Plebe Rude sobe ao palco do Circo Voador para celebração de vida e lançamento do Evolução II – disco que ficou retido devido a pandemia. A banda Inocentes abre o show e Clemente faz jornada dupla.
PLEBE RUDE: Show de lançamento da segunda parte do projeto “Evolução”. Mais de 40 anos de excelentes serviços prestados a música.
PLEBE RUDE + INOCENTES + DJ BISNAGA + FESTA BAUHAUS
24 de março de 2023 – Circo Voador – Lapa/RJ
TEXTO: Leozito Rocha.
FOTOS: Nem Queiroz
A festa Bauhaus de Renato Lima e Cláudio Borges embalaram o público a partir da abertura dos portões e depois das apresentações. No interim também teve um outro convidado especial: DJ Bisnaga. As carrapetas rolaram entre os shows.
INOCENTES…
No último dia 24 de março tivemos duas bandas seminais do nosso país: Inocentes e Plebe Rude. Um programa auspicioso para quem curte os bons sons de primeiríssima linha. Lá estavam pessoas que atravessaram trinta, quarenta anos ouvindo e apreciando essas e outras sonoridades. Até mesmo antes dos anos 80. De qualquer modo, os Inocentes subiram ao palco por volta das onze e tantas e fizeram um show de pura garra e amor a causa. Clemente (sempre simpático e espirituoso) entregou de cara que vinha de uma luta contra um câncer (e vencera) e ainda estava em recuperação física. Por isso sua mobilidade estava comprometida. Mais: o baterista da banda teve um problema e foi substituído por Alonso – do staff da Plebe Rude. Ironicamente, Alonso também estava recuperando-se de uma cirurgia de joelho. Mesmo assim, os rapazes superaram todas as adversidades físicas e proporcionaram ao público um show com muito “punch” e extrema disposição. Revisitaram clássicos da banda como: “Rotina” (que abriu o show), “Expresso Oriente”, “Garotos do Subúrbio” (canção que muitas vezes encerravam apresentações anteriores), “Ele disse não” e “Eu vou ouvir Ramones”. Foi uma sequência de tirar o fôlego mesmo. Clemente comandou a fila do gargarejo ali e esbanjou simpatia e sinceridade. O cantor foi ovacionado pela plateia e era sempre seguido pelos olhos atentos de todos. Acompanhava-o o guitarrista Ronaldo e o baixista Anselmo Monstro. Tudo muito redondo e devendo nada em matéria de qualidade e som. No meio do show pessoas ainda entravam no Circo Voador e a pista foi ficando cheia. Teve coro do público, rodinha punk e muita diversão por parte da plateia. E, olha que a faixa etária era de trinta anos pra cima, hein?! Algumas boas cabeças brancas também eu vi. Porém, ninguém quis saber de descansar ou tomar fôlego. Nada disso. Todos curtiram bastante as canções da banda.
Por fim, Clemente e cia. sacaram “Desequilíbrio”, “Pátria Amada” e “Pânico em SP”. O Circo Voador foi ao delírio. Virou uma pista de roda punk mais uma vez e vozes a plenos pulmões cantando as letras. Deleite total. A banda deixou o palco depois de cinquenta excelentes minutos. Sensação de missão cumprida e entrega certeira de um ótimo show. Foi uma celebração ver e ouvir os Inocentes de volta aos palcos.
“… Brasília tem centros comerciais
Muitos porteiros e pessoas normais
A luz ilumina e os carros só passam
A morte traz vida e as baratas se arrastam …”
(Brasília, Plebe Rude)
“… OLÊ, OLÊ, OLÊ, OLÊ, PLEBE, PLEBEEEE …”
PLEBE RUDE…
Por volta da meia noite e meia, um pouco mais, Philippe Seabra, André X, Clemente (em jornada dupla… Risos) e Marcelo Capucci entraram em cena. A produção colocou uma música incidental anunciando o que viria. A Plebe Rude estava lançando, oficialmente, o seu novo trabalho, “Evolução II” – parte final do “Evolução” lançado em 2019 e interrompido pela pandemia. De modo discreto e tranquilo os rapazes assumiram suas posições e falaram brevemente sobre o retorno ao Circo Voador e sobre o lançamento do álbum conceitual. Antes disso, como já é de praxe, a rapaziada já bradava o velho coro: Olé, olê, olê, olê… Plebe, Plebe! Uma marca registrada já. Acho que isso contagiou muito a trupe. Philippe estava feliz e sedento em mostrar o que havia preparado para o show. A faixa “Evolução” iniciou os trabalhos diante de uma plateia louca para cair dentro. “Brasília” e “Anos de Luta” incendiaram o pessoal do gargarejo. Aos poucos a banda ia empolgando-se e acelerando o público. Ainda sem findar essa última a banda emendou num clássico oitentista genial: “Luzes” da banda co-irmã “Escola de Escândalos”. Oriunda também de Brasília. Philippe adora. Caiu como uma luva no set list.
O figurino da Plebe é que mudou um pouco. Seabra vestido tal qual um dândi e Clemente com um fardamento mais “mod”, por assim dizer. Só André X seguiu o clássico jeans e camisa ao velho estilo punk rock deles. Por ser um grupo que trafega nessa estrada há mais de quarenta anos eles sabem exatamente os caminhos do show, aonde encaixar um improviso e tiradas de improviso seja cantando, tocando ou falando mesmo. O entrosamento de Seabra com Clemente é tanto que surgem brincadeiras e sarros ao microfone. Até mesmo olhares quando um toma a frente de uma música ou espaço no palco. O repertório reuniu canções novas do disco e também do anterior (Evolução I) e entraram muito bem. (Saiba mais sobre esse lançamento na entrevista que fizemos com ele AQUI). Destaques para a excelente “68” (atualíssima), “Descobrimento da América” e “Vitória” (quem leva no gogó é o baterista Capucci). “América”, inclusive, tem quase dez minutos e mesmo assim passou com louvor no palco.
A Plebe Rude é daquelas bandas que pode lançar mão de certos clássicos sem medo algum. Com tantos trabalhos e clássicos na manga torna-se quase que obrigatório a presença de certas canções ali. É o caso de “A Ida” (momento confessional: está no meu top 3 deles) iniciando com uma roupagem moderna e linda. Violão na frente e a cozinha em seguida. Mas, ainda tinham petardos como: “Minha Renda” (cantada efusivamente pelo público), “Esse Ano”, “Censura” (executada de forma magnífica), “Sexo & Karatê”, “Nunca Fomos Tão Brasileiros” (Clemente assumiu o vocal principal) e “Johnny Vai a Guerra” (Outra Vez) – Clemente de novo nos vocais – com elementos semi programados e efeitos criativos. Um clássico do punk rock. Aliás, a banda é uma das mais relevantes representações do nosso punk rock. Sempre gozaram de muito prestígio tanto com o público como com a crítica. A moral jamais baixou.
Além de celebrações tivemos um momento já clássico: homenagem ao finado Redson, do Cólera, com a fantástica faixa “Medo”. O Circo Voador inteiro rendeu homenagens e cantou do começo ao fim. Desde o falecimento (2011) do músico que a banda inclui no set list essa faixa. Para o momento em que iniciava-se “Proteção”, Seabra chama ao palco o guitarrista Ronaldo dos Inocentes e há uma ótima simbiose entre a faixa e “Pátria Amada” dos Inocentes. Publicamente, Seabra agradece aos Inocentes e rende imensos elogios ao grupo punk paulista. Parte bonita e honesta.
Ao fim, a Plebe despede-se do palco e retira-se. Aquela famosa deixa para o BIS. Em dois minutos voltam e emendam uma cover poderosa de The Who com “Baba O’ Rilley”. Ficou fantástico. Termina com mais duas faixas e prepara o “gran finale”: “Até Quando Esperar?”. Pronto! Não faltava mais nada. Quem foi viu um ótimo show, recheado de clássicos e homenagens, muita criatividade e disposição dos músicos, além de um cardápio que, certamente, agradou a todos que lá estiveram. A Plebe no palco é sempre sinônimo de grandeza. E, não foi diferente. Viva a Plebe! Viva os plebeus! – Leozito Rocha.
OUÇA “EVOLUÇÃO VOL.II”: https://onerpm.link/549554414118
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AGENDA PLEBE RUDE:
São Paulo/SP – SESC Vila Mariana – 08/04
São Paulo/SP – SESC Vila Mariana – 09/04
Jundiaí/SP – SESC Jundiaí (c/ @inocentesoficial ) – 28/04
Campinas/SP – SESC Campinas – 29/04
Leozito Rocha é radialista, pesquisador musical, escritor e amante de cinema. Colaborador de sites musicais, curador de rádio, editor e apresentador do “O Som do Leozito” na Internova Rádio (OUÇA), e observador incurável. Seu facebook é: https://www.facebook.com/leo.rocha.798/