural Cecília.
REALIZAÇÃO: Associação Cultural Cecília e DaTerra Produções.

ARTE DO CARTAZ POR: Silvana Mello.

LARISSA OLIVEIRA – Sergipana atualmente no Rio de Janeiro, é pedagoga e professora de idiomas (Inglês e Francês), escritora e editora dos Blogs A Redoma de Vidro e Mulheres da Geração Beat (e Women of the Beat Generation), escrevendo também para o Cine Suffragette e Portal Rock Press. Atua como zineira bilíngue e riot grrrl no @iwannabeyrgrrrlzine e como tradutora de artigos e livros. Não vive sem praia, CDs e batom.

MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, fotojornalista, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini.

Uma resposta

  1. O problema é que você tem de vender um rim pra assistir o show. Uma banda com ideais underground num show mais caro que o ídolos pop …

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