No primeiro dia oficial de carnaval da cidade do Rio de Janeiro, Rogério Skylab abre-alas para os foliões e rockers. O evento no Circo Voador reuniu um grande público e contou com a banda carioca Meu Funeral na abertura e a festa Bauhaus dos DJs Renato Lima e Cláudio Borges animando geral.
Rogerio Skalab + Meu Funeral
+ Festa Bauhaus
17 de fevereiro de 2023 – Circo Voador – Lapa/RJ
TEXTO: Leozito Rocha.
FOTOS: Nem Queiroz
Nessa sexta-feira, dia 17 de fevereiro, o cantor Rogério Skylab subiu mais uma vez ao palco do Circo Voador (ele o fizera setembro de 2022 na última vez. Leia!) e regeu de forma hipnotizante milhares de pessoas na lona mais charmosa da cidade. Seus shows são admirados e seguidos por fãs fervorosos. Muitos de seus sets lists são objetos de desejo e dogma. Raríssimas canções passam desapercebidas pela plateia. Raríssimas. Em sua grande maioria, as letras são todas ovacionadas e cantadas a plenos pulmões. O que aconteceu dessa vez nesse encontro entre o cantor e o público carioca foi algo especial. Em meio ao carnaval intenso na cidade, Skylab dançou, sambou, esbanjou talento e brindou com maestria todos que lá estiveram. Sorte do carioca.
JESUS E SUA TURMA
EM SHOW DE ABERTURA
A banda carioca Meu Funeral abriu os serviços por voltas das 23 horas (as portas do Circo abriram às 22 horas) com discotecagem de Renato Lima e Cláudio Borges – Festa Bauhaus (foto ao lado) e apresentaram seu repertório baseado no primeiro disco deles. Depois de alguns EPs, eles lançaram em 2021 o álbum “Modo Fufu” pela Universal Music. No set list canções pops com uma pegada hard core e bom humor. Lucas, Dan e Pepe subiram ao palco fantasiados e animados para levantar a lona. As alegorias remetiam Jesus e o Diabo. Faixas como “94” (single oficial), “Queimando a Mufa” e “Acabou” (uma porrada direta no queixo do ex-presidente) foram cantadas efusivamente pelo público. Inclusive, a banda já tem um belo fã-clube. Não bastasse a energia incrível no palco, séquitos dançavam e pulavam na maioria das canções. Detalhe curioso que descobrimos por lá: o guitarrista Felipe, o Pepe, é frequentador da festa Bauhaus. Cliente assíduo.
Ao fim, Lucas (Luquita), o vocalista, expressou toda raiva e desabafo sobre o último presidente. Dedicou o fim do show encerrando o período FASCISTA (em suas próprias palavras) que o país passou. Que venham novos tempos! Falando em expressar, Luquita, bateu um papo com a Rock Press, leia AQUI!
O CARNAVAL VERBORRÁGICO DE
ROGÉRIO SKYLAB
Rogério e banda (que banda, inclusive!) subiram ao palco por volta da meia noite e meia. Depois de anunciado, o músico deixou sua banda iniciar os trabalhos. Um baixo com um groove muito bom anunciava “Sem Anestesia” para começar o baile. Skylab entra e é recebido com muitos aplausos e reverências. Trajando camisa solta e uma calça vermelha, ele começa seu show particular. Ora com recados, ora com sons vocais da canção. As primeiras canções foram pedradas atrás de pedradas. Banda afiadíssima, público hipnotizado e um Rogério inspirado. “A Marchinha Psicótica do Dr. Soup” (Júpiter Maçã) e “Corpo e Membro sem Cabeça” foram de arrepiar. O Circo, lotado de gente, recebeu o maior público de Skylab que se tem registro. Juntou o carnaval da cidade com o público tradicional. Deu um caldo pra lá de bom.
Havia espaço também para as marchinhas tradicionais e as canções de amor de Skylab. Sim, o cantor tem um par delas em seus discos. Aliás, o show foi um apanhado de respeito da carreira dele. Dos primeiros álbuns aos últimos. O set foi montado com vinte e duas músicas. Praticamente nenhum clássico ficou de fora. Coisas como “Moto-Serra”, “Empadinha de Camarão” ou “Eu e minha Ex” estavam lá.
Como já aconteceu em outras apresentações do Skylab, o músico Lois Lancaster do Zumbi do Mato (foto ao lado), trajando uma bonita camisa da saudosa banda Polux, subiu novamente ao palco, cantou “Samba” e foi um espetáculo. Outras participações especiais estavam previstas: Fausto Fawcett, cantando “A Árvore (Desterro ou Carnaval)” – um momento muito messiânico e bonito no show. Muitas pessoas acompanharam com afinco e admiração essa tabela entre eles. E, Renan da Penha, quase ao fim (penúltima do set) dando uma cara nova para “A Droga é Minha”. O DJ entrou com sua mesa e aparelhagem de som para dar um tom mais eletrônico e funk (carioca) ao show. Skylab se esbaldou.
E Jesus chegou para Lázaro
E ordenou: Levanta-te !!!
E Lázaro, dentro da sepultura,
Abriu os “óio divagazinhu”
Pensou em Barbacena e falou:
Tem cigarro aí? Cigarro? Tem cigarro aí?
Tem cigarro aí, porra ?
Duas horas de show praticamente destilando canções como “Carrocinha de cachorro-quente”, “Matador de Passarinho”, “Eu fico nervoso” e “Buceta Bradesco”. Teve de tudo. Fomos testemunhas de um dos melhores shows do músico e um belo repertório. Salvei dois momentos de pura apoteose: “Tem um cigarro aí?”. Skylab interpreta de forma única essa canção. Pergunta, responde e dança. A banda desce a lenha junto. O público perguntava e respondia junto. Ninguém conseguiu ficar imune. É impossível! E outro momento foi com “Fátima Bernardes Experiência”. Uma das últimas canções do show – ninguém queria saber de cansaço. Foi um desbunde completo. A cada refrão (Glória Maria) o público sacudia, berrava e balançava as estruturas do Circo. Vale ressaltar que a jornalista (Glória) faleceu recentemente. Não sei dizer se isso amplificou ou não. Mas, tratando-se de Rogério tudo é possível.
No fim, o cantor chamou todos (que couberam, né?) ao palco. Todos. Subiu uma multidão e fechou com “E você vai continuar fazendo música”. Não cabia mais ninguém no palco. Uma verdadeira apoteose (vou pegar emprestado de novo esse link com o carnaval) pra audiência alguma botar defeito. Um êxtase puro. Skylab levou ao pé da letra a máxima do samba: passar seu bloco na avenida. E passou! Se Jorge Perlingeiro fosse anunciar as notas certamente o show teria aprovação uníssona do público. – Leozito Rocha.
Leozito Rocha é radialista, pesquisador musical, escritor e amante de cinema. Colaborador de sites musicais, curador de rádio, editor e apresentador do “O Som do Leozito” na Internova Rádio (OUÇA), e observador incurável. Seu facebook é: https://www.facebook.com/leo.rocha.798/
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