Os estadunidenses do Mudhoney desembarcam no Brasil para shows em Curitiba no Tock N’ Roll (19/03), São Paulo no Cine Jóia (21), Rio de Janeiro no Circo Voador (22), e Belo Horizonte na Autêntica (23), No embalo desses shows da banda abordaremos o álbum “Every Good Boy Deserves Fudge” em mais uma edição da Coluna Discão!
TEXTO: Leozito Rocha

Em 1991, meses antes do Nirvana estourar com seu “Nevermind”, o Mudhoney lançava “Every Good Boy Deserves Fudge” com a produção de Conrad Uno. Saía pela classuda Sub Pop. Label que os acompanhou nesse começo de trajetória. Era a primeira vez que eles não gravavam com Jack Endino (saudoso produtor e que ficou famoso como padrinho do grunge).
A banda formada ali em 84, 85 com Mark Arm, Steve Turner (os dois líderes), Matt Lukin (saiu em 99 e depois voltou) e Dan Peters tinha a fórmula do punk rock e o rock garagem. Era coisa boa. Coisa fina. Tanto que eles estreiam com o maravilhoso “Superfuzz Bigmuff” de 88 (produção Jack Endino) aclamado pela crítica e, tido por muitos, como a pedra fundamental do GRUNGE. Nessa época sai um single que é a pepita de ouro dos caras: “Touch me I’m Sick”. Ouça no talo, por favor! Seguido de “Sweet Young Thing Ain’t No More” (que considero o pilar do grunge. Escutem e me digam se isso não é o resumo do Nirvana).
Mas, indo direto ao ponto… No ano de 1991, os caras estavam com umas ideias meio estranhas de lançar discos com covers (uma tradição deles) e em meio a isso convidaram Conrad Uno para ajudar nesse disco. Demovidos das propostas iniciais eles entram em estúdio (Seattle) e preparam esse trabalho importante.
“Every Good Boy Deserves Fudge” – numa síntese do nome do álbum – é pesado, tem elementos do metal, do punk rock, do rock garagem e do grunge (por que não?). Tudo na medida certa, encorpado, no punch, no noise. Os efeitos de guitarra são poderosos, o baixo é alinhado e ajuda no peso das canções. Não à toa esse era um dos discos prediletos de Kurt Cobain. Temos ali canções como “Let It Slide” (single de trabalho), “Good Enough” (clássico do disco e com um clipe que rolou muito na MTV), “Generation Genocide” que abre o disco como um teaser macabro. Ecos de Black Sabbath na abertura. Com pitadas de Stooges e MC5 ao longo do trabalho.
A questão é que o Mudhoney jamais fez questão de estar no mainstream, na fama. Ao contrário: eles rechaçavam como algo colérico (não deixava de ser…). Na década de 1990, quando o GRUNGE estoura eles são absorvidos e alcançados sem terem feito nada para tal. A banda seguia fazendo discos como sempre fizeram e naturalmente a mídia e público olharam para eles. E, mesmo assim não foram tão tomados por sucesso. A coisa ficou no Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains, Stone Temple Pilots, etc…
Fazendo uma livre analogia aqui com vocês (olha a quarta parede…rs) o Mudhoney estaria mais para Screaming Trees, Sonic Youth (de alguns discos), Meat Puppets e tal. Mas, claro eles também andavam com camisas xadrez, com flanelas e jeans surrados. Nada que a juventude em Seattle também não fazia.
Voltando ao álbum, faixas como “Thorn”, “Into the Drink” ou “Shoot the Moon” seguem com o melhor do som de garagem. Tem o barulho, a sujeira e a energia do bom punk rock. Aliás, Steve Turner sempre deixou bem claro em entrevistas que “o grunge era basicamente guitarras”. Faz sentido em certo prisma.
Temos a pesada “Something So Clear” abusando de vocais gritados e sujeira nas guitarras. E, uma espécie de co-írmã “Who You Drivin’ Now?” seguindo a mesma agressividade e proposta. Um dos momentos de quebra do álbum é em “Broken Hands”. Canção mais densa, lenta e com uma atmosfera melódica. Embora haja sempre o peso da banda. Isso é inegociável!
Destaco também “Fuzz Gun ‘91” – um petardo com solo de bateria. Dura dois minutos, mas é a essência do punk rock. Ou “Pokin Around” que tem uma melodia linda. Uma introdução superbacana. Além da gaita (em ”Move Out” também usa e abusa da harmônica), claro. O disco fecha com “Check-Out Time” anunciando o encerramento de um trabalho essencial ao gênero. Um belo desfecho sem grandes alardes, mas com talento de sobra.
Muita gente considera esse disco o melhor trabalho dos caras. Há pessoas que colocam o “Superfuzz…” ou o “Piece of Cake” (tem “Suck You Dry” e “Blinding Sun”) nessa condição. Isso depende muito do momento e das circunstâncias, mas o fato é que eles fizeram coisas muito boas nos anos 80 e 90. Muita coisa boa mesmo. E, seguiram fazendo, fato. O próprio show que eles estão trazendo faz uma seleção bacana desse tempo e inclui faixas do último disco, “Plastic Eternity”, lançado em 2023.
Recomendamos…
Os ingressos seguem a venda para todos os shows. Saiba mais sobre a tour no Brasil aqui em Rock Press, no texto de Larissa Oliveira. #Recomendamos (o álbum e os shows) – Leozito Rocha.
Mudhoney – Tour Brasil 2025
SERVIÇO:

CURITIBA/PR
LOCAL: Tock N’ Roll
DATA: Quinta-Feira, 20 de março de 2025
INGRESSOS: Antecipados no site da Meaple (aqui).
SÃO PAULO/SP – Cine Joia – 21 de Março
DATA: Sexta-feira, 21 de março de 2025
LOCAL: Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade – SP/SP
INGRESSOS: antecipados no site da Fastix (aqui).
RIO DE JANEIRO/RJ
Mudhoney + Frogslake + Grindhouse Hotel + DJ Julio EleMesmo
DATA: Sábado, 22 de março de 2025 (Abertura dos Portões às 20h).
LOCAL: Circo Voador – Rua dos Arcos s/nº – Lapa/RJ
INGRESSOS: No site da Eventim (aqui), e na bilheteria do Circo Voador. sempre 2h antes da abertura dos portões.
CLASSIFICAÇÃO: 18 anos (14 a 17 anos somente acompanhados pelos responsáveis).
REDES SOCIAIS DO CIRCO VOADOR:
SITE: www.circovoador.com.br
X: https://twitter.com/circo_voador
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/circovoador/
FACEBOOK: https://www.facebook.com/circovoadorlapa
BELO HORIZONTE/MG
LOCAL: Autêntica – Rua Alvares Marciel, 312, Santa Efigênia – Belo Horizonte/MG
DATA: Domingo, 23 de março de 2025 (domingo)
INGRESSOS: antecipados no site da Sympla (aqui).
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