NEW MODEL ARMY: Show para lavar a alma dos fãs!

A banda inglesa subiu ao palco lendário do Circo Voador (RJ) e brindou a todos que lá estavam com um show potente e instigante, encerrando a turnê brasileira com chave de ouro.

NEW MODEL ARMY:
Show para lavar a alma dos fãs!

Circo Voador – Rio de Janeiro/RJ
09 de junho de 2025

TEXTO: Leozito Rocha
FOTOS: Michael Meneses!

Justin Sullivan (foto) afirmou que não sabe quase nenhuma palavra em português. Em ótimo “britânico” inglês ele disse, na verdade, que só sabe a porra de uma palavra. “One fuck word”. Entretanto, nada disso fez-se necessário na noite desse domingo (09) no Circo Voador. O New Model Army veio, viu e venceu. Sustentados por um ótimo set list onde conseguiram englobar mais de 70% dos álbuns lançados, acrescido de cinco novas canções do disco recente, a banda celebrou no palco mais de quarenta anos de excelentes serviços prestados.

O certame começou às 20:27hs (horário de Brasília) depois de discotecagens de Marcelo Janot e a banda de abertura. Salnaveia é nome da banda. Chamada às pressas, o Salnaveia fez uma apresentação só com covers. O “esquenta” havia começado. (Nota do autor: admiramos todos os músicos sem nenhuma exceção, porém essa era uma excelente oportunidade para dar chance a bandas com material próprio).

Quando o New Model Army subiu ao palco com Justin Sullivan (voz, guitarra), Dean White (guitarra), Ceri Monger (baixo) e Michael Dean (Bateria) – graças ao esforço da produtora Liberation MC – o público teve a certeza de que a espera de mais de trinta anos havia terminado. Sim, a banda fizera um show antológico na cidade (e no país) três décadas antes e muita gente boa não esquecera. E, lá estavam mais uma vez. Decerto que, nem Justin Sullivan esqueceu… Em determinada hora o músico mencionou essa passagem no microfone. Mas, agora com uma novidade, a banda convocou para os teclados o músico de Liverpool, Nguyen Green. Quase um sósia de Sean Lennon! …”

“Coming or Going” iniciou como um trovão. A primeira das cinco do disco novo do set list. E, rapidamente, uma das canções mais bacanas da banda. Caiu muito bem dando início ao show. “First Summer” e “Language” (ambas também do disco novo) seguiram juntas dentro do rol e mostraram-se alinhadas com o “punch” e assinatura da banda. Ao vivo, a cozinha do NMA funciona redondo e impacta muitas vezes. Eu estava ao lado do palco e senti cada nota do baixo e pancada na pele da bateria. Se já empolga no disco no palco é sublime. Foi o caso, por exemplo, de “Storm Clouds”. O baixista, Ceri Monger (foto ao lado), foi para uma mini bateria ao lado e desceu o braço. Algo selvagem, tribal… Deu um clima pesado e bonito ao show. Peso para nenhum fã de metal reclamar.

O público tinha suas prediletas. Muitos gritos pedindo “Vagabonds” (estranhamente não entrou), “51st State” (era uma questão de paciência, né?) e “War” (abreviada aqui). Pediram tanto que vieram quase que coladas… “Here Comes the War” chegou bem demais… Bateria com andamento mais ritmado e o refrão com o título da canção. Coro absoluto! O clássico mundial da banda estava logo ali… E, iniciou com aquele violão lindo que nos acostumamos a apreciar do New Model Army. Desde os primeiros versos ao refrão ninguém parou de cantar. “51st State” é canção que até o mais desavisado aprende e entende. Pule de dez. Mas, o melhor ainda estava por vir. Os caras guardaram uma coleção de magníficas canções pro final. Quando começou os acordes de “Purity” tudo congelou. Nem o mais gélido ser humano passa incólume. É impossível a pessoa não sentir a beleza dessa música e sua melodia exuberante. Aqui, ampliada por um arranjo bonito nos teclados. Ficou mui belo. Ao final dessa a banda saiu do palco. Tudo ensaiado para aquele BIS redentor

Como eu expliquei que ainda viria coisa boa, o retorno acontece e traz “Get Me Out” (um clássico enorme deles) para delírio dos fãs. Canção que eles não colocaram em SP. Aqui (RJ) trouxeram nos BIS ao lado de “The Hunt” e “I Love the World”. A interação é incrível entre fãs e banda. Do começo de “The Hunt” (regravada pelo Sepultura e mencionada por Sullivan) ao refrão banda e plateia parecem transmutados. Alquimia pura. A potência sobe e o público responde com gritos (uníssonos da plateia) quase de coreografados: Hey! Hey! Hey! E, tudo fecha com uma declaração (será?): “I love the world“! Ponto final…

Gostaria de destacar duas coisas que o olho humano capta… 1) O público no Circo Voador sacou o celular muito menos do que em outros shows. Prova de uma interação e amor a banda. 2) um rapaz com ascendência japonesa ficou em pé sobre outro e “regeu” a plateia durante a execução da canção “Green And Grey”. Ficou emblemática a cena. Muitas fotos foram tiradas, como essa aqui ao lado (foto) e tem circulado pela rede tal imagem. Tempos depois chegou ao nosso conhecimento que esse rapaz já o fizera o mesmo em Portugal e na Alemanha. É uma tradição tal REGÊNCIA nesse momento do show. Yeah! Mais um ponto para o Circo Voador.

Quem esperava showzão acertou em cheio. New Model Army entrou em cena, contagiou todo mundo, hipnotizou certas vezes e deixou o sentimento de missão mais que cumprida. Foi algo que deixaria muita banda jovem com ciúmes. Não deveria… Deveria ser tomada como uma aula de “como se fazer um show”! Foi isso.

Ah sim: A única palavra que Justin sabe em português é: *Obrigado!*
De nada, Justin! – a gente responde. – Leozito Rocha.

SET LIST:

1 – Coming or Going
2 – Long Goodbye
3 – First Summer After
4 – Language
5 – Winter
6 – Stormclouds
7 – Do U Really Want to Go There?
8 – Never Arriving
9 – Here Comes the War
10 – 225
11 – Green & Grey
12 – Idumea
13 – 51st State
14 – Angry Planet
15 – Purity
16 – Wonderful Way to Go

BIS

17 – Get Me Out
18 – The Hunt
19 – I Love the World

Leozito Rocha – É radialista, pesquisador musical, escritor e amante de cinema. Colaborador de sites musicais, curador de rádio, editor e apresentador do “O Som do Leozito” na Internova Rádio (OUÇA), e observador incurável. Seu facebook é: https://www.facebook.com/leo.rocha.798/

Respostas de 4

  1. Texto bacana sobre um que, com certeza, foi bacana também. Querido Léo Rocha sempre manda bem em seus textos.

  2. Texto impecável, enxuto e ao mesmo tempo completo, um dos melhores ( o texto e o autor. Parabéns, Leo). O show foi realmente tudo isso aí e vc conseguiu captar cada detalhe! Se eu nao tivesse ido, pelo seu texto, iria chorar o resto do ano de arrrependimento! Mais uma vez, Obrigado Leozito Rocha e a RockPress por tão assertiva aquisição. Leozito é fera!

    1. Obrigado, Nem! Vc é um fotógrafo de mão cheia. Nos seus cliques a gente consegue ver o talento e a veia artística. Fera demais

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