Com disco novo na área, show no Festival Bonde Music 2025 e completando 25 anos de história, a banda Iguanas X é um dos nomes mais representativos da cena Rock no Sul Fluminense e conversou com a Coluna 1,2,3,4… da Rock Press na entrevista que segue…
IGUANAS X
25 Anos e Emergindo!
ENTREVISTA: Michael Meneses!
FOTOS: Calino Produções, Tadeu Goulart e Divulgação
A cena rock vai além do eixo Rio-São Paulo ou das grande capitais e cidades do Brasil e do Mundo. Desde suas raízes no blues, o rock sempre teve sua força nos subúrbios das Metrópolis e no interiozão do Brasil e os exemplos são muitos e segue alguns; Black Pantera (Uberaba/MG), Tuatha de Danann (Varginha/MG), Eskrota (Rio Claro/SP), WRY (Sorocaba/SP), The Baggios (São Cristóvão/SE), Mukeka di Rato (Vila Velha/ES)… é claro a lista é bem maior. Se incluir cidades como Niterói/RJ, Baixada Fluminense, Santos/SP…
Outro exemplo vem da cidade de Volta Redonda/RJ, na região Sul Fluminense, falamos da veterana e resistente Iguanas X, a banda formada por Carlos Braz – (voz / guitarra), Lando (bateria), Alan Alves (guitarra / voz) e Diego P. (baixo / voz), está completando 25 anos de história.
Durante todo esse tempo, a banda não apenas se apresentou em cidades da região, na capital carioca e outros estados, além disso a banda em parceria com produtores da região promoveram diversos eventos em prol da cena rock em Volta Redonda e cidades do Sul Fluminense.
Seu último trabalho foi o álbum “Emergindo” (capa ao lado), que saiu em CD e nas plataformas digitais e segue com os shows de divulgação do disco. Um desses shows é a apresentação na edição 2025 do Festival Bonde Music. Por conta do momento a Rock Press entrevistou Carlos Braz na coluna 1,2,3,4…
1 – ROCK PRESS / MICHAEL MENESES: Sabemos que a história do Iguanas vem de longe, mas conta um pouco dessa história aos leitores da Rock Press e explica o “X” no atual nome da Banda?
Carlos Bráz / Iguanas X: A banda completa 25 anos neste mês de janeiro de 2025. Já havia participado de outras bandas antes, mas apenas como vocalista, então nunca ficava satisfeito, não conseguia um entrosamento devido às divergências de influências musicais. Por um tempo decidi que não queria mais tentar e resolvi me dedicar a apenas a escrever sobre música, por 5 anos editei um fanzine sobre música, então continuava ouvindo e participando de tudo que surgia. Paralelo ao fanzine, decidi aprender a tocar violão, foi quando descobri que poderia finalmente criar as músicas exatamente como eu imaginava e montar uma nova banda. Mas, não queria passar por toda aquela coisa adolescente de conflitos de gosto musical, então me preocupava muito com quem poderia entrar na banda. Um dia bebendo num bar tradicional de rock, o dono do bar me falou sobre um garoto que tocava baixo e tinha um gosto bem parecido com o meu, porque ele ouvia e tocava muito Ramones e Nirvana. Peguei o endereço e fui direto do bar para a casa dele. Jean Franklin era um garoto de 15 anos, magro e alto, totalmente empolgado, talentoso e disposto a tocar numa banda. Faltava um baterista e essa foi a parte mais difícil, pois todos os bateristas já tinham banda, a cena musical local era bem agitada. Fui de indicação a indicação até encontrar o Lando. A banda estava pronta, até pensava em um segundo guitarrista, mas nunca achávamos outro e não queríamos perder tempo, então ficamos com a formação clássica de trio. Em poucos meses compomos 7 músicas e começamos a tocar. A receptividade foi extremamente boa, não sei explicar como isso acontece, mas foi uma química tão boa, que todos na banda sentiam isso e o público também. No nosso segundo show já estavam nos cobrando o CD demo, então com 3 meses de banda já estávamos planejando gravar um CD e com seis meses de banda entramos em estúdio para gravar o “Música Tosca Para Quem Tem Pressa”. O nome era uma forma de traduzir a nossa urgência em fazer música e a nossa despretensão na época. Mas mesmo com a despretensão, a empolgação com a gravação do CD demo nos impulsionou a enviar a demo para algumas revistas e fanzines, queríamos saber qual era a opinião da crítica especializada. O retorno foi muito além do esperado, a demo foi elogiada em todas as publicações, isso na época tinha um peso muito grande, vimos nosso público crescer cada vez mais, os shows ficavam cada vez melhor e nunca mais paramos. Levei uns dois meses para escolher o nome Iguanas, fiz todas as pesquisas de registro de nome e até consultas na internet, ferramenta que na época começava a entrar em ascensão. Não havia nenhuma banda ou registro, decidimos adotar o nome e foi muito bem aceito. Cerca de um ou dois anos depois apareceu uma banda no Rio com o mesmo nome, ficamos sabendo disso através de um contato de uma gravadora que estávamos mantendo contato, porém disseram para não nos preocuparmos, pois a se a gravadora fechasse com a gente, eles mesmo resolveriam tudo isso. Mesmo assim entramos em contato com a banda avisando que já usávamos o nome antes deles, por fim acho que a banda deles acabou e nunca mais tivemos notícias. No entanto, depois de 20 anos surgiram diversas bandas com o mesmo nome em diversos lugares do mundo. Isso nos incomodava, queríamos mudar o nome, mas não muito. Também poderíamos entrar com processo contra as outras bandas, mas isso é muito demorado, caro e desgastante. Em 2022 fechamos com o selo Saliva Discos para o lançamento de 2 singles. Vimos que era a hora certa e necessária de mudar o nome, pois como as músicas passariam a ficar disponíveis em todas as plataformas musicais, não poderíamos ter nossa música confundida com outra banda. Além do mais, tínhamos acabado de passar por uma mudança de formação com a saída do Jean e entrada do Diego Pê no baixo e, um pouco antes, a entrada do guitarrista Alan Alves.
2 – ROCK PRESS: O novo álbum apareceu entre os melhores do ano de 2024. Fale sobre o disco e a parceria com Larry Antha?
Carlos Bráz: Tenho certeza de que este novo álbum marca uma mudança na nossa carreira, desde o lançamento da nossa primeira demo não temos um retorno tão rápido de um lançamento. Talvez a velocidade de divulgação em tempos de internet, redes sociais e plataformas digitais explique isso, mas a verdade é que lançamos o álbum no início de novembro de 2024, o que antigamente seria um suicídio em termos de divulgação, pois todo o processo de envio do CD para imprensa, tour de divulgação duraria meses ou até um ano para trazer um reconhecimento. No entanto, com pouco mais de 1 mês de lançamento o álbum bateu todos os nossos outros em quantidade de streams, os convites para shows, entrevistas e lives foram muitos e ainda foi indicado como um dos melhores álbuns de 2024 por algumas listas da crítica especializada, inclusive do Rock On Board e do Portal Olho Vivo, maior portal de entretenimento do Sul Fluminense e do qual faremos parte da premiação que acontecerá no dia 26 de janeiro. Essa parceria com o Larry Antha já dura pelo menos 25 anos, é uma mistura de amizade e admiração recíproca. Quando descobri a banda Sex Noise nos anos 90, imediatamente me identifiquei com a música e se tornou minha favorita, quanto a nossa amizade, não lembro exatamente quando começou, mas acho que foi através do fanzine que eu editava. Acho que nunca disse isso antes e nem o Larry sabe, mas ele foi fundamental no início da carreira da banda. Quando gravamos nossa primeira demo não sabia se queria divulgar para a grande imprensa, gostaria de ter o retorno, mas estava muito envolvido com o underground e inseguro para fazer isso. O Larry Antha foi a primeira pessoa para quem enviei a demo e pedi um feedback. A resposta dele foi tão sincera e animadora que me incentivou a divulgar a demo. Em um dos nossos álbuns, o Tangente, chegamos a fazer uma versão da “Música Paranoico Inseticida”, da Sex Noise. Antes disso já tínhamos feito diversos shows com a banda, a Insana Tour, nos descrevíamos como bandas irmãs. Acho que essa parceria já devia ter acontecido há muito tempo, mas quis o universo que fosse feita nesse novo álbum. Fiz o convite, ele aceitou, enviei a música e a letra e ele brotou no estúdio para gravar. A interpretação dele foi fantástica, brincamos que ele roubou a música da gente, nós da banda e da produção ficamos muito impressionados com a interpretação dele. Nossa relação com o Larry Antha e com a banda Sex Noise se estende também ao Alex Dusky, guitarrista da banda e cineasta, que inclusive produziu um clipe maravilho da nossa música Tangente.
3 – ROCK PRESS: O Iguanas X é uma banda do Sul Fluminense. Como anda a cena atual na região, sabemos que a cena sempre foi forte. E como vocês estão vendo a atual cena independente nacional?
Carlos Bráz: Sou um grande entusiasta do cenário independente do Sul Fluminense, especialmente da cena de Volta Redonda. É uma cena impressionante desde os anos 90 e está sempre se renovando. Digo isso não só por fazer parte desse cenário, mas por ser um observador desde a época que editava fanzine. Eu vi isso acontecer nos anos 90 com a banda Spedy Gonzales, depois no início dos anos 2000, além das excelentes bandas, teve o fenômeno do festival Freakshow. Atualmente o cenário continua apresentando ótimas bandas não somente no rock alternativo, mas em alguns outros gêneros como pop, trash metal, shoegaze, stoner rock e Rap. Uma cena além de boas bandas precisa também de ativistas culturais que organizem eventos e abram espaço para os artistas. Nos últimos anos vimos aparecer uns festivais bem bacanas como o Lado Bê, o Rolezaço e o Rua Crew, ambos eventos independentes, mas a secretaria de cultura da cidade também é muito aberta aos artistas de todos os seguimentos. Quanto a cena independente nacional eu voltei a me empolgar, pelo menos com as bandas que temos encontrado na estrada. Nos dois últimos anos ficamos muito impressionados com o potencial de bandas como The Monic, Metade de Mim, Melvin e os Inoxidáveis, D’Front S/A e tantas outras. Bandas um pouco maiores como Black Pantera e BaianaSystem são gratas surpresas.
4 – ROCK PRESS: A banda é uma das atrações do Festival Bonde Verão…
Carlos Bráz: Estamos muito empolgados com a participação no Festival, temos certeza de que vamos nos divertir, conhecer excelentes bandas e público. O Festival é feito pelo André Paumgartten, um dos grandes ativistas do cenário independente, temos certeza de que será especial. Da nossa parte vamos tentar o melhor show possível, estamos muito empolgados nessa turnê de divulgação do álbum “Emergindo”. Estamos ainda no início do ano e em fase de organização, mas pretendemos tocar o máximo possível e cada vez mais em lugares mais distantes. Com a distribuição do álbum nas plataformas digitais aumentou muito nosso feedback de bandas e do público da América Latina, principalmente de países como Argentina, Chile e Colômbia, seria ótimo se conseguíssemos nos organizar para tocar em algum desses países.
5 – ROCK PRESS: Quais os planos para 2025? E, deixe uma mensagem aos leitores da Rock Press…
Carlos Bráz: Além de pretender aumentar o número de shows e participação em festivais, pensamos em gravar pelo menos um clipe para divulgação de umas das músicas do álbum. Sobre muitas coisas não temos controle, apenas fazermos nossa parte, mas o convite para shows, festivais, entrevistas e participação em programas acontece de uma maneira espontânea. Aos leitores da Rock Press peço que continuem lendo e se informando sobre novas bandas e dando suporte as bandas independentes. Nos sigam em nossas redes sociais e nas plataformas de distribuição de música. Compareçam ao festival Bonde Verão 2025, vamos nos divertir juntos. Obrigado Rock Press pelo espaço e suporte.
FESTIVAL BONDE VERÃO 2025
Janeiro no Pecado Mora Ao Lado/RJ
A banda Iguanas X é uma das atrações do Festival Bonde Verão 2025 e noite que ainda conta com as bandas Velho Jou, Magma Velvo e o grupo de rap rock reggae roots vagabundo made in baixada, Movimento da Roda, que substituiu a banda Prefeitura do Rio que precisou cancelar sua apresentação.
A primeira noite do festival ocorreu no último sábado (04/01), com apresentações energéticas das bandas Vicejo (entrevista aqui) Drama, Anacrônicos e Paumgartten que abriu a edição 2025 do festival, que aliás é uma produção do mesmo por meio da sua produtora a Bonde Music. André Paumgartten também atende é músico e DJ, saiba mais nesta entrevista aqui.
RECOMENDAMOS…
O Festival Bonde Music acontece no Pecado Mora ao Lado, espaço bar localizado na Praça da Bandeira (RJ), sempre aos sábados de janeiro, a casa abre às 20h com o primeiro show às 22h. Além das apresentações, DJ nos intervalos, banquinhas com material independente e cerveja artesanal. Se ligue no serviço abaixo e prestigiem. #Recomendamos! – Michael Meneses!
CONTATOS IGUANAS:
YOUTUBE: www.youtube.com/@iguanasx
SPOTIFY: www.open.spotify.com/iguanasx
BANDCAMP: www.iguanasoficial.bandcamp.com
FACEBOOK: www.facebook.com/iguanaspunkrock/
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/iguanasx
BONDE MUSIC FESTIVAL 2025
PROGRAMAÇÃO:
04 DE JANEIRO: Drama, Vicejo, Anacrônicos e Paumgartten
11 DE JANEIRO: Velho Jou, Iguanas-X, Movimento da Roda e Magma Velvo
18 DE JANEIRO: B+P, Texuga, Guidi Vieira e Trash No Star
25 DE JANEIRO: Ladrão, Nebulosa, 808 Punks e Coyote Valvulado
LOCAL: O Pecado Mora ao Lado – R. Hilário Ribeiro, 196 – Praça da Bandeira/RJ
HORÁRIOS: Abertura da casa às 20h e o primeiro show às 22h.
INGRESSOS: À venda no site da Sympla (aqui) e na hora, na bilheteria da casa.
ENTRADA GRATUITA: Para PCDs e pessoas trans em todos os dias do festival.
PRODUÇÃO: AndréPaumgartten e Bonde Music
INFORMAÇÕES: Bonde Music – https://bondemusic.com.br/
APOIO:
Portal Rock Press – @portalrockpress
Selo Parayba Records – @paraybarecords
Agenda Rock RJ – @agendarockrj
Site Headbangers Brasil – @headbangers_br
Rob Low Produções – @roblowproducoes
Agencia The Bridge – @thebridgepressbr
Selo Saliva Discos – @salivadiscos
MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996. Em junho de 2021 foi homenageado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro pelo vereador Willian Siri (PSOL/RJ), com monção honrosa por iniciativas no audiovisual e na cultura suburbana. Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini e em julho de 2024, realizou a quarta edição do Parayba Rock Fest.
Uma resposta
Que bom ler a entrevista, uma honra ter amigos como vocês do Iguanas X, o Michael da Rock Press, o meu amigo Larry Antha, tantos outros citados! A gente precisa retomar a narrativa histórica do nosso mundo! Ela está sendo (re)escrita pelo pesadelo dos que só vêem o horror e sentem medo e nós somos obrigados a viver no mesmo cenário. O mundo não é isso! Acredito que o sucesso do álbum novo se dá porque ele dialoga com os que não suportam mais viver nesse inferno inventado pelas dores e angústias e não encontra mais a chama da divindade em si.
Vida longa a Arte e ao Pensamento!
Luz! Artistas! Ação!