RHAPSODY OF FIRE: A sinfonia italiana no Brasil! ENTREVISTA

A já lendária banda de Metal Sinfônico, Rhapsody of Fire, tá chegando ao Brasil, para apresentação única no Carioca Club em São Paulo (dia 09/05). A turnê, que passa pela América Latina, divulga o novo álbum “Challenge the Wind”. A Coluna 1, 2, 3, 4… da Rock Press entrevistou o guitarrista Roby De Micheli…

TEXTO/ENTREVISTA: Gabriel Farina
FOTOS: Massimo Battista (Divulgação)

Houve um tempo em que o Rock sofreu críticas, inclusive no Brasil, por figuras pseudo-intelectualóides que questionavam a qualidade do gênero em relação ao seu valor musical. Tais críticas de certo nunca fizeram sentido. Elas costumavam a aparecer em períodos nos quais algum subgênero do Rock encontrava popularidade. O elitismo musical sempre foi burro. 

Era, inclusive, comum categorizar todo tipo de música de Rock ’n’ Roll como “bate-estaca”. Essa tamanha ignorância nem se importava em entender como um gênero tão complexo quanto o Rock, com subgêneros tão complexos como, foi um dos que mais teve influência da música clássica no mundo popular. Isso, desde o chamado “pop barroco”, dos anos 60 – com as preocupações sinfônicas complexas nos experimentos de bandas como os Beatles e os Beach Boys; passando pelas longuíssimas peças de música do Rock Progressivo; e aterrissando no que ficou conhecido como “Metal Sinfônico”, gênero pelo qual o Rhapsody of Fire foi, e ainda é, um dos maiores representantes.

O Rhapsody of Fire já carrega um longo tempo de estrada. A banda surgiu em Trieste, na Itália, pelas mãos dos músicos Luca Turilli e Alex Staropoli. Ambos tiveram um papel importantíssimo em criar e estabelecer a estética sonora e visual do que se entende pelo subgênero do Metal Sinfônico até hoje. A atmosfera cinemática das trilhas sonoras se juntou aos sonhos medievais de narrativas fantásticas – que foram popularizadas no metal desde o primeiro álbum do Dio, Holy Diver, de 1983. Agora, as guitarras se tornaram o pivô de uma sinfonia que preenchia histórias épicas cantadas de um jeito místico e quase alquímico.

Pioneiros de seu próprio som, a banda atingiu seu auge pelo início dos anos 2000 – com o agora Angra,  Fabio Leone, nos vocais. Nessa época, a banda era conhecida apenas por Rhapsody, alcunha que teve de ser expandida para Rhapsody of Fire em uma disputa de direitos autorais. Destaco, desse período mesmo, a parceria da banda com a lenda Christopher Lee, ator da trilogia do Senhor dos Anéis de Peter Jackson e Drácula dos filmes da produtora Hammer. Lee contribuiu com narrações e cantou em faixas do grupo.

A Rock Press, conversou com o guitarrista Roby De Micheli sobre compositores clássicos, rock progressivo italiano, e claro, o novo álbum e o show no Brasil.

1 – Rock Press/Gabriel Farina: Então, o novo álbum do Rhapsody of Fire, “Challenge the Wind”, tá chegando. O primeiro álbum do Rhapsody foi lançado em 1997. Desde então, 14 álbuns de estúdio e 3 EPs foram lançados. Existem muitos fãs leais que ainda compram cópias físicas. Mas acredito que o avanço dos serviços de streaming pode ter mudado a forma como as bandas trabalham com o aspecto da gravação de música. A maneira como você percebe os álbuns de estúdio mudou desde então? Como?
Rhapsody of Fire/Roby De Micheli: Sim. É realmente uma tragédia para o músico, essas mudanças. Porque no final das contas o mercado físico foi muito importante para todas as bandas. Claro que para os grandes nomes é completamente diferente. Pensando em bandas com grande popularidade como o Metallica, o AC/DC e o Guns ‘n’ Roses – para elas esse tipo de mudança tem um impacto completamente diferente. Mesmo assim, para todas as bandas, o streaming é problemático. Nós realmente amamos gravar música e tocar música. Mas para todos os músicos do planeta é muito, muito difícil seguir esse caminho completamente diferente que diminui a importância do formato físico. Mas o importante, sempre, é a música.

2 – Rock Press: Estamos entusiasmados para ouvir o novo álbum do Rhapsody. O que podemos esperar desse lançamento?
Roby De Micheli:
Escolhemos fazer um álbum realmente pesado. Não há equilíbrio em “Challenge of the Wind” – apenas músicas aceleradas e algumas mid-tempos. Optamos por um som mais “porrada”. O Rhapsody of Fire tem muito equilíbrio no fato de que realmente há muito equilíbrio entre baladas e músicas mais pesadas nos álbuns antigos. Agora, decidimos pular isso e ir direto para a pancadaria (risos). Mais velocidade, mais soco na cara: uma atitude mais pesada. Claro, o Rhapsody of Fire tem um núcleo melódico, mas muito forte e pesado. 

3 – Rock Press: No passado você já citou Paganini e Vivaldi como influências. A Itália tem uma história com muitos grandes compositores clássicos. Qual a sua relação com os grandes nomes da música clássica italiana? Como eles influenciaram você em seu caminho de aprendizagem de composição musical? E como eles influenciaram seu trabalho hoje em dia? Alguma banda de rock italiano do passado, como, talvez, as bandas de rock progressivo italianas dos anos 70, influenciou você de alguma forma?
Roby De Micheli: Quando eu era criança, nos conservatórios, aprendíamos muito, muito mesmo sobre os eruditos. Foram muitas horas, dias e anos para tentar trazer o melhor dos antigos compositores clássicos na concepção do instrumento. Usamos isso no Rhapsody, e não só pela parte técnica, mas pela melodia, pela capacidade de criar um clima diferente. Para mim, e para nós, foi muito importante tentar fazer essa experiência da música clássica misturada com o metal. E estamos muito orgulhosos disso. Sobre o Rock Progressivo italiano, a mim sim. Por exemplo, o Premiata Forneria Marconi (Importante banda do rock progressivo italiano) – sou muito amigo de Franz Di Cioccio. O Premiata Forneria Marconi foi realmente uma grande banda nos anos 70 e nos anos 80. A banda compôs grandes músicas e era realmente uma ótima banda ao vivo. E para mim essa foi uma grande inspiração. Porque esse tipo de música realmente atingia o potencial máximo nas apresentações ao vivo. E, o som é realmente fantástico.

4 – Rock Press: Percebi que embora a banda seja mundialmente conhecida, só há músicos italianos na banda. Há algo especial na maneira como os italianos fazem rock?
Roby De Micheli: Bem, não sei (risos). Mas a melodia – acho que o povo brasileiro tem a mesma ideia – porque a melodia, o ritmo, estão no sangue. No momento, a banda é toda italiana e falamos a mesma língua. É mais fácil entender algumas coisas e é mais fácil criar música com gente do mesmo sangue. Eu acho que isso é muito importante.

5 – Rock Press: A maior novidade do rock mainstream há pouco tempo foi uma banda italiana, o Måneskin. Como está a cena do metal na Itália hoje em dia? E deixe uma mensagem aos leitores da Rock Press. Conte-nos o que os fãs brasileiros podem esperar do show do Rhapsody of Fire em São Paulo…
Roby De Micheli: Primeiro de tudo, estou muito feliz que no momento a cena do rock e do metal esteja viva e forte. Estou muito feliz que os jovens músicos tenham novos ídolos. Neste caso são italianos, mas isso não é o mais importante. O mais importante é que os jovens, os jovens músicos tenham uns ídolos musicais. Caras que tocam instrumentos e tentam criar música juntos. Isso para mim é o mais importante. Estou muito feliz que os caras sejam italianos. Aqui na Itália, muitos jovens que se interessam por música, estão tentando tocar um instrumento. Isto soa como uma pequena revolução depois de muitos anos com computadores e outros diferentes tipos de música. Acho que isso é realmente uma coisa boa para todos. E aos amigos do Brasil, estamos realmente trabalhando muito para o melhor set list possível para esse tipo de turnê. Optamos por uma viagem do primeiro ao último álbum, e o show será uma grande experiência. Estar lá será uma grande experiência.

Recomendamos…
A formação atual do Rhapsody Of Fire conta com Alex Staropoli (teclado), Giacomo Voli (vocal), Roberto De Micheli (guitarra), Alessandro Sala (baixo) e Paolo Marchesic (bateria). Já a iniciativa dessa única apresentação do Rhapsody of Fire com a Glory for The Enchanted Lands Tour em São Paulo, é da Produtora Dark Dimensions, o evento terá a banda Skalyface no show de abertura e os ingressos estão à venda (veja serviço abaixo). Prestigiem. – Gabriel Farina.

RHAPSODY OF FIRE
Glory for The Enchanted Lands Tour
Brasil 2024

SERVIÇO:
DATA:
Quinta-feira, 9 de maio de 2024 às 19h (abertura da casa).
LOCAL: Carioca Club – Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros – São Paulo/SP
SHOW DE ABERTURA: Skalyface 
CLASSIFICAÇÃO: 16 Anos
INGRESSOS: Bilheterias do Carioca Club, lojas credenciadas e no site Clube do Ingresso (acesse).
Lojas Credenciadas – (Sujeito à cobrança de taxa de serviço):
Days Music Store – Rua Alagoas, 730, Centro – Belo Horizonte/MG
Galeria do Rock – Loja 255 – Av. São João, 439, Centro – SP/SP
School of Rock – Anália Franco – R. Eleonora Cintra, 82, Vila Regente Feijó – SP/SP.
Metal Music – Rua Álvares de Azevedo, 159, Centro – Santo André/SP
Planet CD – Galeria Pedro Jorge – Rua Senador Pompeu, 834, Centro – Fortaleza/CE
Scheherazade CDs – Rua Conde de Bonfim, 346, Tijuca – Rio de Janeiro/RJ
Dr Rock – Shopping Metropolitan – Rua Emiliano Perneta, 297, Centro – Curitiba/PR
Toinha Brasil Show – Quadra SOF Sul, Quadra 09, Guará – Brasília/DF
Vix Rock Store – Av. Nossa Senhora da Penha, 356, Praia do Canto – Vitória/ES

RHAPSODY OF FIRE – Redes Sociais:
SITE: www.rhapsodyoffire.com
FACEBOOK: www.facebook.com/rhapsodyoffire
INSTAGRAM: www.instagram.com/rhapsodyoffireofficial

GABRIEL FARINA – Escreve por necessidade embora ainda não ganhe a vida com isso. Ouve Rock ‘n’ Roll desde que existe e música continua sendo a principal razão pela qual ele respira. Está cursando Jornalismo pela UFRRJ e é apaixonado justamente pela faceta musical do fazer. Realiza empreitadas pelo mundo das artes para além da escrita jornalística: faz música, pinta, se arrisca atrás de lentes e escreve em versos poéticos sem publicação. Alguns de seus textos estão disponíveis através de links na internet embora ele goste mesmo de coisa analógica. Para ele, discos de vinil são a amostra do mundo material mais valiosa. Nascido em Resende/RJ e morando na Baixada Fluminense, ele tem coisas a dizer sobre esse estado. Não come carne (nem mesmo peixe) já tem um tempo e é muito orgulhoso disso. Torce para o Flamengo por causa, primeiramente, de seu pai – e segundamente por ser, de fato, o maior time do Brasil. Tem tatuagem do Bob Dylan, Leonard Cohen, Gram Parsons, Lou Reed e São Jorge. Dirige o ainda não lançado mini-doc “Canto Geral – Uma Livraria em Seropédica”.

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