O quarteto Garbage, retorna ao Brasil em turnê que contará com o L7, e que passará pelo Rio de Janeiro (21/03), os shows em São Paulo (22) e em Curitiba (23) terá ainda apresentação de abertura da The Mönic. A iniciativa é da Liberation MC e os ingressos estão à venda!
TEXTO: Larissa Oliveira
COLABOROU: Michael Meneses!
FOTOS: Michael Meneses!, Carlos Delagusta e Ian Dias
Os anos 90 foram marcantes na música por diversos motivos, especialmente pela diversidade de gêneros que eclodiam ou eram renovados. E no meio dessa efervescência, as mulheres tiveram protagonismo. Num meio cercado de rapazes fazendo rock pesado e suado, Donita Sparks e Suzi Gardner (guitarras/vocais), Jennifer Finch (baixo/vocal na foto abaixo) e Dee Plakas (bateria/backing vocal) saíram da Califórnia e romperam barreiras de gênero, levando o seu som abrasivo, político e despojado a toda potência e semeando o caminho para muitas mulheres no rock.
O L7 já havia lançado o clássico “Smell the Magic” em 1990 (leia na Coluna Discão), quando em 1992, elas colheram o fruto do seu talento com o renomado disco ‘Bricks Are Heavy’, lançando hits como ‘Pretend We’re Dead’ e ‘Everglade’. O álbum foi produzido por Butch Vig, que havia produzido o ‘Nevermind’ (1991) do Nirvana e passado mais de 30 anos segue configurando as listas de melhores discos da década de 1990 e lembrado em séries e filmes como “As Setes Vidas de Lea” da Netflix, (N.do Editor, na série com é possível visualizar o álbum ‘Matogrosso’ do Ney Matogrosso).
Cansado de trabalhar em longos álbuns, Butch focou suas energias em encontrar uma líder de banda que fosse tão única quanto Debbie Harry do Blondie e Patti Smith. Foi assim que Shirley Manson, que já havia feito parte de projetos new wave e góticos como Goodbye Mr Mackenzie e Angelfish, encabeçou o Garbage em 1993. A mistura do grunge com o eletrônico fez emergir um som hipnotizante e desafiador para a época, já que Shirley esbanjava acidez e irreverência em suas letras e atitudes de palco. É só lembrar do sucesso da faixa ‘Queer’ do álbum homônimo de 1995, assim como a irônica “I’m Only Happy When it Rains”.
Tanto a banda L7 quanto Shirley passaram por provações sexistas. Quando L7 veio ao Brasil pela primeira vez no Festival Hollywood Rock, os machistas de plantão ecoavam palavras que a reduziram ao órgão genital feminino, e elas revidaram com provocações e baixando os jeans e isso não ocorreu apenas no Brasil, elas tiveram essa atitude em outras apresentações pelo mundo. Já a líder do Garbage sempre foi aberta em relação à sua dismorfia corporal e odiava sua imagem em capas de revistas. Ela lidava com o rótulo de ‘mulher raivosa’ que reduzia as suas lutas internas.
Ambas as bandas também tiveram seus próprios conflitos, L7 passou por um hiato de 14 anos, já o Garbage parou em 2005, após a turnê do álbum ‘Bleed Like Me’, e retornado em 2010.
SHOWS NO BRASIL!
Garbage e L7, seguem lançando discos relevantes e engajados como o ‘Scatter the rats’ de 2019 do L7, e ‘No Gods No Masters’ do Garbage em 2021, e seguem realizando turnês pelo mundo e sempre incluem o Brasil no roteiro. As californianas vieram em 2018 e em 2023 (relembre os shows no RJ e em MG), e o Garbage veio em 2023 no The Town (tem matéria aqui) e anteriormente em 2016 e em 2012. A resistência de mulheres envelhecidas na música é de suma importância, pois ainda há quem acredite que existe uma data de validade para a produtividade feminina. Ambas as bandas são uma afronta ao conservadorismo e ao patriarcado.
THE MÖNIC NO CAST NOS SHOWS
EM SÃO PAULO E CURITIBA!
As apresentações no Espaço Unimed em São Paulo (22) e no Opéra de Arame em Curitiba (23), terão como show de abertura a The Mönic. Com uma trajetória de 7 anos, a banda paulista vem realizando shows pelo Brasil e em festivais como o Rock in Rio (Leia aqui) e o Knotfest (ambos em 2024). As apresentações promoveram “Cuidado Você” trabalho produzido por Rafael Ramos e lançado pela Deck Discos em 2023.
Dani Buarque (foto ao lado), vocalista e guitarrista da The Mönic comentou sobre esses shows “É surreal dividir essa turnê com duas bandas que nos influenciaram tanto. Em 2016, eu e Ale (vocal/guitarra) e Joan (baixista/vocal) tínhamos outra banda chamada BBGG e abrimos para o Garbage no Circo Voador, e na ocasião também entrevistei o Garbage para a Mix TV. Foi uma aula, tanto o show, como o senso coletivo da Shirley Manson. Ela falou coisas muito importantes pra gente como mulher e artista. Tô muito feliz de ter a oportunidade de voltar a abrir os shows quase 10 anos depois, muito mais maduras e com a possibilidade de olhar nos olhos dela e dizer o quanto o apoio dela nos guiou”. Revelou Dani Buarque por meio de sua assessoria.
Outra novidade é “A História da The Mönic”, mini-documentário produzido e editado por Dani Buarque, que pesquisou mais de 30 horas de imagens do acervo da banda. O documentário terá 3 capítulos e a primeira parte já está disponível no canal do YouTube da banda (assista aqui!).
Recomendamos…
A volta do Garbage e L7 em solo brasileiro se faz mais do que necessária, uma vez que ambas as bandas lutam ativamente contra o avanço da extrema-direita no mundo, sobretudo com a reeleição de Trump nos EUA. É só olhar o feed do Garbage no Instagram com posts contínuos pró-Palestina e ouvir sons do L7 como ‘Dispatch from Mar-a-Lago’, que zomba Trump diretamente. Levar esse ativismo aos shows é importante, pois nós brasileiros também temos que estar vigilantes em relação ao poder que a extrema-direita fascista possui por aqui.
Além disso, essas bandas impactaram a vida de várias mulheres, as tornaram feministas ou/e a fizeram tocar instrumentos. Ver essas bandas dividirem o mesmo palco é a prova que os anos 90 que nunca acabaram! – Larissa Oliveira.
Garbage e L7 – Brasil 2025
SERVIÇO:
RIO DE JANEIRO/RJ
SHOWS: L7 + Garbage
DATA: 21 de Março de 2025. (Abertura da casa 19h).
LOCAL: Sacadura 154, – Rua Sacadura Cabral, 154 – Saúde – Rio de Janeiro/RJ
INGRESSO: Antecipados no site Fastix (aqui), na Loja Scheherazade – R. Conde de Bonfim, 346, loja 212 – Tijuca/RJ e na bilheteria do Sacadura 154.
CLASSIFICAÇÃO: 18 anos. Entre 14-18 anos somente acompanhado de responsável legal (pagante).
SÃO PAULO/ SP
SHOWS: L7 + Garbage + The Mönic
DATA: 22 de Março de 2025. (Abertura da casa 19h).
LOCAL: TERRA SP– Av. Salim Antônio Curiati, 160 – São Paulo/SP
INGRESSO: Antecipados no site Clube do Ingresso (aqui) e bilheteria do Carioca Club.
CLASSIFICAÇÃO: 18 anos. Entre 14-18 anos somente acompanhado de responsável legal (pagante).
CURITIBA/ PR
SHOWS: L7 + Garbage + The Mönic
DATA: 23 de Março de 2025. (Abertura da casa 18h).
LOCAL: Live Curitiba – R. Itajubá, 143 – Curitiba/PR
INGRESSO: Antecipados no site Fastix (aqui), na bilheteria do Live Curitiba e na Loja Dr. Rock – R. Emiliano Perneta, 297 – Shopping Metropolitan – Loja 04, Curitiba/PR.
CLASSIFICAÇÃO: 18 anos. Entre 14-18 anos somente acompanhado de responsável legal (pagante).
