SLASH, Myles Kennedy & The Conspirators: Guitarrista abre turnê no Brasil!

O guitarrista Slash abriu a passagem de sua turnê “The River Is Rising” pelo Brasil com um show nessa segunda-feira (29/01), em Belo Horizonte. Ao lado de Myles Kennedy & The Conspirators, o guitarrista do Guns N’ Roses fez um show com uma pegada rock vigorosa, dispensando o apoio no repertório da banda com a qual se tornou conhecido mundialmente.

Arena Hall – Belo Horizonte/MG – 29/01/2024

TEXTO: Robert Moura
FOTOS:
Letycia Cavalcante

Velvet Chains

A banda norte-americana Velvet Chains, formada por Ro Viper nos vocais, Burton Car e Larry Cassiano nas guitarras e backing vocals, Nils Goldschmidt e Jason Hope na bateria, abriu a noite com seu hard rock que, por vezes, devido ao timbre do vocalista, lembrava Bon Jovi, e em outros momentos procurava atingir uma sonoridade mais pesada. O som não ajudou nem um pouquinho, começando pelo fato de estar alto demais, fazendo com que este que vos escreve chegasse ao ponto de tapar os ouvidos para não estourar os tímpanos (por sugestão de um amigo, fomos ouvir a parte final do show dos corredores, onde o som estava mais abafado). Ficou difícil até para avaliar o trabalho do grupo diante dessa falha técnica. Estranho que a equipe de som não tenha se atentado para isso, uma vez que o volume excessivo ficou durante todo o show da Velvet (contrariando a “regra”, na apresentação do Slash, a banda principal, o som ficou mais baixo e confortável para o público, ainda assim, longe de uma regulagem ideal, soando muito embolado).

Slash, Myles Kennedy & The Conspirators

Slash se apresentou com o projeto que encabeça ao lado de Myles Kennedy & The Conspirators, parceria iniciada em 2012. Juntamente de Slash e do vocalista Myles, a banda conta com o baixista Todd Kens que, além dos backing vocals, assume a voz principal em algumas canções, o baterista Brent Fitz e o discreto guitarrista Frank Sidoris que também é responsável pelos backing vocals. A turnê “The River Is Rising” leva o nome da faixa de abertura do quarto álbum desse projeto, intitulado simplesmente como “4”. A mesma música foi escalada para abrir o show, seguida por “Driving Rain”, “Halo”, “Apocalyptic Love”, todas da parceria com Myles Kennedy. Na sequência, tocaram “Back From Cali”, do álbum solo de Slash, lançado em 2010, para retomarem o trabalho com os Conspirators em “Whatever Gets You By” e “Actions Speak Louder Than Words”. “Always On The Run”, surgida de uma colaboração entre Slash e Lenny Kravitz que está no álbum do cantor, “Mama Said”, de 1991, foi muito bem-vinda ao setlist, embora, sinta-se falta dos metais presentes na gravação original. O final da canção, ainda teve direito a uma citação de “Superstion”, de Stevie Wonder.

A apresentação seguiu com “Bent To Fly”, “Sugar Cane”, “Spirit Love”, “Speed Parade” (da banda Slash’s Snakepit, primeiro projeto do guitarrista, pós-Guns) e “Spirit Love” que traz uma sonoridade indiana com a guitarra simulando uma cítara na introdução, bem como no solo. “Speed Parade” e ”We Will Roam” antecederam a única visita ao repertório do Guns N’ Roses que se deu com “Don’t Damn Me”, um lado B da banda, presente no disco “Use Your Ilusion I”, de 1991, que nunca chegou a ser tocada ao vivo pelo Guns. A reta final teve “Starlight”, “Wicked Stone” (com o solo mais longo da noite), “April Fool” e “Fill My World” que garantiu um dos melhores momentos da noite com direito a outro belo solo de Slash lembrando muito Keith Richards. Em “Doctor Alibi”, Slash arriscou cantar duas ou três notas dividindo o microfone com Myles. “You’re A Lie” e “World On Fire”, encerraram o show que ainda teve bis com uma versão épica de “Rocket Man”, de Elton John, na qual Slash tocou pedal steel (remetendo a David Gilmour). E, “Anastasia” foi guardada para o último ato. A canção traz em sua introdução referências à música barroca, mais especificamente à obra de Johann Sebastian Bach, e seu solo é o mais puro suco do estilo característico de Slash.

O músico desfilou uma bela coleção de guitarras Gibson que incluíam pelo menos duas Les Paul, uma sunburst e outra Goldtop, e modelos Flying V e Explorer. Uma pena foi que os ouvidos mais atentos não puderam apreciar muito as nuances timbrísticas do guitarrista porque o som não ajudou. Boa parte dos solos ficou encoberta pelo som bastante embolado que se ouvia. De maneira geral, Slash soa melhor em solos mais lentos (ou não tão rápidos) e que valorizam a melodia (poderíamos pensar em David Gilmour, por exemplo) do que nos solos mais velozes e recheados de licks clichês, inclusive, nos quais muitas vezes, ele perde o tempo. Mas, ao vivo, são exatamente esses momentos que provocam a catarse geral, principalmente quando o guitarrista, por exemplo, toca repetidamente três notas criando uma sensação de que está fazendo algo muito difícil, quando na verdade, trata-se de uma banalidade. De certa forma, o som, que estava longe do ideal, ressaltou mais o guitarrista base (no que Slash também manda muito bem) do que o solista.

Algo a se pensar é que você vai a um show pela música (pelo menos deveria ser esse o motivo), e se o som não está bom, você não está recebendo pelo que pagou. É como ir a um restaurante e o prato não vir de acordo com o cardápio. É o mínimo que se tem que entregar ao cliente, especialmente com os preços de ingressos (e de restaurantes) que se praticam hoje em dia. É fato que existem aqueles que vão ao show só para ver o artista e nem percebem essas nuances (como aqueles que vão ao restaurante só para tirar fotos da comida para postar em suas redes), mas quem paga para ouvir música (e comer, razoavelmente, bem) tem o direito de receber o melhor.

Apesar disso, o som do palco parecia estar bom, visto que em nenhum momento os músicos expressaram qualquer insatisfação ou reclamaram do mesmo. Inclusive, considerando o entrosamento, os vocais e backing vocals afinadinhos, há de se entender que eles se ouviam bem no palco, o que, infelizmente, não foi entregue ao som do PA. O telão também falhou em alguns momentos, chegando a ficar em blackout, mas num ginásio de proporções pequenas como o Arena Hall, ele chega a ser quase dispensável porque se tem uma boa visibilidade do palco de qualquer setor.

No final das contas, é importante dar o mérito para Slash pelo fato de, fazendo um trabalho paralelo ao gigante que é a banda Guns N’ Roses, não se apoiar nas dezenas de seus hits no setlist, e mantendo a audiência interessada no show como se viu em Belo Horizonte. Audiência essa, em sua maioria, composta pelo que a boçalidade comercial nossa de cada dia tem chamado de 40+ (mas, ainda assim viam-se adolescentes e até crianças na plateia) que parecia conhecer bem o repertório cantando e vibrando junto com a banda em diversos momentos. E essa sinergia que, apesar dos problemas com o som, faz com que o saldo final seja positivo com a capital mineira vivendo outra grande noite de Rock’n’Roll! – Robert Moura.

A tour continua…
Os shows pelo Brasil, continuam hoje (31) em São Paulo, e em seguida, apresentações no Rio de Janeiro (01/02) e em Porto Alegre/RS (04/02). Veja serviço completo dos próximos shows.

SLASH FEAT MYLES KENNEDY & THE CONSPIRATORS e VELVET CHAINS
BRASIL 2024

SERVIÇO:
SÃO PAULO/SP 
DATA:
 31 de janeiro (Abertura da casa: 19h).
LOCAL: Espaço Unimed – R. Tagipuru, 795 – Barra Funda, SP/SP.
INGRESSOS: Vendas online em: eventim.com.br/slash e bilheteria do Espaço Unimed.
CLASSIFICAÇÃO: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

RIO DE JANEIRO/RJ
DATA:
 1 de fevereiro (Abertura da casa: 19h).
LOCAL: Qualistage – Av. Ayrton Senna, 3000 – Barra da Tijuca – RJ/RJ.
INGRESSOS: Vendas online em: eventim.com.br/slash e na bilheteria do Qualistage.
CLASSIFICAÇÃO: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

PORTO ALEGRE/RS
DATA:
 4 de fevereiro (Abertura da casa: 19h).
LOCAL: Pepsi On Stage – Av. Severo Dullius, 1995 – Anchieta – Porto Alegre/RS.
INGRESSOS: Vendas online em: eventim.com.br/slash e nas bilheteria da Arena do Grêmio – Portão 2 – Av. Padre Leopoldo Brentano, 110 – Humaitá – Porto Alegre/RS.
CLASSIFICAÇÃO: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

ROBERT MOURA – É natural de Belo Horizonte. Doutorando em Música (UFRJ), mestre em Artes (UEMG) e bacharel em Música (UEMG). Fundador e professor da Alaúde Escola de Música. Tocou guitarra em bandas de rock na capital mineira, e tem Slash como um de seus gostos musicais que (quase) ninguém sabe. Atualmente, seu trabalho está focado no violão clássico e composição. Em 2021, lançou o EP digital “Ensaio Para A Morte” com a trilha sonora que compôs para a peça homônima, e em 2023 lançou os singles “A Rosa de Heitor” e “Júpiter e Marte”, compostas para a trilha da peça “Heitor”.

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