A Audio Rebel, em Botafogo/RJ, recebeu as bandas Fraternidade de Pedra, Sujeitos Compostos e Real Sociedade, todas veteranas do underground carioca. O evento aconteceu na base do “faça você mesmo” e, embora com outros shows acontecendo na cidade, a iniciativa atraiu bom público que, por sua vez, assistiu a bons shows. Saiba como foi na matéria que segue.
Uma noite para Seguir em Frente
com Fraternidade de Pedra,
Sujeitos Compostos e Real Sociedade!
Áudio Rebel – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
26 de novembro de 2023
TEXTO: Marcelo Pereira
FOTOS: Marcelo Pereira e Michael Meneses!
Para muitos e mesmo para os mais jovens, a década de 1980 foi a melhor época do rock, principalmente para o rock nacional. A nostalgia imperou num local alternativo que não existia nesse período, mas revitalizou a época de 40 anos atrás. Os muitos grisalhos presentes nos levam a afirmar que o rock é imortal.
A Audio Rebel atualmente é o espaço destinado a música alternativa em atividade há mais tempo no Rio de Janeiro (a casa completou 18 anos de existência no último mês outubro de 2023). Capitaneado por gente que está na cena rock do Rio faz algumas décadas, o espaço comporta de forma aconchegante cerca de 100 pessoas, possui loja de CD´s, LP´s, livros, camisas alternativas, cervejas variadas etc. Um templo do underground RJ. Ou seja, a casa foi o palco certo, para as bandas certas em um domingo nublado que deu certo. E, talvez por isso, entre os presentes, a presença de gente importante e certa para a cultura independente do Rio, como Pedro Serra (do coletivo Rockarioca e da banda Estranhos Românticos, que entrevistamos. Leia aqui!), DJ Mauricio Ácaro (da Loja Baratos da Ribeiro), amigos da mídia, entre outros.
FRATERNIDADE DA PEDRA…
Abrindo a noite, veio o quarteto Fraternidade da Pedra, formada por músicos experientes da cena carioca, composta por Alan Cruz (baixo/vocal), Thomaz Brasil (guitarra/vocal), Marcelo Moreira (bateria) e Osmar Machado (guitarra/teclado/vocal). O baixo Rickenbaker de Alan (foto ao lado) tem uma sonoridade ímpar, com o típico galope do rock nacional dos anos 80; a guitarra limpa do Thomaz, que também canta e compõe algumas músicas, aliada ao peso da bateria do Marcelo e à base rítmica de Francisco, faz a banda ter uma sonoridade bem interessante. Destaque para a música “Linda”, que Thomaz informou de ter sido composta 1989, na noite de um dos shows do A-Ha no Rio de Janeiro (ocorridos em 10 e 11 de março e os primeiros na América do Sul). imediatamente fez Alan impedir de contar a história, com a banda caindo na gargalhada e pairando o mistério entre o público.
Alguns momentos, soavam ter um encaixe com os falsetes a lá Rodrigo Esteves (barítono e ex-vocal do Azul Limão), outra semelhança, era com a banda Agua Brava, ícone do underground carioca nos anos 1980. Vale apreciar! Set List: “Doce Maldito”, ”Correndo Sem Parar”, “Festa Falsa”, “Fraternidade da Pedra”, “Cinzas de Soldado”, “Divina Decadência”, “Linda”, “Sem Rumo”, “Fragmentos”, “Além do Farside”, “Panela Depressão”, “Que País é este? (cover do Legião Urbana) e Bom é Quando Faz Mal”.
SUJEITOS COMPOSTOS…
A próxima banda a se apresentar, foi outro quarteto, Sujeitos Compostos, que de trocadilho é composta por: Paulo Schwinn (guitarra/vocal), Luiz Antônio (baixo/vocal), Crisper (guitarra/voz) e Arthur Lavrini (bateria). A banda é firme, coesa e mescla bem com toda sonoridade dos anos 1980, mas sem deixar de ser antenado com as décadas seguintes. A comunicação com o público presente fez rolar uma empatia, com destaque para uma garotinho acompanhada da mãe, que ficou na frente do palco impondo sua guitarra imaginária mexendo os pés no tênis reluzentes. Paulo, por sinal, agradeceu no fim do show ao baterista cabeludo, o único “jovem” da banda e que possui uma pegada bem forte e coesa, nos levando a crer ser da escola do heavy metal, o que deu sangue novo a banda. O cover de David Bowie ficou sensacional e com uma energia contagiante. Valeu pelo show! Set List: “Medo”, “40 Graus à Sombra”, “Luka” (Suzanne Vega), “Animais no Poder”, “Seguir em Frente”, “Ziggy Stardust” (David Bowie), “Eu Não Sei”, “ Viver em Paz”, “Ovelha Negra” (Rita Lee), “O Golpe”, “Envelheço na Cidade” (Ira!).
REAL SOCIEDADE…
Finalizando a noite, veio Real Sociedade, formada por Nem Queiroz (vocal), Arnaldo Nascimento e Vinícius o Troço (guitarras), Emerson Lau (baixo) e Paulo Titã (batera). O quinteto é liderado pelo irrequieto vocalista Nem Queiroz, que estava com a “careca tatuada” (ou melhor, pintada) para este show. O certo é que deu um certo trabalhinho para remover essa “arte na cabeça” da careca desse eterno rebelde, que trocou a tentativa de levarem uma criança agitada para o esporte e preferiu a cultura. Daí toda a rebeldia no palco! Sua apresentação é bem performática e política, com seus trejeitos a la Renato Russo (movimentando aos mãos e com a eterna pegada política comportamental anti-sistema).
A camisa do Rage Against The Machine que ele usava simboliza muito o que ele costuma prezar no conteúdo nas letras e postura no palco, provocando o público de tempos em tempos para não sermos bonecos fantoches e sim reflexivos, com personalidade forte e inteligentes. Um eterno professor. Total punk old school consciente. Destaque para “Um Homem Muito Esquisito”, que foi o ápice de sua performance teatral, “O Inimigo” e “Revolução”. Vale conferir o trabalho desse veterano artista e sua trupe, que é satisfação garantida. Setlist: As Centúrias, Revolução, Lei Do Cão, Um Homem Esquisito, O Inimigo, Grande Tempestade, Insuportável, Solidão e Yara Sexy Blues.
E, se liguem, que a Real Sociedade voltará aos palcos no dia 16 de dezembro no Rock Fusion Festival, que acontece no Studio B em Nova Iguaçu/RJ, a banda divide palco com as bandas; H.I.V., PCAP (Pneu Com Água Parada) e os sempre insanos do Cara de Porco. Mais informações AQUI!
VALEU!
Ao fim, a certeza que a noite valeu! Quem foi, gostou e não se arrependeu. E vale lembrar que essa iniciativa aconteceu graças ao ideal do “faça você mesmo”, em uma ação coletiva que incluiu mídia, produtores, músicos e público. Por mais dias assim, #Recomendamos! E ainda em clima oitentista, eu pergunto; Vai um “Chiclete Ploc” aí? – Marcelo Pereira.
CONTATOS:
AUDIO REBEL:
Endereço: @audiorebel – Rua Visconde Silva, 55, Botafogo – Rio de Janeiro/RJ –
SITE: https://audiorebel.com.br/
BANDAS:
FRATERNIDADE DA PEDRA: @fraternidadedapedra
SUJEITOS COMPOSTOS: @sujeitoscompostos
REAL SOCIEDADE: @realsociedade
Marcelo Pereira – Fotógrafo e cinegrafista, roqueiro fanático do rock, metal extremo ao progressivo, que colaborou com sites e revistas nacionais e estrangeiras, zineiro, colecionador, propulsor de divulgação do metal nacional, tape-traders, estudou rock jamais imaginando ter universidade do rock e um não repórter que faz o que faz porque ama, pois não vive disso, mas o rock pulsa nas veias!
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