No último dia 20 de janeiro, o palco do Circo Voador recebeu em grande estilo e com uma produção impecável uma belíssima roda de samba comandada por Marcelo D2 e família, no show “Um punhado de bamba”. O show memorável marcou o lançamento do single “Povo de fé” e abriu os caminhos para o álbum “Iboru”, que chega ao público em fevereiro. Abrindo a noite, o rapper Sain, filho do D2.
MARCELO D2: Samba Family no Circo Voador!
Circo Voador – Rio de Janeiro – Sexta, 20 de janeiro 2023
TEXTO: Kesley Meneses
FOTOS: Rodrigo Ferreira
Cria da Lapa e com uma longa relação de parceria e afetividade construída com o Circo, D2 apresentou o show “Um punhado de bamba”, repleto de grandes clássicos do samba, alguns sucessos de sua carreira solo e ainda presenteou o público com músicas inéditas que estarão em seu próximo álbum, “Iboru”, que será lançado em fevereiro. Porém, o videoclipe do primeiro single – Povo de Fé – já está disponível e foi idealizado e dirigido pela Pupila Dilatada, produtora de Marcelo D2 e Luiza Machado, já está disponível e reúne imagens do subúrbio carioca. ASSISTA AQUI!
Foi, de fato, uma sexta-feira bastante simbólica, a começar pela data. Feriado de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, até a chuva, bastante incomum para o verão carioca, deu trégua em uma noite de clima agradável e convidativo para a festa. Para os fãs que acompanham a trajetória de Marcelo D2 na música, certamente foi um momento de celebração, com muitas emoções em um espetáculo memorável.
O vocalista do Planet Hemp entregou ao público um show redondo, gostoso e pra cima, muito bem produzido estética, visual e musicalmente, com energia e clima de verão, e ainda levou a família para o rolé. Seu filho Sain fez o show de abertura e sua esposa – e parceira profissional – Luiza Machado, integrou o time de backing vocals de D2. Quem esteve lá pode conferir – e se admirar – com a versatilidade que marca a história desse artista que transita pelo rap, rock, samba, mesclando formatos e estilos com aquela desenvoltura lapidada pelo calor carioca. Sem deixar de lado a raiz e a tradição, mas sempre conectado com o que há de novo e trazendo para seu trabalho uma sonoridade moderna, contemporânea e inovadora.
Provando – mais uma vez – que a fusão de rap com samba dá muita liga, a noite já começou quente, com show de abertura do rapper Sain. Quando subiu ao palco, Sain já encontrou a lona quase lotada, com um público muito animado e cantando junto. O primogênito de D2 levantou a galera, se desenvolveu e evoluiu. Impossível não lembrar do menino Stephan que “loeadeou” com o pai lá em 2003! E um D2 orgulhoso participou do show do filho na música “Dispiei” (foto acima), jogando o público ainda mais pra cima e preparando o terreno para o show principal da noite.
Quando D2 voltou ao palco para seu show, o Circo já estava com lotação máxima e ingressos esgotados. Uma introdução com base de berimbau e cordas deu o tom e instaurou um clima de terreiro no ambiente; e, no telão, a capa que apresenta “Povo de Fé” – primeiro single do novo álbum – abriram o caminho para o dono da noite passar.
A belíssima arte dessa capa é de autoria do artista carioca Herbert Deff e merece atenção especial. A imagem remete a elementos característicos da cultura do Rio de Janeiro. Uma figura divina trajada de Nike, tênis no pé, medalha de São Jorge no peito e rosto coberto pela camisa amarrada segura um coração em chamas na mão esquerda, enquanto dois “discípulos” o veneram. Sob seus pés, uma oferenda que dá destaque à pegada religiosa do trabalho. A cena é construída sobre um chão forrado com uma grande bandeira do Brasil e tem como plano de fundo uma favela e as montanhas.
O show foi um desfile de clássicos do samba, mas também apresentou novidades! Teve Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Beth Carvalho, entre outros grandes nomes do estilo. Sem deixar o astral cair, D2 manteve o público o tempo inteiro cantando junto e vidrado no palco. “Povo de fé”, parceria dele com o historiador e compositor Luiz Antonio Simas, foi uma das inéditas apresentadas ao público naquela noite. Com uma pegada de afro-samba eletrônico, o novo projeto solo tem uma forte influência de elementos religiosos e traz um pouco da relação de D2 com a religiosidade para sua música. A apresentação também contou com sucessos como “Qual é?”, “Desabafo”, “A maldição do samba”, “1967”, entre outras já bastante conhecidas pelos fãs.
Em um dos pontos altos do show, D2 chamou a esposa Luiza para a frente da roda e, juntos, cantaram a clássica e contagiante “Água de chuva no mar”, de Beth Carvalho, compartilhando a emoção do casal com o público, que cantou em coro. A presença de palco e o carisma de D2, mais uma vez, dominaram a noite e proporcionaram aos presentes um show para ficar na memória. O público pode esperar ansioso pelo novo álbum que promete ser ainda mais surpreendente e belo. – Kesley Meneses.
Kesley Meneses é sergipana, feminista, pedagoga atuante na educação pública, defensora da democracia e amante de música.
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