Enorme. Gigante. Histórico. No auge de seus 80 anos recém completados, o ícone da MPB sobe ao Palco Sunset para um show repleto de hits e presença de seus familiares. O baiano finalizou os trabalhos do palco Sunset no domingo (04/09), terceiro dia do festival. A multidão acompanhou a apresentação em uma mistura de êxtase e emoção, afinal de contas, não é todo dia que se tem a oportunidade de ver Gilberto Gil e família no Rock in Rio!
Palco Supernova – Rock in Rio
2 de setembro de 2022
TEXTO e FOTOS: Cadu Oliveira
O Justin Bieber que nos perdoe, mas para equipe da Rock Press o grande show da noite foi do Gilberto Gil. Nosso editor não admitiu perder a chance de ver o eterno tropicalista nem debaixo de chuva. “Mais uma vez, Rock in Rio… Em 85 era muita chuva, tinha lama. Hoje tem só uma chuvinha. A natureza sempre abençoando. Água é vida”, brincou Gil, no começo do show. Porém, foi só Gil pintar no palco para até a chuva parar para prestigiar o “Punk da Periferia”.
A primeira do show não poderia ser outra senão “Palco”, um verdadeiro hino metalinguístico que transcende o tempo. Na sequência engatou “Barato total” e “Não chore mais”, versão da música “No woman, no cry”, de Bob Marley. Tanto a pista quanto o pit (espaço destinado teoricamente aos profissionais da imprensa e alguns convidados) estavam completamente lotados. Quem viu a séria “Em casa com os Gil” (Amazon Prime) podia facilmente reconhecer a família entre os músicos.
O desenrolar do setlist é mesmo arrebatador, com “Estrela” e a belíssima “Drão”, cantada em coro pela multidão. Já para cantar “Garota de Ipanema”, Gil se derrete todo ao convidar sua neta, Flor, ao palco. Ela vai às lágrimas, emocionando parte da plateia e canta com toda doçura do mundo, aos seus 13 anos, um clássico de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
Para compor a banda, mais membros da família. Na guitarra o neto João, enquanto nos backing vocals estava a filha Nara. Já nos metais, presença marcante de Marlon Sette, enquanto Marcelo Costa assumiu a percussão. Gil então marca mais um golaço com “Aquele abraço” e chama Preta Gil e seu filho Francisco para cantar “Andar com fé”. Preta entra no palco com uma blusa estampada em homenagem ao Pedro Gil, filho do cantor que morreu aos 18 anos em um acidente de carro. Ele era baterista da banda Egotrip e tocou ao lado do pai na apresentação do Rock in Rio de 1985. Foi a deixa para Gil lembrar que Bem Gil nasceu horas depois da primeira apresentação na primeira edição do festival (foram duas nos dias 12 e 20 de janeiro).
Depois de mais dois clássicos arrebatadores, “Expresso 2222” e “Tempo Rei”, Gil lança outro reggae, para delírio dos adeptos da marola: “Vamos fugir”. De blusa florida e óculos, trocando de guitarra e se arriscando no samba, Gil seguiu promovendo um espetáculo inesquecível e botando todo mundo para pular em “Barracos”, “Punk da Periferia” e, por fim, convidou a família de volta ao palco para a saideira da noite, que ficou por conta de “Toda menina baiana”.
Ver um artista como Gil, aos 80 anos, cantar com aquele fôlego e amor pela música é algo verdadeiramente incrível. Seu show foi uma homenagem à ancestralidade da música brasileira, um desfile de canções que serão lembradas enquanto houver seres humanos na Terra. Não só Gil, mas toda família, estão de parabéns. Resta-nos aplaudir e endossar com força o coro que vinha da plateia gritando “Gil, eu te amo”. Gil, eu te amo. – Cadu Oliveira.
EQUIPE ROCK PRESS NO ROCK IN RIO 2022 – Michael Meneses, Cadu Oliveira, Kesley Meneses, Jonildo Dacyony, Paulo Schwinn e Igor Velasco. ACESSE: https://portalrockpress.com.br/festivais/rock-in-rio/
Cadu Oliveira – Jornalista, pós-graduado em Jornalismo Cultural (UERJ). Criador do blog Hempadão e rapper com vulgo EXPLICA. Colecionador de vinil há quase 20 anos. Repórter colaborador da Rock Press.