No último dia 2 de junho o Experience Music na Lapa (RJ) recebeu as bandas Plastique Noir (Fortaleza/CE) e Twin Tribes (EUA), além de DJs, colorindo de preto o boêmio bairro carioca. A realização foi uma produção da Desolate Discoteche.
Plastique Noir e Twin Tribes in Rio!
2 de junho de 2024
Rock Experience – Lapa Rio de Janeiro/RJ
TEXTO: Fabiano Soares
FOTOS: Antonio Carlos Paes
Com casa cheia a noite começou com um setlist animado do DJ, colocando todos os morcegos para chacoalhar as asas, vale destacar, durante todo o evento os DJs Bvolt, Corvo SK e Rick Curado animaram geral. Em meio a essa fome de viver, pontualmente às 8 horas da noite começou o show do Plastique Noir.
Plastique Noir…
O trio cearense esquentou muito o público da noite. Na segunda música do setlist, “24 Hours Awake”, a plateia cantou junto com a banda, e dava para perceber a abertura de luxo que estávamos tendo. Logo depois fomos bombardeados por hits do “Dead Pop”, clássico álbum do Plastique Noir, e toda a marcação do baixo, aliada à guitarrinha e às batidas programadas, já faziam os ombros moverem mais salientes, se esbarrando com os vizinhos. Airton, o vocalista, quando largava seu board e aproximava-se da plateia, sabia que conseguia a animação que queria; e assim tivemos o coro do público em “Creep Show”, com a casa já lotada. Inclusive a capacidade de dominar o show de Airton (foto abaixo) é impressionante, que comandava os cariocas com seu sonar harmônico! E ao fim de cada música ele parava para avisar aos músicos, Deivyson responsável pela marcação dos passinhos dançantes, no baixo e Danyel o dono das notas suaves que rolavam nas músicas, qual seria a próxima, já que não havia passado o setlist para eles.
Chega a ser engraçado ver o guitarrista, Danyel, com seu som leve, um agudinho suave ali, dando o contraste com o grave sempre vivo do baixo, e as batidas. Quem conhece a outra banda em que Danyel toca, o Facada (#Recomendamos), com muito mais distorções e a guitarra no talo, sabe que o cara representa quase um monge nos shows da Plastique. Rolou ainda uma sequência do álbum “Iskuros”, com o pico de “Kafé”, também cantada pelo público do início ao fim, num misto de celebração dark com o expurgo do governo que passou.
E infelizmente, tudo o que é bom, dura pouco, e após outro estouro de animação, com “Rose of Flesh and Blood”, Airton anunciou que precisaria tocar a última, por conta do horário do voo, que estava apertado. Após fechar com “Vésper”, às 9 da noite em ponto, recolheram rapidamente os instrumentos e saíram, em grande estilo, após fazer um showzaço para quem chegou cedo!
Twin Tribes…
Para quem esperava o show do Twin Tribes logo em seguida, teve que esperar um pouco. Somente após uma dupla de DJs alternarem-se, e por volta de pouco mais das 22:40 é que os gringos iniciaram o show da turnê de “Pendulum”, seu último álbum. Bem divididos no palco, tínhamos o lado direito com a guitarra e toda a parte harmônica de Luis Navarro (incluindo a voz e teclado solo em alguns momentos), e na parte esquerda tínhamos a base de Joel Niño Jr (seja no baixo, sempre marcante, como na maioria das bandas com influência gótica, assim como no teclado base e nas batidas). Embora tenham arrancado gritos do público ao entoarem as primeiras músicas, foi com “Perdidos” que o público chegou junto para cantar. Dançar, já dançavam. A abertura do Plastique Noir e os sets dos DJs não deixaram a pista esfriar mesmo com o relativo atraso para o início do segundo show.
Em “Paradox” foi bonito, com os dois tocando teclado no início sendo Luis sempre a parte harmônica, e depois ficando só Joel no teclado, enquanto o outro voltava para sua guitarra e cantava para as quase 300 pessoas que lotaram o Rock Experience para ver o duo! Depois, com o baixo já retomado, as danças foram rolando até o pessoal se balançar bastante com “Lobo-hombre en París”, uma versão do clássico da banda La Unión. Como o espaço era pouco, devido à lotação, era mais uma tentativa de dança, meio esbarrões, mas o importante era que rolava aquela emoção gótica, fingindo desânimo, mas animada. Joel voltou para o teclado grave e logo nos primeiros acordes, o público pirou com “Monolith”, a última música do álbum “Pendulum” tocada no show cujo clipe já passou de 1 milhão de visualizações.
Já encaminhando para o final do show, “Shadows” e “Tren Al Sur” (uma versão da canção da banda Los Prisoneros) fizeram o pessoal se esmagar de forma mais intensa, já anunciando que o show estava acabando. E foi com o som grave do teclado de “Fantasmas” que Luis anunciou ser a última música, e despediram-se do Rio em grande estilo, com algumas pessoas cantando junto!
E a Lapa, com toda a sua diversidade, teve que engolir a massa sombria, que em peso dominou o bairro naquele domingo. Diversidade é assim. Nem sempre é colorida e alegre. Mas pode ter certeza que, apesar dos estereótipos, alegria sobrou no público que assistiu aos shows ali! Valeu, Desolate Discoteche! – Fabiano Soares.
FABIANO SOARES – é amador, cineasta, escritor e fotógrafo amador, mas faz tudo com vontade! Escreveu “Rio Nosso de Cada Dia”, abordando essa cidade que encanta e assusta tanta gente diariamente. Dirigiu curtas-metragens e alguns videoclipes de bandas do Rio de Janeiro, como Gangrena Gasosa, Uzômi, Incognosci, Overnoisy e Feretral. Atualmente dedica-se a estudar a Canibal Filmes no mestrado em Mídias Criativas da UFRJ. Também vende material de cinema, literatura e fanzines independentes em shows, além da banquinha de sex shop que divide com a esposa, Luciana. Porque rock é metal é muita vibração! E, lógico, como uma das suas principais definições, é pai do Edgar, que aos 6 anos já está encaminhado nos filmes de terror e nos sons doidos!
ANTONIO CARLOS VERAS PAES – É Biólogo, fotógrafo, fanzineiro dos anos 90, participa da Rock Press desde 2012, colecionador de vinil, fez programa de rádio de 1999 a 2002 com músicas dos anos 50/60. Apresentou Lives no facebook só com vinil e contando histórias dos discos. Siga: @disco_deveras.
