KOOL METAL FEST – Noite insana com Brujeria, Ratos de Porão, Gangrena Gasosa, Velho e DJ Cammy no Circo Voador!

Em comemoração aos 20 anos da existência do Kool Metal Fest, tivemos, em uma sexta-feira chuvosa no Rio de Janeiro, Brujeria, Ratos de Porão, Gangrena Gasosa, Velho e DJ Cammy. Mesmo com a chuva, o público compareceu em massa, o que é fundamental para que iniciativas tão belas como essa continuem acontecendo por todo o Rio de Janeiro.

KOOL METAL FEST:
Brujeria, Ratos de Porão,

Gangrena Gasosa, Velho e DJ Cammy

TEXTO: Marcelo Pereira e Michael Meneses
FOTOS: Marcelo Pereira
Circo Voador – Lapa – RJ
25 de agosto de 2023

Com o Circo Voador, abrindo suas portas um pouco mais cedo, o festival já contava com algumas atrações, mesmo antes do primeiro show. A exposição de acessórios, camisas, CDs, LPs, DVDs, gibis, cartazes e filmes era um verdadeiro paraíso do merchan. Mas, vamos aos shows…

Velho…
Por volta das 20:30, abrindo a noite, os velhos conhecidos (trocadilho tosco) do underground carioca, oriundos da baixada fluminense (mais precisamente de Duque de Caxias): a banda Velho. Tocaram um Death/Black Metal com muito vigor, que contagiou o público e mostrou uma verdadeira devoção ao estilo. Com visual “old school”, pinturas no rosto, cintos de bala e com um set de 10 sons, a apresentação entusiasmou até os que gostam de um som mais apurado.
O momento de destaque foi a participação da ex-guitarrista Valeria Tenebra, na música “Coma Induzido”, de sua autoria, tocada numa excelente performance que deixou o público boquiaberto. A banda já tem uma bagagem considerável (foi fundada em 2009), alguns lançamentos de destaque e músicos que sabem cativar o público com seu poderoso som e principalmente pela honestidade no que fazem. Merecem atenção!

Gangrena Gasosa…
Num pequeno intervalo, com muitos elementos de religiões de matrizes africanas, foi a vez do saravá metal do Gangrena Gasosa. Desde que Ângelo Arede assumiu o posto, a banda ganhou um lado profissional astronômico com todo aparato de desdenhar o oculto. O público entendeu e abraçou a idéia do engraçado bem executado. A banda é composta por excelentes músicos e a sintonia flui de forma tão empolgante que não há quem resista em mexer o esqueleto.

Zé Pelintra (Ângelo, na foto acima) e Omulu (Davi, na foto ao lado) sabem dividir o palco e dominar o público, que em tudo aplaude e urra. O Exú Caveira na guitarra (Minoru), a Pomba Gira na percussão (Gê Gaizeu), Exú Tranca no baixo (Diego) e, principalmente, quem conduz toda batida com suas quebradas de notas e o peso que carrega a melodia, o Exú Tiriri na bateria (Alex Porto). No repertório, tocaram músicas de (quase) todas as épocas, como as clássicas: “Surf Iemanjá”, “Wall of Death é o Caralho”, “Devorador é o Diabo” (música em parceria com o canal Jovem Nerd), “Eu Não Entendi Matrix” entre outros. Ângelo resgatou uma bizarrice do bailes funks carioca, que consistia em ter um lado A e um Lado B, onde a porrada estancava, mas que os headbangers fazem no intuito de zoação e todos participam na paz. Em “Fiscal de Cu”, uma crítica direta aos conservadores. Durante a performance, mencionou que “se o cara está ali do lado estiver dando a bunda, deixa ele dar o que é dele”. Aliás, não importa a formação ou o músico, na Gangrena Gasosa não tem bolsominion e não faltou ceifada no nosso ex-presidente.

Com quase todos os shows começando sem atrasos, a Gangrena foi sacrificada e teve que limar algumas músicas do setlist, entre elas “Se Deus é 10, Satanás é 666” que encerraria o show. Mas, na raça, mantiveram “Saci” no set.

Ratos de Porão…
Após a insanidade Gangrenosa e devida limpeza do palco (entendedores entenderão, risos), o público estava ansioso por mais um show do Ratos de Porão em sua melhor casa. Já estivemos em muitos shows de Gordo & Cia e fazia muito tempo que não víamos tantos jovens. Isso é muito bom! Mostra que neste momento o público rock está ganhando novos adeptos e que bom que essa renovação aconteça em um show do Ratos de Porão. Também é importante destacar que o público feminino estava presente em bom número, enquanto o público masculino aparentava não ter tido condutas de assediosas quando elas davam mosh. Conscientização da galera e enaltecemos tal atitude!

João Gordo chegou com seu costumeiro discurso de personalidade forte. Seus “crássicos” foram executados no patamar que conhecemos. Porém, como o R.D.P. não é apenas seu frontman, lembramos que, cada vez mais, o entrosamento entre Jão (guitarra), Boka (bateria) e Juninho (baixo), seguem em total sintonia em prol do bom e velho punk/rock’n roll. Afinal, a banda se mantem com essa formação há mais de 20 anos.

Durante todo o set, foi um festival de moshs, o que chegou a estragar um pouco o espetáculo, especialmente quando alguns sobem no palco e, ou por medo ou por não saber o que fazer, demoram uma eternidade para pular. Para esses, fica a dica: pratiquem! O esquema é subir e logo pular. Nada de ficar desfilando pelo palco.

Foram quase 30 “crássicos”, um balanço geral de todas as fases da banda e, obviamente, músicas do recente álbum “Necropolítica”. No set não ficaram de fora “Alerta Antifacista”, “Amazonas Nunca Mais”, “Farsa Nacionalista”, “Lei do Silêncio”, “Crucificados Pelo Sistema”, “Vivendo Cada Dia Mais Sujo e Agressivo”, “AIDS, Pop, Repressão”, entre outros hinos. Em “Beber Até Morrer” houve ainda a participação do João, da banda portuguesa Simbiose.

Como todos sabem, Ratos de Porão no Circo Voador é a certeza de um bom show. Não tem erro! Seja como for, a banda já tem mais de 40 anos e, infelizmente, alguns clássicos como “Crise Ruim” e “Sofrer” ficaram de fora. Isso não quer dizer que o show não valeu a pena. Valeu e valeu muito a pena!

Brujeria…
Aguardada a hora dos caras que ficaram conhecidos como “Matando Gueros”, tamanho o burburinho que esse disco homônimo fez há exatos 30 anos. Esses mexicanos/americanos (Tijuana/Los Angeles) surgiram em 1989 com um som típico das gangues latinas e, pouco a pouco, causaram um estrondoso abalo no cenário do metal, com a brutalidade sonora do grindcore e visual, e, principalmente, com assustadoras fotos de pessoas decapitadas pelo tráfico.

Outrora, a banda já foi chamada de supergrupo: Dino Cezares e Raymond Herrera (Fear Factory), Billy Gould (Faith No More), Nicholas Barker (Cradle of Filth / Dimmu Borgir), Jeff Walker (Carcass) e Shane Embury (Napalm Death), entre outros, já fizeram parte. Numa versão “diet”, mas que em nada influi em ter os músicos renomados, a banda de três vocalistas é formada por Pinche Peach (foto acima), Juan Brujo e El Sangron, o guitarrista “El Criminal”, o baixista “Hongo” e o baterista “Fantasma”, que destrincharam consagrados hinos e algumas novidades do trabalho que será lançado em 15 de setembro (como noticiamos aqui).

Podemos dizer que, inicialmente, o show foi calcado no citado álbum clássico (com a cereja do bolo, reservada para o final) e já passava de meia-noite e meia quando adentraram no palco, com o público na pilha, mesmo depois do show do Ratos de Porão, alias, João Gordo, que sempre admirou a banda, estava estrategicamente assistindo o show do palco e deu uma palhinha em “Hechando Chingasos”. Só não sabemos se foi combinado ou foi ato instantâneo dele, já que foi rapidinho.

Recarregada a fonte de energia, o público se alvoroçou com os clássicos “Revolucion”, “La Migra” e em “Consejos Narcos” (com direito a alguém da plateia “passando a bola” para Peach e demais músicos), “Marcha de Ódio” e, claro, “Matando Gueros”.

Finalizaram com “Marijuana”, que teve trocadilhos com o público, com essa canção de contrapartida da mundialmente famosa “Macarena”, que marcou época. Missão comprida de levar sua arte para o mundo.

Parabéns!
Outra atração da noite foi a DJ Cammy, que agitou o povo antes e depois do shows, tocando só coisa boa como Cólera, Dead Kennedys, Suicidal Tendencies e muito mais; animando o povo que saiu em noite chuvosa para lotar o Circo Voador. Tinha gente de diferentes pontos da capital e do estado do Rio (Niterói, Baixada Fluminense, Teresópolis) e até de Aracaju/SE. Aplausos também para staff e para as bandas do Kool Metal Fest. Que esse festival perdure por muito tempo! – Marcelo Pereira e Michael Meneses.

MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, fotojornalista, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Facebook

- Anúncios -

Instagram

Twitter

O feed do Twitter não está disponível no momento.

Youtube