LIVING COLOUR: Live in Rio 2024

É como um bom vinho, quanto mais o tempo passa, mais agradável o Living Colour fica. E não foi diferente nesta nova passagem da banda pelo Rio de janeiro e que abriu a tour Brasileira e que contou com show de abertura da carioca Seu Roque. Saiba como foi na matéria que segue!

Living Colour + Seu Roque

10 de Outubro de 2024
Sacadura 154 – Gamboa – Rio de Janeiro/RJ

TEXTO: Jonildo Dacyony
FOTOS: Michael Meneses!

What’s your favorite colour, baby?

Passava da metade do set que a banda apresentou na noite de quinta-feira, quando resolvi pegar uma cerveja. Quando me dirigi a um dos bares, me deparei com um grupo de cerca de meia dúzia de funcionários do local, parados, como que hipnotizados pela performance por eles presenciada. Então, com a curiosidade de um moleque de dez anos, perguntei: “estão gostando do show?” Uma das jovens respondeu: “moço, nem gosto de rock, mas esses caras são muito bons. Tocam muito!”

Existem bandas que, pelo conjunto de sua obra, tornaram-se gigantescas; existem aquelas, que pelo mesmo motivo, atingiram o patamar de grandes nomes; existem as que não passaram de promessas; e há o Living Colour, banda que habita o coração de todo aquele que ama verdadeiramente, não só o verdadeiro rock n’ roll, mas a boa música, de uma forma geral. 

A apresentação foi na Sacadura 154, casa que, não poderíamos deixar de mencionar, está localizada em uma área da cidade maravilhosa conhecida como Pequena África, devido ao seu histórico de resistência do povo preto, que ali fez, através de muita luta, com que vários aspectos de sua cultura, tornassem-se mais do que notáveis, mas proeminentes dentro da inegavelmente ultra-diversificada sociedade brasileira. E por que citamos tais aspectos do lugar? Ninguém mais adequado do que os novaiorquinos, que sempre levantaram a bandeira da origem negra do rock, além de jamais abrirem mãos das críticas sociais tão ácidas quanto verdadeiras em suas letras, especialmente, quando despontaram no cenário musical do hard/heavy, entre a segunda metade da década de 1980 e o início da de 1990, época em que a branquitude dominava quase totalmente todos os estilos do gênero. 

Seu Roque – Visceral!

Na noite com céu encoberto, um tanto atípica para um outubro carioca, quem ficou com a responsa de abrir os trabalhos foi a banda Seu Roque. Com uma década e meia de estrada, os filhos da terra, conhecidos pelo seu som cru, que mescla elementos do classic rock, de pegada setentista, com um quê rock moderno unido a influências do rock Brasil, os caras já subiram ao palco dizendo a que vieram, começando com “Eu Duvido”, seguida de “Diana” e “Verdade”. Em seguida, convidaram ao palco a vocalista Nina, da também carioca NoSunnyDayz, para juntos executarem o hit “Are You Gonna Go My Way”, de Lenny Kravitz. A essa altura, a maior parte do público já se fazia presente. Ainda executaram “Restless Soul”, “Reflexo” e “Visceral” que dar nome ao único disco físico da banda. Um set enxuto, direto e nada cansativo, como deveria ser todo show de abertura, que cativou o público e o preparou para o que estava por vir. E vale lembrar que essa é a segunda vez que o Seu Roque, já que em 2019 a banda, tocou com o Living Colour no Circo Voador.

Living Colour – Ótimo, Como Sempre!

O intervalo entre as duas apresentações não foi tão grande, mais um ponto positivo da noite. Logo pôde-se ouvir “The Imperial March (Darth Vader’s Theme)”, da inconfundível trilha sonora de “Star Wars: O Império Contra-Ataca”, de John Williams. A banda subiu ao palco, mostrando que carisma já começa pelo figurino, e de cara, mandaram logo “Leave It Alone” e “Desperate People”. Uma rápida saudação aos presentes que se aglomeravam à beira do palco, e trouxeram “Ignorance Is Bliss”, “Bi”, “Aüslander” e “Never Satisfied”. Se o caro leitor achou que a contextualização nos primeiros parágrafos do texto foi pura “encheção de linguiça”, cabe ressaltar a fala do vocalista Corey Glover, que, através de sua breve fala, parecia saber o tamanho da importância da localidade onde estavam se apresentando. Dito isso, deram prosseguimento com “Funny Vibe”, “Sacred Ground” e “Open Letter (To a Landlord)”, para então darem lugar ao solo de batera do magnífico Will Calhoun, que arrebatou o público, tornando o que, muitas vezes, é um momento de extrema monotonia em um show, em uma cena de catarse. 

“Flying” deu continuidade ao set, seguida de um Medley composto por “White Lines (Don’t Do It)”, “Apache” e “The Message“, para depois executarem “Glamour Boys”, “Love Rears Its Ugly Head” e “Time’s Up”. É difícil dizer qual dos dois, nas cordas do Living Colour, é mais cativante, carismático e talentoso. Se é Doug Wimbish, com sua performance irrepreensível, que com suas linhas de baixo, faz parecer que é extremamente fácil tocar o instrumento, ou o mestre Vernon Reid, cujo nome, se já não o precedesse, seria muito fácil notar a linhagem da qual é herdeiro, onde figuram nomes como Hendrix e Santana, afora a influência que exerce em guitarristas do quilate de Tom Morello, por exemplo. 

A parte final do show foi com “Cult Of Personality” (uma das mais esperadas da noite), “Type” e “What’s Your Favorite Colour? (Theme Song)”. Um set que permeou a brilhante trajetória dessa que é um dos mais importantes nomes de sua geração, e podemos afirmar, sem medo de errar, de várias gerações do rock n’ roll. E já que estávamos na Pequena África, podemos parafrasear a velha máxima: “quem não gosta de Living Colour, bom sujeito não é…” – Jonildo Dacyony.

Em tempo: Saiba como foi o show do Living Colour em Belo Horizonte/MG que teve como banda de abertura o Black Pantera. Leia AQUI!

Jonildo Dacyony é nascido em Natal-RN e criado na capital do Rio de Janeiro, portanto, um potiguar/carioca. Apaixonado por cinema, teatro, literatura, música, vinhos, cervejas e pelo Flamengo. Tem mais de três décadas de rock’n’roll, é profissional de hotelaria e food & beverage, além de ser graduado em História e em Geografia e pós-graduando em geopolítica.


MICHAEL MENESES
 –
 É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza
... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Em junho de 2021 foi homenageado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro pelo vereador Willian Siri (PSOL/RJ), com monção honrosa por iniciativas no audiovisual e na cultura suburbana. Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini e em julho de 2024, realizou a quarta edição do Parayba Rock Fest.

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