IRON MAIDEN: Senjutsu: Alinhando os Chakras!

Atração do Rock in Rio 2022, a Donzela lançou Senjutsu, o 17º álbum, na profícua história do Iron Maiden. Lançamento do Iron é sempre um evento notório. O disco possui uma sonoridade oitentista em alguns momentos, um Bruce Dickinson em forma e interagindo bem com Adrian Smith, boa atuação de Nicko McBrain, sem composições de Dave Murray, mas com a rica parceria entre Janick Gers e Steve Harris. Conferimos…

TEXTO: Jonildo Dacyony
IMAGENS: Imagens

Em recente entrevista, Bruce Dickinson apontou a performance de Nicko McBrain como um dos grandes trunfos do novo trabalho da banda que, desde que foi anunciado, despertou a curiosidade por se tratar de um termo em japonês cuja definição é bem familiar aos fãs do anime Naruto, assim como aos praticantes de artes marciais que buscam maior aprofundamento. Porém, não vem ao caso, nem nos cabe, enveredarmos pela seara das definições, muito menos da origem do conceito, já que o papo aqui é música. Aconselho que o leitor faça uma rápida pesquisa, além, é claro, de ler a inspirada letra da música-título, tendo em vista que a ligação de longa data com o País sede dos últimos Jogos Olímpicos e Paralímpicos que se dá pela sua enorme legião de fãs japoneses. O Iron já havia sido eternizados por lá início da carreira, quando lançaram o clássico EP ao vivo Maiden Japan.

Cinco longos anos separam Senjutsu do último álbum de inéditas da banda, The Book Of Souls, que embora aclamado, foi visto por alguns como um álbum morno, mais do mesmo. Isso nos faz voltar a Mr. McBrain que deixa sua marca de firma simples, mas brilhante na faixa-título que abre o álbum. Nicko é um daqueles músicos que conseguimos identificar pela forma como afina o instrumento, além de suas viradas características. A canção não tem nada de rápida e nervosa, como o Maiden fez em vários de seus álbuns clássicos. Composta em parceria por Harris/Smith é compassada, pesada, possui uma batida tribal, e como dito anteriormente, uma letra inspirada. 
 
Na sequência, temos Stratego, composição de Harris e Gers, que já caiu nas graças dos fãs mais saudosistas (foi o segundo single desse novo trabalho), pois encontramos aqui, pelo menos, dois elementos que eram cartões de visita da donzela nos anos 80: a “base cavalinho” e o “refrão grudento”. 
 
The Writing On The Wall, primeiro single do disco, cujo videoclip me fez imaginar como épicos do naipe de Alexander The Great e Rime of the ancient mariner teriam entrado para a história se a banda tivesse investido mais em animação desde aquela época. A canção, já bastante ouvida pelos fãs, motivo de orgulho de Dickinson, é uma parceria dele com Smith que assinam juntos mais duas composições nesse trabalho: Days Of The Future Past com sua pegada inconfundivelmente noventista, e Darkest Hour que começa com ares de power ballad oitentista e evolui para uma sonoridade mais atual. Contudo, nenhuma das três composições demonstra a menor pretensão de se igualar ao clássico inquestionável composto pela dupla: Powerslave.
 
Lost In A Lost World, composição solo de Steve Harris, tem o início com belo acento acústico, mas logo nos oferece um arranjo que nos faz revisitar canções do álbum No Prayer For The Dying, como The Assassin, Mother Rússia e Run Silent, Run Deep, só que com duração maior, característica sempre presente nos álbuns da donzela no século XXI. O álbum segue com The Time Machine, segunda parceria entre Harris e Gers para este disco. Tem a pegada dos últimos trabalhos, mas quando muda de andamento soa como o Iron dos anos 80. 
 
Não sei se o “patrão” fez de propósito, mas as três músicas mais longas ficaram para o final: The Death Of The Celts possui uma introdução longa, é um épico e não é exagero afirmar que é candidata a se tornar um clássico. Não há como não lembrar de The Clansman; The Parchment é a mais longa do álbum, com um instrumental que parece enfadonho pra quem gosta de reclamar de músicas longas, mas, que tornou-se, definitivamente, uma das principais características da banda nas últimas duas décadas; e pra finalizar, Hell On Earth, apontada por alguns que já ouviram o álbum como uma das melhores, mas mesmo que não se torne uma unanimidade entre os fãs, não há como negar que possui um dos melhores riffs de todo o álbum.
 
Senjutsu possui cerca de 82 minutos de duração e vale lembrar que esse álbum é o primeiro em 26 anos que Dave Murray não colaborou em nenhuma composição, o último havia sido The X Factor, de 1995. O play chegou às lojas no último dia 03 de Setembro pela Parlaphone/BMG, e sua pré-venda esteve disponível desde 21 de Julho 2021 nos seguintes formatos: CD duplo standard digipack; CD duplo DeLuxe em formato de livro; vinil preto triplo 180g DeLuxe; Super DeLuxe boxset com CD; blu-ray e memorablia exclusiva; edição especial em vinil triplo. Contudo não se sabe ainda se todas as versões estarão disponíveis no mercado nacional.

Recomendamos…

Em suma, os “velhinhos” estão on e com os Chakras alinhados, como sugere o conceito que dá nome ao seu novo trabalho. O que nos resta é aguardar sua próxima passagem por aqui, que vai acontecer no próximo Rock In Rio, em 2022. Até lá, façamos nossas apostas pra ver quem acerta como vai ser o set list da nova turnê. Up The Irons! – Jonildo Dacyony.
 
Jonildo Dacyony é nascido em Natal-RN e criado na capital do Rio de Janeiro, portanto, um potiguar/carioca. Apaixonado por cinema, teatro, literatura, música, vinhos, cervejas e pelo Flamengo. Tem mais de três décadas de rock’n’ roll, é profissional de hotelaria e food & beverage, além de ser formado em História e graduando em Geografia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Facebook

- Anúncios -

Instagram

Twitter

O feed do Twitter não está disponível no momento.

Youtube