INSANO! Esta é a palavra que define a apresentação do Machine Head no Rio de Janeiro (a banda também fez shows em Curitiba e São Paulo), onde o enigmático líder, Robb Flynn (guitarra e vocal), mostrou toda tarimba de interação com o público em inacreditáveis 3h20 de show. Saiba como foi na matéria que segue…
Circo Voador, Lapa – Rio de Janeiro
28 de outubro de 2023
TEXTO e FOTOS: Marcelo Pereira e Beto Prog
Em um final de semana em que o Rio de Janeiro teve shows para todos os gostos, com direito a Roger Waters no Estádio do Engenhão, na zona norte carioca (leia aqui), Planet Hemp dava continuidade a tour do álbum “Jardineiros” Fundição Progresso (Lapa), também na Lapa, no vizinho Circo Voador, os americanos do Machine Head representavam o Metal, e ainda teve Mukeka di Rato, L7 e Black Flag (saiba como foi aqui), no dia seguinte.
Essa banda estadunidense, fundada em 1991 em Oakland, Califórnia, teve nos áureos tempos da Bay Area, seu líder e fundador, o guitarrista e vocalista Robb Flynn, fazendo parte da também maravilhosa banda Vio-lence. Surgiu como um projeto paralelo e, aos menos desavisados, nada tem haver com o famoso disco do Deep Purple ou também alguma homenagem, já que o som é calcado numa porrada sonora que mistura Thrash/Groove/Nu Metal. Portanto, é uma turnê para comemorar mais de trinta anos dedicados ao metal, que por conta da vasta gama de repertório teve esse show longínquo, porém nada enjoativo.
Numa pontualidade britânica, exatamente às 21h, Robb Flynn (guitarra e voz principal), Jared MacEachern (baixo e backing vocals), Matt Alston (bateria/percussão) e Waclaw “Vogg” Kieltyka (guitarra solo) iniciaram a apresentação que contou com um repertorio inesquecível, não somente com os clássicos ou sons do último álbum, mas com uma grandiosa seleção de uma carreira sólida e longa, fazendo dessa terceira visita ao Brasil algo especial. Escutei de muitos nos bastidores que seria um show bem longo. Não à toa, o espetáculo trazido por eles para terra “Brasilis” se chamava “An Evening with Machine Head”. E olha que foi uma noite memorável, e por que não, inesquecível!?
Ser líder, frontman de uma banda, requer talento e naturalidade. Flynn consegue com sua experiência de palco e músico, interagir com leveza junto ao público o tempo todo. Um dos exemplos dessa interatividade é que ele pegava um copo de rum, com dois dedos no máximo de “veneno” com o roadie, não bebendo e mandando para a plateia com intuito de alguém pegar e beber. Somente um felizardo da parte superior da arquibancada pegou, mas como não bebia, o “vizinho” ganhou o apetrecho. Pura interatividade!
Iniciaram com a intro “Diary of a Madman”, do Ozzy Osbourne, que já ligou a turbina do povo e detonaram com “Imperium”. Em seguida, “Ten Ton Hammer”. Nesse período, senti respingos em mim, pois estava no “curral” dos fotógrafos e percebi que era o suor de Flynn e Vogg, ensandecidos com seus movimentos das cabeleiras.
Em determinado momento, Flynn descansou um pouco e deixou Vogg solar à vontade com seus riffs insanos (lembrando que este já tinha grande destaque em solos desde os tempos com a banda de death metal “Decaptation”) que em determinado momento começou a tocar trechos de “Refuse/Resist”, do Sepultura, o que deixou o público mais serelepe ainda. Com o retorno de Flynn, este pediu saudações ao maior grupo de Heavy Metal do Brasil, informando ser uma das influências deles enquanto impunha um violão para de forma amena cantarolar prosas de reflexão sobre saúde mental, depressão e outras coisas que afetam nossa mente (principalmente pós pandemia) e como a música age para suprir tudo isso. Na música “Darkness Within” pediu certa concentração para se desligarem do mundo e sentirem a “vibe”, que mesmo aos que nada entendem de inglês, sentissem a atmosfera que ele queria espairecer. Assim, fez todos aplaudirem e cantarem em uníssono.
Outra parte pitoresca do show foi quando Flynn anunciou que um cover seria tocado e deu quatro opções de escolha. A primeira delas foi nada mais, nada menos que “Whiplash”, do Metallica, que a galera vibrou. A outra foi algo mais suave, salvo engano era do Blink 182, e a maioria desdenhou. A escolha seria de acordo com os gritos mais ensurdecedores da platéia. Em seguida anunciaram “Hellowed By The Name”, do Iron Maiden, que teve decibéis um pouco mais altos e derrubou a escolha da minha banda favorita. Como última opção, informaram “Seasons in The Abyss”, do Slayer, que aí virou “hour-concour”. Destrincharam esse clássico com louvor e maestria e a “roda” voltou para a insanidade latente.
Mesmo com um show longo de mais de 3 horas de duração, o público agitou o tempo todo, sem parecer cansado, retribuindo nas canções finais após algumas partes menos agitadas, tendo “Davidian”, “From This Day” e a gran-finale “Halo” como forma de mostrar que a transpiração aliada ao talento, fez toda energia da banda entrar em sintonia com os presentes. Ao fim, jogaram para platéia inúmeras palhetas, mostrando tamanho prazer em deixar lembranças para a grande maioria. Afinal, Flynn & CIA são excelentes no palco! Vida longa ao quarteto! – Marcelo Pereira.
Set List:
Intro “Diary of a Madman – (Ozzy Osbourne)
Imperium
Ten Tom Hammer
Choke On The Ashes Of Your Hate
Now We Die
The Blood, The Sweet, The Tears
Unhallowed
None But My Own
Take My Scars
Locust
Is There Anybody Out There?
Seasons In The Abyss (Slayer)
Old
Aesthetics of Hate
Guitar Solo com “Refuse/Resist (Sepultura),
Darkeness Within
Catharsis
Bulldozer
From This Day
Davidian
Bis:
Halo
Marcelo Pereira – Fotógrafo e cinegrafista, roqueiro fanático do rock, metal extremo ao progressivo, que colaborou com sites e revistas nacionais e estrangeiras, zineiro, colecionador, propulsor de divulgação do metal nacional, tape-traders, estudou rock jamais imaginando ter universidade do rock e um não repórter que faz o que faz porque ama, pois não vive disso, mas o rock pulsa nas veias!