ZÉLIA & MOSKA: Um Par Ímpar – Zélia Duncan, Paulinho Moska e a riqueza das canções no Circo Voador

Em uma (incrivelmente) agradável noite de verão no Rio de Janeiro, Zélia Duncan e Paulinho Moska celebram mais de 25 anos de amizade com o show “Um Par Ímpar” que passou pelo lendário palco do Circo Voador na última quinta-feira (19/01), a noite ainda contou com show de abertura da cantora Vanessa Moreno. A Rock Press foi conferir!

FOTO: Nem Queiroz

ZÉLIA, MOSKA e VANESSA MORENO:
Um Par Ímpar – Zélia Duncan, Paulinho Moska e a riqueza das canções no Circo Voador

Circo Voador – Rio de Janeiro
19 de janeiro 2023
TEXTO: Jomar Schrank
FOTOS: Nem Queiroz

FOTO: Nem Queiroz

O ótimo show da ótima cantora, compositora e instrumentista Vanessa Moreno abriu a noite. Vanessa tem já 6 discos lançados, uma obra contundente que tem como destaque seu violão extremamente bem tocado, melódico e percussivo. Um ponto alto de seu show foi sua interpretação de “Meu Mundo e Nada Mais”, canção de Guilherme Arantes que ela trouxe para si com propriedade. Outro bom momento foi quando Vanessa largou o violão e fez uma performance usando seu corpo como instrumento percussivo ao tocar “Bananeira”, canção de João Donato.

Na sequência, Duncan e Moska desfilam uma vasta coleção de belas canções e evidenciam a qualidade de suas obras e interpretações no show “Um Par Ímpar”, o primeiro dessa turnê na cidade do Rio. Acompanhados pelo excelente guitarrista e aqui violonista Miguel Bestard (que é também da banda do Moska), Zélia e Moska ocupam o palco com violões de ponta a ponta. Os instrumentos com cordas de aço mostram a evidente influência do folk americano como uma linguagem comum entre ambos. Inclusive, o show foi no mesmo dia da morte de uma das lendas da música americana, David Crosby (Birds, Crosby, Stills, Nash & Young. Leia aqui!), para quem a noite foi dedicada. “Enquanto estávamos produzindo ‘Um Par Ímpar’ pensamos muito nas harmonias vocais de David Crosby, então queremos dedicar esse show a ele”, disse o Moska. E as três vozes realmente embelezam e trazem uma delicadeza incrível para as músicas.

FOTO: Nem Queiroz

Cantautores por excelência, tanto Zélia quanto Moska soam completos quando acompanhados somente pelos seus instrumentos. Embora ambos tenham ótimas bandas de apoio em suas carreiras, quando estão sozinhos eles transcendem o formato ao mesmo tempo em que evidenciam a força e a riqueza de suas canções. Já no início ambos apresentam a parceria “Um Par Ímpar” e em seguida Zélia canta sua belíssima “Carne e Osso”, com o coro de Moska, Bestard e também do Circo. A primeira parte do show é basicamente composta por canções de Zélia e sua voz doce e imensa, profunda, melódica, muito bem sonorizada. Aliás, com 3 músicos no palco, o técnico de som Pedro Sidor adicionou efeitos nas vozes e ousou trazendo camadas de som, ocupando especialmente as frequências mais graves e subgraves, em que por vezes Bestard utiliza para transformar seu violão em um baixo, usando uma afinação mais baixa na corda mais grave.

Unidos quimicamente, Zélia e Moska compuseram “Verdade na Fonte”, linda canção que mostra o “estilo poético” que os une. Canção até então inédita, lançada junto com essa turnê.

FOTO: Nem Queiroz

Os violões de Moska e Bestard muitas vezes se fundem parecendo um só instrumento e a amizade entre os três só alimenta essa unidade sonora. Surpreende como uma formação enxuta consegue explorar o formato sem tornar o show cansativo, pelo contrário: a direção musical de Rodrigo Suricato extraiu o melhor de cada canção e de cada interpretação. Um ótimo exemplo é a performance arrebatadora para a espetacular “A Seta e o Alvo”, que começa com Zélia cantando à capela, penetrando cada sílaba, tornando essa canção ainda maior e mais forte do que ela já é. Sem dúvidas um ponto alto do show, juntamente com “Catedral” e “Tudo Novo de Novo”, que aqui nessa noite ganha um sentido político, acentuando a mudança, como nesses versos iniciais que dizem:

FOTO: Nem Queiroz

“Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim. 
Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim”. 

Impossível não relacionar essa letra com o momento atual no Brasil, onde o otimismo trazido por um novo governo democrata e humanista venceu o obscurantismo de um ex-governo fascista, contra a vida, a arte, a cultura popular.

A iluminação feita por Christiano Desideri e o cenário assinado por Antônio Bokel elevam ainda mais o espetáculo onde as estrelas são as canções. No show “Um Par Ímpar”, a terceira pessoa é a canção. São dois dos maiores compositores do Brasil mostrando suas obras sem maquiagem, é a força da canção e da interpretação construindo uma noite de comunhão entre público, obra e artistas. – Jomar Schrank

SET LIST:


Jomar Schrank é músico, cantor, compositor, jornalista e fã do Bob Dylan. Possui um disco lançado chamado “O Céu do Quarto” e toca guitarra na banda Mokambo. Confira aqui seus trabalhos AQUI!

Respostas de 8

  1. Muito bom o conteúdo escrito retratando o talento desses dois artistas parabéns. ESTÁS APTO A SER UM GRANDE COMENTARISTA MUSICAL BOLA PRA FRENTE

  2. Muito boa a matéria evidenciando o talento desses dois grandes artistas parabéns pela matéria

  3. Excelente o texto !!!Talentos da música e muita sensibilidade!!!!👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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