NAÇÃO ZUMBI: Manguebeat 30 Anos in Rio!

A pluralidade nordestina se fundiu ao espírito carioca no Circo Voador na sexta-feira (11/08). Com ingressos esgotados, Mateus Fazeno Rock, Nação Zumbi e DJ Naroca agitaram a noite na Lona da Lapa em show pelos 30 anos do Manguebeat. A Rock Press conferiu! Saiba mais na matéria que segue.

NAÇÃO ZUMBI:
Manguebeat 30 Anos in Rio!

Circo Voador – Lapa – Rio de Janeiro/RJ
Sexta-feira – 11 de agosto de 2023
TEXTO: Daniele Rodrigues
FOTOS: Larissa Zanchetta

O movimento Manguebeat completou 30 anos. Nascido na periferia do Recife no início dos anos 1990, logo aquela novidade se tornou uma dos maiores símbolos daquela década, sendo ainda hoje uma referência da contracultura brasileira. O movimento teve como seu principal precursor o cantor e compositor Chico Science, que junto com a sua banda, Nação Zumbi, conseguiu o feito de expandir além da cena local e alcançou todo o Brasil. Feito raro para uma época em que prevalecia o eixo Rio / São Paulo. Chico Science, infelizmente, morreu precocemente, mas deixou um legado consolidado para a música brasileira.

O movimento conta não apenas com o Nação Zumbi, afinal somam ao Manguebeat nomes como Mundo Livre S/A, Devotos, Sheik Tosado, Jorge Cabeleira, Mestre Ambrósio e tantos outros. Também é importante mencionar que paralelamente ao Manguebeat surgiu o Abril Pro Rock, festival que colocou em definitivo Pernambuco na roda das turnês, nacionais e internacionais, sempre valorizando o rock pernambucano.

Passados 30 anos do início daquela revolução que chegou no Rio de Janeiro no palco do Circo Voador, o que se viu na noite de sexta-feira,11 de agosto, foi a prova que o Movimento Manguebeat segue vivo, fazendo história e revolucionando!

Mateus Fazeno Rock estreando no Circo Voador!

Mateus Fazeno Rock e fazendo bonito!

Em show de estreia no Circo Voador, Mateus Fazeno Rock nomeia o criativo coletivo surgido em Fortaleza e que abriu a noite, mostrando um pouco do que há de melhor na atual cena nordestina. O misto de hip hop, rock, poesia falada e outras variações conquistou o público desde início, com a primeira música, “Jesus ñ voltará”.

Letras carregadas de crítica social, relatando parte do cotidiano urbano de Fortaleza, mas que facilmente poderia se passar em qualquer outra metrópole brasileira, interagem com batidões vibrantes, acompanhados de elementos inusitados, como a poesia falada e as letras que abordam temas desde amor e sonho, indo até o sofrimento, a superação e as injustiças sociais. As realidades dos guetos. Tudo isso embalado pela dança performática dos dançarinos integrantes da rede Mateus Fazeno Rock. A rede, nesse caso, o próprio instrumento de trabalho do pescador, foi parte destacada no figurino, formando uma metáfora visual. Performances corporais embaladas à psicodelia fluíram livremente pela sonoridade, dimensionada pelo groove, hip hop e até grunge, como na música “Legal, Legal”. Uma clara referência à “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, firmando uma quebra de padrões dos gêneros musicais. Como disse a música Pose de malandro / Me querem morto: “Festa de preto é pra se libertar!”. Que haja liberdade e quebra de padrões!


Antes da atração principal. o produtor cultural, radialista e mestre de cerimônia DJ Lencinho fez um importante discurso em homenagem ao  adolescente Thiago Menezes Flausino, (13 anos), vítima de uma bala perdida durante uma ação policial na Cidade de Deus, na região da Zona Oeste Carioca, com o publico ovacionando o jovem Thiago. Foi poético! O triste foi que horas depois, na manhã de sábado (12/08), Eloá Passos, (5 anos) foi atingida por outra bala pedida em uma ação policial, dessa vez na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Também é fato reconhecer, que essa guerra não se resume apenas ao Rio de Janeiro, sabemos que todos os dias Thiagos e Eloás aumentam essa triste estatística no Brasil. A nós resta perguntar: a quem interessa essa guerra ao tráfico e uma polícia pouco preparada?

NAÇÃO IN RIO!

Passada a justa homenagem e já batendo meia noite, a Nação Zumbi subiu ao palco, mostrando que os quatro anos sem apresentações deixaram saudades não somente nos cariocas que lotaram o Circo Voador, mas também em muitos turistas vindos de estados como São Paulo, Goiás e Minas Gerais, que vieram ao Rio de Janeiro para o Festival Doce Maravilha e apareceram na Lona da Lapa, que estava com sua capacidade máxima para prestigiar a banda recifense.

O setlist, que contou com mais de quinze músicas, fez o público cantar e vibrar do começo ao fim com grandes sucessos, como “Um Sonho”, “Meu maracatu pesa uma tonelada”, “A Cidade” e tantas outras que vêm marcando a trajetória da banda nesses 30 anos de Movimento Manguebeat.

Antes e depois do shows, no lounge e na área gastronômica, a interação fluía entre o público, que de fato parecia estar há muito na expectativa por esse show. Tudo embalado pela discotecagem do DJ Naroca, pois a energia estava em alta e todos queriam aproveitar essa noite memorável. – Daniele Rodrigues.

Daniele Rodrigues É pedagoga, indigenista, produtora de filmes de animação. Curte boa música. E, de vez em quando, escreve também! Conheça seus trabalhos de animação AQUI!

Larissa Zanchetta Fotógrafa de shows e espetáculos e gastronomia. Produtora de eventos e aspirante a social media. Conheça Seus clicks AQUI!

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