O guitarrista da formação clássica do Genesis fez mais uma apresentação da turnê “Steve Hackett With Genetics: Playing Genesis Classic Album Seconds Out”, na Praça do Rádio Amador, em Niterói/RJ. A noite ainda contou com shows do músico Paulinho Guitarra e do cantor Ritchie.
Steve Hackett + Ritche + Paulinho Guitarra
Ao Vivo na Praia de São Francisco – Niterói/RJ
Dia 19 de agosto de 2023
TEXTO: Rick Oliveri e Michael Meneses
FOTOS: Marcelo Pereira
Em tour sul-americana, Steve Hackett, acompanhado da banda Argentina Genetics, retornou ao Brasil para shows no Rio de Janeiro, Niterói/RJ e São Paulo. Na cidade de Niterói, o evento fez parte da edição de Inverno do projeto Circuito Quatro Estações da Música da Prefeitura de Niterói, que promove shows gratuitos de diversos segmentos musicais em praias da região. Nas edições passadas do projeto se apresentaram as bandas Renaissance e Curved Air, em junho de 2022, e a banda australiana Hoodoo Gurus, em abril último.
Nesta edição, a abertura do evento ficou com niteroiense Paulinho Guitarra, acompanhado de sua banda com participação da cantora e compositora de jazz e blues Taryn Szpilman (na foto ao lado, e segue uma curiosidade: ela também é dubladora e fez a voz brasileira da rainha Elsa, da animação Frozen). O ótimo show ajudou a aquecer a plateia com um setlist bastante eclético, tendo desde a clássica de Belchior, imortalizada por Elis Regina, “Como Nossos Pais”; até “Rock and Roll”, do Led Zeppelin.
Ritchie
Na sequência, o cantor Ritchie entrou em cena com seus cavaleiros, comemorando 40 anos de “Vôo de Coração”, que estourou nas paradas musicais com “Menina Veneno”, a faixa título, “A Vida Tem Dessas Coisas” e “Pelo Interfone”. Com um produção visual esmerada, a apresentação foi delineada de forma harmoniosa, entremeando os grandes sucessos da carreira do inglês, radicado no Brasil desde o início dos anos 70, devido a um convite de Rita Lee, com covers de Peter Gabriel (Mercy Street), Mutantes (Ando Meio Desligado) e Caetano Veloso (Shy Moon) e trabalhos posteriores, como “A Mulher Invisível” e “Casanova”. Seu set beirou o psicodelismo, com cenário e iluminação prefeitos, além de boa presença de palco.
Em meio ao público, havia uma certa expectativa para uma eventual jam com Steve Hackett em “Vôo de Coração”, já que Hackett fez o solo de guitarra nessa música, o que acabou não acontecendo (em parte, sem spoiler ainda).
Ritchie segue com shows pelo Brasil. As imagens artísticas e o uso de Inteligência Artificial foram desenvolvidos por Alexandre Arrabal e Kiko Dias, e desenho de luz é assinado por Cesio Lima.
Steve Hackett
Felizmente, o tempo fechado e a ventania não se traduziram em chuva. Havia esse receio, afinal, horas antes, ventou forte em diversos pontos do estado do Rio de Janeiro e já no início da noite, choveu em algumas localidades. Ao final, nem a chuva e nem o vento prejudicaram a noite. Até o atual Prefeito de Niterói, o velejador Axel Schmidt Grael, apareceu para conferir o espetáculo.
Aliás, todo tipo de seres estavam presentes: hippies, fãs que estiveram no show do Genesis em 1977, no Maracanãzinho; crianças, cachorros, gente que saiu de pontos distantes da Praia de São Francisco. Em meio a um público de diferentes gerações, encontramos moradores de Campo Grande (Zona Oeste carioca), do município de Seropédica (Baixada Fluminense), da Região dos Lagos e da Serrana do Rio de Janeiro.
Além disso, ainda teve um pessoal muito importante que marcou presença. Falamos de parte da equipe da Fluminense FM, rádio que recebeu o Steve Hackett para uma entrevista sugerida pelo próprio Hackett, quando ele morou no Brasil em meados dos anos 1980. Afinal, “A Maldita” era uma das poucas rádios que tocava não apenas Genesis, como também músicas da careira solo do músico. Registramos a presença do Paulo Sisinno (do programa Guitarras), Cláudio Salles, Ricardo Giesta e a Selma Boiron, que foi superimportante na entrevista com Hackett. Enfim, muita gente bacana presente. Só não encontramos ets e nem avistamos ovinis. Sim, isso mesmo, nada de discos voadores e nem de ETs. Calma explicamos esse papo “doutro mundo”.
A cidade de Niterói sempre esteve presente em relatos de avistamentos alienígenas e afins. Não é à toa o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, que foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, tem o formato de um disco voador. Alguns casos ficaram famosos. Um deles ocorreu em 1966 e ficou conhecido como “O Mistério das Máscaras de Chumbo”. Já na história do rock niteroiense, o caso mais famoso ocorreu não longe da Praia de São Francisco, na Praia de Itaipu, e justamente com Steve Hackett e a equipe da FLU-FM. Após a entrevista, eles avistaram bolas luminosas saindo do mar. Esse fato ocorreu há cerca de 40 anos e segue sendo narrado pelo aficionados por ufos (e rock), porém, seu principal registro encontra-se nas páginas “A Onda Maldita – Como Nasceu a Rádio Fluminense FM”, livro de Luiz Antônio Melo que #Recomendamos. Seja como for, dessa vez, “doutro mundo” apenas o Hackett.
Hora da atração mais aguardada pelos fãs de Rock Progressivo. Steve Hackett subiu ao palco com a banda de apoio Genetics, às 23h, para dar continuidade à celebração da turnê que originou o álbum duplo “Second’s Out”, o magnífico registro feito “ao vivo” entre 1976/1977, em Paris.
Após o ajuste dos equipamentos, um pouco mais demorado que o das bandas anteriores, pois agora são duas baterias em cena, ouvimos os primeiros acordes e batidas de “Squonk”. que faz parte do primeiro trabalho sem Peter Gabriel, “A Trick of the Tail”, com aplausos efusivos da audiência ali presente. Detalhe: o vocalista Tomás Price parecia ter cansado um pouco as cordas vocais no dia anterior, no show do Vivo Rio. Mas nada que, de fato, comprometesse a performance geral.
Hackett então saúda o público e se arrisca a falar um pouco de português, (lembrando que ele foi casado por mais de 25 anos com carioca e artista plástica especializada em joias, Kim Poor): “Boa noite, Niterói! Ok. Estamos muito felizes de estar aqui com vocês. Muito bom, muito bom, muito bom… A próxima música se chama The Carpet Crawlers. Por favor, vamos cantar juntos…”. E é justamente o que a plateia faz, acompanhando X em quase todos os versos desta balada melancólica e, em alguns momentos, enigmática (incluindo o refrão: You’ve got to get in to get out”), presente no aclamado álbum conceitual “The Lamb Lies Down on Broadway”.
Em seguida, tivemos a belíssima Afterglow, do “Wind and Wuthering”, na qual Price mostrou que a voz já estava firme novamente. Após o susto inicial, a banda emendou a intrincada Firth of Fifth, a divertida I Know What I Like (In Your Wardrobe) e a magistralmente teatral, The Musical Box.
Uma pena que Supper’s Ready, um dos pontos altos do álbum “Foxtrot”, foi encurtada desta vez. Mas é de se compreender, haja vista que a versão original tem 23 minutos, aproximadamente.
Em seguida, a grandiosa The Cinema Show, do “Selling England by the Pound”, com sua empolgante seção rítmica, cuja dobradinha de bateria foi feita entre Bill Bruford e Phil Collins, na versão do “Seconds Out”. E, na parte final, Dance on a Volcano/ Drum Duet/ Los Endos, fecharam o tributo aos quase 50 anos da turnê que também marcou a despedida do guitarrista de seus colegas de Genesis, para seguir seu próprio caminho.
No encore, (agora sim!), Ritchie (foto abaixo) retornou ao palco para cantar com Hackett e Genetics a clássica All Along the Watchtower, na versão imortalizada por Jimi Hendrix.
Apesar de alguns problemas para ouvir os teclados e as guitarras em determinados pontos do show, a noite, sem dúvida, foi memorável para os fãs. Parabenizamos toda a equipe técnica envolvida no evento pela brilhante organização. Tudo na paz, harmonia e boa música. #Parabéns! – Rick Oliveri e Michael Meneses!
Setlist:
Squonk
The Carpet Crawlers
Afterglow
Firth of Fifth
I Know What I Like (In Your Wardrobe)
The Musical Box
Supper’s Ready
The Cinema Show
Dance on a Volcano
Drum duet
Los Endos
All Along the Watchtower
Rick Oliveri – Artista gráfico, radialista, músico e apreciador do bom e velho (mas jamais obsoleto) Rock!!!
MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, fotojornalista, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996. Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini.
Uma resposta
Uma pena que desta vez não tenham transmitido o show so vivo como fizeram com o Renaissance e o Curved Air. De resto um ótimo texto Rick e Michael. Parabéns 👏🎇