Com casa cheia, a Lona da Lapa foi novamente um palco memorável com as apresentações comemorativas pelos 40 anos de dois álbuns clássicos do Rock Brasil. Plebe Rude com “O Concreto Já Rachou” e Zero com “Passos No Escuro”. Nos intervalos, DJ Edinho, agitou geral. Saiba como foi…

PLEBE RUDE & ZERO
Sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Circo Voador – Lapa – Rio de Janeiro/RJ
TEXTO: Jonathan Assis
FOTOS: Nem Queiroz
Era uma típica noite de muito calor na capital carioca, mais uma dessas noites clássicas no Circo Voador e do projeto Verão no Circo com direito a um refrescante chuverão liberado para o povão.
Guilherme Isnard e Zero


O clima quente e a energia pulsante deram o tom para o evento e o público parecia saber o que estava prestes a viver em uma noite que prometia ser histórica. O primeiro ato da noite ficou por conta da apresentação da banda Zero, que subiu ao palco por volta das 21h10, já mostrando ao que vieram, um show envolvente e nostálgico.
Com um palco bem montado e a formação sólida de músicos, o show teve como destaque “Passos no Escuro”, primeiro álbum da banda, lançado em 1985. O público cantou junto, acompanhando a energia das guitarras de Daniel Viana e os solos de sintetizador new wave do tecladista Sideman Caius Marins, um mergulho no passado.

O improviso de Guilherme Isnard ao final de “Agora Eu Sei”(hit lançado em parceria com Paulo Ricardo do RPM) quando convidou todos a cantarem “Ando Meio Desligado” de Os Mutantes, revelou um momento espontâneo de celebração do legado do rock brasileiro, ganhando um caráter de comunhão entre banda e público.

O som da Zero é uma verdadeira cápsula do tempo. As guitarras de Daniel Viana trouxeram uma atmosfera 80’s, com timbres vibrantes e solos inspirados em bons momentos da década. O baixo de Nivaldo Ramos foi a espinha dorsal, com escalas envolventes que criaram uma base sólida, já a bateria, de Gustavo Wermelinger, ofereceu o ritmo frenético para acompanhar a nostalgia. Juntos, os músicos criaram uma experiência de viagem no tempo rumo a essência do rock dos anos 80.
A última música do set da Zero, foi “Quimeras”, um ponto culminante, preparando o terreno para a grande atração da noite: Plebe Rude.
Plebe Rude em mais uma
noite histórica no Circo Voador!


Batia 22h55, quando o palco foi invadido pela presença elétrica da Plebe Rude, que imediatamente causou uma explosão de emoções na plateia. O público estava mais do que preparado para a intensidade da banda, que iniciou com “Sua História”. Seguiram-se os clássicos “Anos de Luta” e, ao final veio o sempre impactante “Boa noite, Circo Voador!”, com o vocalista e guitarrista Philippe Seabra fazendo uma breve viagem no tempo, lembrando que já se passaram 41 anos desde o primeiro show da banda na casa. Atualmente a Plebe Rude conta com o baixista André X, o guitarrista e vocalista Clemente Nascimento (do Inocentes), e o baterista Marcelo Capucci, ou seja, a Plebe Rude em toda sua experiência, carisma e entrega.
Momentos Marcantes…

O show contemplava o álbum “O Concreto Já Rachou”, um disco indispensável para a história do Rock Brasileiro, em especial entre os produzidos na década de 1980, afinal o disco ajudou a inspirar diversas bandas pelo Brasil.
Entre os muitos momentos marcantes da noite, destacou-se a interpretação intimista de “Este Ano”, com Philippe tocando violão e convidando a plateia para cantar junto, acompanhando o bumbo da bateria. O público não hesitou e, com palmas e vozes, criou uma vibração que contagiou até os músicos. O momento de união foi forte e ao fim da música, a plateia gritou “Olê, Olê, Olê, Plebe! Plebe!” em gratidão.
Uma das novidades da banda é o lançamento do livro “O Cara da Plebe” de autoria do próprio Seabra e talvez por isso ele tenha compartilhado uma memória histórica com a plateia: “No dia 1 de julho de 1981, em um ensaio da banda Aborto Elétrico, surgiu a primeira canção da Plebe Rude, chamada ‘Pressão Social’”, que contou com Clemente assumindo o vocal. Em seguida, veio “Johnny Vai À Guerra”, e com ela o público se entregou na roda punk!
Sobre o livro, a Rock Press conversou com o Seabra em março de 2023, (leia aqui), na época o livro ainda estava em fase de produção e a banda se preparava para uma apresentação também no Circo Voador e que também estivemos presentes, (leia aqui).

A noite também teve tom de tributo com a canção “Medo”, onde a Plebe Rude fez uma bela e sempre justa homenagem ao Redson Pozzi, fundador da banda paulista Cólera, ícone do punk rock nacional, que faleceu precocemente aos 49 anos. Um momento de reflexão. Redson foi desbravador do Punk no Brasil, uma pessoa a frente do seu tempo, inspiradora e um exemplo a ser seguido!

O show continuou com “Minha Renda”, com direito a uma sincronização de letras no projetor e imagens da banda no Programa do Chacrinha. O público deu vida ao clima de karaokê coletivo, refletindo sobre o preço da fama e o impacto da cultura pop nos anos 80. Já em “Sexo e Karatê” foi recebida com entusiasmo e com direito a imagem de Bruce Lee no telão: um contraste inusitado entre o rock e a arte marcial japonesa. Veio “Proteção”, e a banda fez uma citação de “Selvagem”, dos Paralamas do Sucesso, como um link entre diferentes vertentes e letras do rock nacional que se complementavam, deixando claro que a noite também foi marcada pela experimentação e mistura de influências.
Rock encontra Carnaval…

Na reta final do show, a banda apresentou suas últimas três músicas: “Bravo Mundo Novo”, “Brasília” e a icônica “Até Quando Esperar”. A surpresa ficou por conta da participação do Bloco Dinos A/C, uma fusão de rock e samba que trouxe um clima de carnaval. A mistura de ritmos mostrou que o rock é atemporal e capaz de quebrar barreiras, especialmente quando é interpretado com tanta energia.
DJ Edinho Comandando a Pista!
Nos intervalos dos shows, o Circo Voador esteve enérgico com o set do DJ Edinho, na discotecagem que manteve o clima de festa. Tocando hits que transportaram muitos para os anos 80 e fazendo com que a noite pulsasse no coração da Lapa.
Noite Inesquecível!

A data de 7 de fevereiro de 2025 no Circo Voador foi além de um show de rock: foi um resgate de histórias, uma celebração aos grandes nomes do rock nacional e a demonstração de como a música tem o poder de unir gerações. Sem dúvida, um real tributo ao Rock Brasil, com a energia inesgotável de bandas como Zero e Plebe Rude, que continuam mostrando a verdadeira essência do rock. – Jonathan Assis.
Jonathan Assis é carioca, comunicólogo, publicitário, músico, ator, fotógrafo, movido a descobertas sonoras e sua banda é a Benkens!
Uma resposta
Muitíssimo obrigado pelos elogios a essa nova formação, algo que é de muita responsabilidade, visto o legado que o nome Zero carrega, além de estar ao lado de um dos maiores vocalistas da história do rock nacional, Guilherme Isnard.
Muito prazer.
Nivaldo Ramos.
Baixista da banda Zero.