SECOND COME: Uma noite de celebrações!

Banda seminal e histórica do indie carioca saúda fãs com direito a belíssimas participações especiais em apresentação na Audio Rebel (RJ), na sugestiva e inspirada noite do Dia Mundial do rock e que ainda contou com as bandas The Dead Suns e Melvin & Os Inoxidáveis, saiba como foi na matéria que segue…

SECOND COME:
Uma noite de celebrações!

Audio Rebel – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
13 de Julho de 2024

TEXTO: Leozito Rocha
FOTO: Nem Queiroz

O músico Francisco Kraus comemorava 60 anos de idade, 40 anos de serviços (muito bem) prestados a música e 30 do primeiro disco “You” (capa abaixo). Mesmo que tenhamos entrado no ano do segundo álbum (Super Kids, Super Drugs, Super God and Strangers) esse ano. E, para tal chamou o The Dead Suns, sua banda atual, e também Melvin & Os Inoxidáveis. Do músico gabaritado, Melvin. Tudo ambientado na Áudio Rebel em Botafogo no último dia 13 de julho de 2024.

E, foi justamente uma noite de gala. Com a presença de um público tarimbado, refinado e ávido para rever aquela que seria a última vez do Second Come. Da formação original, além de Kraus, Fernando Kamache subiu ao palco mais uma vez para celebrar essas datas todas. A senha estava inserida…

Mas, voltemos um pouco no tempo… Para o leitor que não conhece a trajetória de tudo eu explico: ali, por volta do ano de 87, surgiu uma banda chamada Eterno Grito, com Fernando Newlands, Fábio Leopoldino, Kraus e Tuta. Gravaram um EP (capa ao lado), mas ficaram sem muita divulgação. Fernando Kamache entra no grupo nesse tempo. Alguns anos se passam e reformulam nome e integrantes. Fernando Newlands sai de cena, Kadu Carlos entra na bateria no lugar de Tuta e passam a se chamar: Second Come. Conseguem lançar o álbum “You” e chamam muita atenção de público e crítica. São considerados ao lado de bandas como “Pin Ups”, “Killing Chainsaw” e “Mickey Junkies” os alicerces para o indie rock. Muita gente se recorda dos belos shows da banda assim como o incrível “You”. Um trabalho que é considerado até hoje um dos discos mais clássicos do underground Brasileiro. Uma obra-prima. Após esse gravam mais um disco e acabam se dissolvendo em meados dos anos noventa. Deixando uma tristeza geral.
A banda já teve outras formações, com o próprio Bacalhau (ex Planet Hemp, Autoramas…) e Dalton Vianna. Nessa formação mais atual contam com Maurício Mauk (Big Trep) e o Kadu mais uma vez.

MELVIN & OS INOXIDÁVEIS

A noite começou com Melvin (Acabou La Tequila, Mustang, Carbona… enfim o homem das muitas bandas e dos mil shows) e sua banda – com direito a Fred Castro (Raimundos) na bateria – brindando todos com seu som bem dosado com pop, punk rock, ska e afins. Revisitaram o álbum lançado em 2023, “Copacético” com direito a covers de The Specials (“A Message to You, Rudy”) e Dave Brubeck (“Take Five”). Destaques para as faixas “James Webb”, “Chá de Fita” e “Copacético”.

Foi um belo show de abertura com a banda e a certeza de que a noite seria incrível. Perto do fim do set ele chamou uma turma ótima de sopros e encorpou mais ainda as canções. Ficou perfeito! Melvin voltaria depois para uma jam do Second Come. O músico esbanja carisma e energia em cima do palco.

THE DEAD SUNS

Pausa para um break ou uma água (cerveja também) e logo subiria a banda atual de Kraus. O The Dead Suns tem em sua formação: Kraus, Mauk, Renato Fernandes e Robson Riva. Na bagagem os dois discos da banda com uma supremacia do último, “A Luta Continua”, lançado ao fim de 2023 e que fizemos matéria sobre (AQUI) esse ano. Para o começo, para lá de especial, chamaram o Fernando Newlands (antigo vocalista do Eterno grito) para cantar “Archote”, “Fumaças” e “Bonecos” – todas canções do EG – e depois uma cover super bacana de “Lips Like Sugar” do Echo & The Bunnymen. Muito bom! Newlands segue com ótima voz e presença de palco. Combinou muito bem essa parte mais pós-punk do show.

O público se emocionava e aplaudia a performance da banda e os “insights” bem humorados de Kraus e Mauk. Ambos veteranos da cena e muito acostumados com essa relação plateia-artista. No set canções ótimas como “Terminal”, “Alice’s Garden”, “Since I’ve Left”, “The Devil Behind Me” e “Living Among the Stars” (do álbum “New Days for a Better Man”). Aqui eu faço uma leve reclamação… Carregada de vaidade minha, claro… Não entrou no set uma das canções mais legais que eu considero deles: “Better Man”. Acho-a estupenda. Densa, bela, pulsante e com arranjos suntuosos. Inclusive toco-a vez em quando em sets que faço pela vida e no meu programa “O Som do Leozito” na Internova Radio Web (OUÇA).

Ok… Chega de jabá tacanho… O show foi lindo e emocionante. Atualmente, o The Dead Suns é uma das melhores coisas do nosso cenário. Seja em shows ou nos discos. Recomendo sem pestanejar.

SECOND COME

Mas, faltava o “gran finale”… Faltava levar para o palco aquele set de uma das bandas mais icônicas do cenário brasileiro. Mesmo que não representado em sua totalidade, até por conta do falecimento de Fábio Leopoldino em 2009 (devido a um infarto), dois membros originais do Second Come estavam lá: Francisco Kraus e Fernando Kamache. Completaram o time, Mauk e Yuri Pinta.

Do lado de fora uma penca de convidados e pessoas importantes do cenário também na plateia. A noite foi super ilustre. Quem lá esteve sabia que veria algo incomum e inusitado. Um show do Second Come depois de tanto tempo… Algo que não se vê mais. Em absoluto.

A sonoridade da banda nos transporta para aquela sujeira sônica (um quê sim de Sonic Youth), uma jovialidade no sentido energético, com letras em inglês, peso na medida certa, distorções, psicodelia na cozinha (baixo/bateria) e efeitos de pedais. Tudo que eles tinham direito. Foi exatamente dessa maneira que o SC conquistou fãs e ganhou essa aura famosa.

A banda iniciou os trabalhos com “High, High” e emendou com “She Could Melt the Sun”. Delírio dos apreciadores e curiosos. Muita gente ali jamais tinha visto um show deles. E, tome “cliques” também com câmeras e celulares… Em dois momentos tivemos a participação dos convidados que faltavam. Marcos Fanz (músico e jornalista) subiu para cantar “Run, Run” e “Shoes”. Melvin Ribeiro (músico que abriu a noite com a sua banda) cantou “I Feel Like I Dont Know What I’m Doing”, canção que ele confessou ser uma de suas prediletas.


O set ficou no capricho. Faixas como “Airhead”, “704”, “Ten Fingers” e “Sedative Distortion” também estiveram presentes. Pude perceber um grupo dançando durante o show e até cantando junto. Naquela pegada “shoegazer” ou “indie” balançando o corpo e/ou cabeça. Ficou bem bonito. A cover “Justify My Love” não ficou de fora. Canção que a Madonna deixou famosa, mas foi escrita por Lenny Kravitz. Sem a mesma sensualidade da cantora italiana, mas com o peso certo e a pegada deles. Na época mesmo foi um estouro.

É uma noite daquelas que a gente guarda com carinho e certo de que presenciou algo único. Talvez, a última vez… Não sabemos. De qualquer modo, Francisco Kraus estava emocionado e feliz com tudo que aconteceu. Entrada na década de 60, shows comemorativos, presença em massa dos amigos, admiradores, jornalistas e artistas da noite carioca e, finalmente, o registro final (???) da banda que foi o início de tudo para ele. E, para muita gente boa naquele verão de 1990. Despertou de maneira automática nossa memória afetiva e temporal… E você? Aonde estava nessa época? – Leozito Rocha.


SET LISTS
MELVIN & OS INOXIDÁVEIS

1- Baixa Guarda
2- Pés no Chão
3- Devolva o Futuro
4- Meditações
5- James Webb
6- Copacético II
7- Chá de Fita
8- Message to You, Rudy
9- Tarmac
10- Copacético
11- O Outro
12 – Take Five

THE DEAD SUNS
1- Archote
2- Fumaças
3- Bonecos
4- Lips Like Sugar
5- Terminal
6- Alice’s Garden
7- Wake Up
8 – Fake Smile
9- Rise and Change
10- Since I’ve Left
11- So Beautiful on the Screen
12- Free Birds
13- God of Money
14- The Devil Behind Me
15 – Living Among the Stars

SECOND COME
1- High High
2- She Could Melt the Sun
3- Gashead
4- Infatuated Love
5- Wicked Sky
6- Airhead
7- Scraper
8- My Cancer
9- I Feel Like I Dont Know What I’m Doing
10- Ten Fingers
11- Run, Run
12- Shoes
13- 704
14- Justify My Love
15- Sedative Distortion
16- Perfidiousness


Leozito Rocha – É radialista, pesquisador musical, escritor e amante de cinema. Colaborador de sites musicais, curador de rádio, editor e apresentador do “O Som do Leozito” na Internova Rádio (OUÇA), e observador incurável. Seu facebook é: https://www.facebook.com/leo.rocha.798/

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