É Tudo Verdade, o maior festival de cinema documentário do Brasil acontece entre os dias 8 e 18 de abril de 2021. E, assim como no ano passado, ocorre em plena pandemia de Covid-19. Serão 69 filmes de 23 países e tudo online gratuitamente. Esse ano, o festival faz uma homenagem ao Ruy Guerra e a música ganha destaque com o documentário sobre Frank Zappa e uma série de filmes sobre Caetano Veloso.
TEXTO: Nilvio Pessanha
IMAGENS: Divulgação
Está prestes a começar a 26ª edição do É Tudo Verdade, festival criado pelo crítico Amir Labaki que teve sua primeira realização em 1996. A edição 2021 será toda online e gratuita, em virtude da pandemia. Entre longas e curtas, ao todo, serão 69 filmes nacionais e estrangeiros a serem exibidos até o próximo dia 18. Todos disponíveis nas plataformas Looke, Spcine Play, Em Casa com Sesc, Youtube do Sesc 24 de Maio e site do Itaú Cultural. O festival segue como um dos maiores festivais de filmes documentários da América Latina.
O festival será aberto com a exibição de “Fuga”, longa documental de animação de Jonas Poher Rasmussen, que foi eleito o melhor documentário no Festival de Sundance 2021. E será encerrado pelo documentário nacional do diretor Luiz Bolognesi, “A Última Floresta”, que retrata o cotidiano de um grupo de índios Yanomami que vivem isolados. Os títulos brasileiros e internacionais, dentre longas e curtas-metragens premiados pelo júri do festival, já estarão automaticamente qualificados para a disputa do Oscar 2022.
Zappa, Guerra e Caetano
Haverá sessões especiais, destaque para o documentário sobre o mestre Frank Zappa. Ocorrerá também uma homenagem ao cineasta moçambicano, o cinemanovista Ruy Guerra, com exibição de três de seus filmes que ficarão disponíveis de 8 de abril a 8 de maio na Spcine Play e de 11 a 18 de abril na plataforma SESC em Casa. Além de uma Master Class online ministrada pelo próprio Ruy Guerra no Youtube do SESC 24 de maio/SP. Outro homenageado será Caetano Veloso com a sessão Caetano.Doc, com uma série de filmes que traça um panorama da vida e obra do cantor e compositor baiano. As sessões acontecem na plataforma Spcine Play, com três exceções, apresentadas no Canal Brasil e na plataforma É Tudo Verdade/ Looke.
Principais atrações da programação:
Abertura – 08/04 – 21h
“Fuga” – Direção: Jonas Poher Rasmussen. Dinamarca/França/Suécia/Noruega. 90 min.
Sinopse: A história de Amin (pseudônimo), um refugiado afegão que concorda em trazer à tona uma história pessoal de perseguição e fuga do seu país para a Dinamarca, com a condição que sua identidade não seja revelada.
Longas e médias-metragens nacionais em competição…
“Alvorada” – Direção: Anna Muylaert e Lo Politi. Brasil. 90 min.
Sinopse: Os bastidores do Palácio do Planalto no processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. 13/4 – 21h, 14/4 – 15h, 14/4 – Debate
“Os Arrependidos” – Direção: Ricardo Calil, Armando Antenore. Brasil.
Sinopse: O filme trata de como jovens militantes que lutavam contra a ditadura eram presos, torturados e depois usados como arma contra o próprio movimento de resistência. 15/4 – 21h, 16/4 – 15h, 16/4 – Debate.
“Dois Tempos” – Direção: Pablo Francischelli. Brasil. 93 min.
Sinopse: Estreia mundial do doc do primeiro encontro do violinista argentino Lucio Yanel e o brasileiro Yamandu Costa. 12/4 – 21h, 13/4 – 15h – Debate.
“Edna” – Direção: Eryk Rocha. Brasil. 64 min.
Sinopse: O novo filme do cineasta Eryk Rocha aborda episódios da Ditadura Militar do Brasil a partir da vida de Edna, camponesa Maranhense que viveu a Guerrilha do Araguaia (1967-1974) e a Guerra dos Perdidos (1976).
“Máquina do Desejo – Os 60 Anos do Teatro Oficina” – Direção: Lucas Weglinski e Joaquim Castro. Brasil. 120 min.
Sinopse: Estreia mundial do documentário que revisita a história do célebre Teatro Oficina, importante símbolo da renovação e da revolução na linguagem artística brasileira. 10/4 – 21h, 11/4 – 15h, 11/4 – Debate.
“Paulo César Pinheiro – Letra e Alma” – Direção: Cleisson Vidal e Andrea Prates. Brasil, 85 min.
Sinopse: Paulo César Pinheiro, autor de “Canto das três raças” e “O poder da criação”, e outros clássicos do samba, é o personagem desse filme com reflexões sobre a natureza humana e a MPB.12/4 – 15h, 12/4 – Debate.
“Zimba” – Direção: Joel Pizzini. Brasil. 78 min.
Sinopse: Trajetória e o imaginário artístico do ator e diretor Zbigniew Ziembinski (1908-1978), precursor do teatro moderno na América Latina e mestre de gerações de atores brasileiros. 14/4 – 21h, 15/4 – 15h, 15/4 – Debate.
Longas e médias-metragens internacionais em competição…
“9 Dias em Raqqa” (9 Jours A Raqqa/ 9 Days in Raqqa) – Direção: Xavier de Lauzanne. França. 88 min.
Sinopse: Uma escritora francesa cruza o Iraque e a Síria para conhecer Leila Mustapha, prefeita de Raqqa. Nesta cidade perigosa, ela tem nove dias para conviver com Leila e poder contar sua história em um livro. 12/4 – 19h.
“Eu e o Líder da Seita” (Aganai/ Me and the Cult Leader – A Modern Report on the Banality of Evil) – Direção: Atsushi Sakahara. Japão. 114 min.
Sinopse: Vinte anos depois de sofrer danos permanentes devidos a um atentado a um trem onde estava, cometido pela seita Aum Shinrikyo, Atsushi Sakahara se encontra com o líder desse grupo para uma longa conversa sobre liberdade religiosa, terrorismo e o dano causado pela Aum. 09/4 – 19h
“Glória à Rainha” (Glory to the Queen) – Direção: Tatia Skhirtladze. Áustria/ Geórgia/ Sérvia. 82 min.
Sinopse: No período conturbado da Guerra Fria, quatro enxadristas georgianas revolucionam o xadrez. Elas se tornam símbolos soviéticos de emancipação feminina. O filme explora a biografia entrecruzada das quatro mulheres, revisita seu legado e lança um olhar raro à vida que levam hoje. 09/4 – 17h
“História de um Olhar” (Histoire d’un Regard/ Looking for Gilles Caron) – Direção: Mariana Otero. França. 93 min.
Sinopse: Indicado ao César 2021 de melhor documentário, o filme trata por meio de suas imagens icônicas e das brechas entre elas, resgatar a presença do fotojornalista, Gilles Caron, que desapareceu no Camboja. 17/4 – 19h.
“MLK/FBI” (MLK/FBI) – Direção: Sam Pollard. EUA. 104 min.
Sinopse: O documentário explora a história de perseguição a ativistas negros pelo governo norte-americano e o contraste entre o ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover e Martin Luther King, duas figuras icônicas que, apesar de suas diferenças, viam-se ambas como guardiões do sonho americano. 15/4 – 19h.
“Presidente” (President) – Direção: Camilla Nielsson. Dinamarca. 130 min.
Sinopse: Vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Sundance 2021, o filme é sobre a tortuosa construção da constituição do Zimbábue de 2013, Estudando o conturbado governo de coalizão que juntou o partido ZANU-PF do presidente Robert Mugabe com a oposição mais liberal do Movimento para Mudança Democrática (MDC) de Morgan Tsvangirai. 14/4 – 19h.
“Leonie, Atriz e Espiã” (Leonie, Actrice en Spionne/ Leonie, Actress and Spy) – Direção: Annette Apon. Holanda. 85 min.
Sinopse: O filme usa cenas de filmes antigos para recompor a cronologia aproximada de fabulosa vida de Leonie Brandt, que se tornou espiã do serviço holandês de inteligência na Alemanha nazista. 18/4 – 15h.
“Vicenta (Vicenta)” – Direção: Dario Doria. Argentina. 69 min.
Sinopse: Vicenta vive em uma casa de madeira e zinco nos subúrbios profundos de Buenos Aires. Ela é pobre, analfabeta e, apesar de ter tudo a perder, dá início a uma guerra contra o Estado argentino para conseguir aquilo que considerava justo: a interrupção legal da gravidez de sua filha. 13/4 – 19h.
Sessões especiais
“ZAPPA” (ZAPPA) – Direção: Alex Winter. EUA, 127 min.
Sinopse: Documentário sobre um dos maiores nomes da história do rock, Frank Zappa, o primeiro com autorização da família do artista. O diretor Alex Winter, ator de “Bill & Ted”, trouxe imagens inéditas, gravações raras e entrevistas antigas, criando um retrato íntimo e amplo do artista. Nas palavras do cineasta em uma entrevista para a Rolling Stone “Zappa foi um homem extremamente complicado e brilhante, que tinha tantos detratores quanto fãs”. 17/4 – 21h.
“A Solidão do Cantor” (La Solitude du Chanteur de fond) – Direção: Chris Marker. França. 60 min.
Sinopse: Em fevereiro de 1974, Yves Montand ensaiava para fazer um concerto especial no Olympia, em Paris, em benefício de refugiados políticos chilenos. Entrevistas com o cantor e ator e trechos de seus filmes e concertos criam esse retrato multifacetado de um artista.
“Charlie Chaplin, o Gênio da Liberdade” (Charlie Chaplin, legénie de la liberté) – Direção: Yves Jeuland. França. 145 min.
Sinopse: O documentário mostra Charles Chaplin desde os seus primeiros trabalhos no estúdio Keystone, filmagens inéditas, fotografias e documentos cedidos pela família. 10/4 – 11h.
Homenagem a Ruy Guerra
Todos os títulos ficam no ar de 8 de abril a 8 de maio na Spcine Play e de 11 a 18 de abril na plataforma SESC em Casa.
“Mueda: Memória e Massacre” (Mueda: Memory and Massacre) (1979/80) – Direção: Ruy Guerra. Moçambique. 75 min.
Sinopse: Documentário histórico do diretor moçambicano, Ruy Guerra, um dos maiores nomes do Cinema Novo. “Mueda: Memória e Massacre” Mueda é geralmente considerado o primeiro filme de ficção de Moçambique, porém o filme está além de um enquadramento em um único gênero. O longa é sobre o episódio em que uma pequena aldeia no norte de Moçambique, onde, em 1960, a população africana foi massacrada pela administração colonial portuguesa. Os sobreviventes do massacre reinterpretam, em vários momentos, após a independência nacional, este episódio da história de Moçambique, desempenhando quer o papel de agressores, quer de vítimas.
“Os Comprometidos – Actas de um processo de descolonização” (The Collaborators – Minute of a Decolonisation Process)| 1984 – Direção: Ruy Guerra. Moçambique. 45 min.
Sinopse: Em seis dias de filmagem quase ininterrupta, Guerra documentou o julgamento de supostos colaboradores do regime colonial por um tribunal popular, liderado pelo presidente moçambicano Samora Machel, em 1982. Os 29 rolos de filme 16 mm resultaram em uma série de quarenta horas para a Televisão Experimental de Mocçambique. Aqui, um dos episódios, Acta V.
“O Homem que Matou John Wayne” (The Man Who Killed John Wayne)| 2015 – Direção: Bruno Laet, Diogo Oliveira. Brasil. 70 min.
Sinopse: Documentário intrigante que mistura realidade e ficção. O filme brinca com o hipotético embate entre o mítico ator de filmes de faroeste, John Wayne e o cineasta. Apesar de ter alguns problemas de ritmo, é um bom filme que traz ainda depoimentos de nomes como Gabriel Garcia Marques e Chico Buarque.
Caetano.Doc
“Canções do Exílio: a Labareda que Lambeu Tudo” – Direção: Geneton Moraes Neto. Brasil. 91 min.
Sinopse: Testemunhos e imagens resgatam histórias pouco conhecidas do exílio londrino de Caetano Veloso e Gilberto Gil, no fim dos anos 1960.
“Coração Vagabundo” – Direção: Fernando Grostein Andrade. Brasil. 71 min.
Sinopse: Filme acompanha Caetano Veloso durante a turnê do disco A Foreign Sound (2004), por São Paulo, Nova York, Tóquio e Quioto. De 8 a 14 de abril.
“Doces Bárbaros” – Direção: JomTob Azulay. Brasil. 103 min.
Sinopse: Talvez o mais conhecido dos documentários deste ciclo. Mostra shows e bastidores da famosa turnê dos Doces Bárbaros, grupo formado por Caetano, Gil, Maria Bethânia e Gal Costa, para comemorar os dez anos de carreira dos quatro artistas baianos. A turnê é interrompida quando Gilberto Gil e alguns músicos são presos por porte de maconha. No dia 7 de abril, às 20h – no Canal Brasil.
Rogério Duarte, o Tropikaoslista – Direção: José Walter Lima. Brasil. 88 min.
Sinopse: A vida do artista gráfico baiano, sua militância anti-ditadura e sua contribuição determinante para visualidade da Tropicália.
“Narciso em Férias” – Direção: Ricardo Calil, Renato Terra. Brasil. 84 min.
Sinopse: Em 27 de dezembro de 1968, Caetano Veloso foi preso pela Ditadura Militar. No total, o músico ficou 54 dias em cárcere. Anos depois, ele conta suas memórias desse período. 10 de abril, às 15h.
“O Sol – Caminhando contra o Vento” – Direção: Tetê Moraes, Martha Alencar. Brasil. 95 min.
Sinopse: No Brasil pós-golpe militar e ainda antes do AI-5, nasce no Rio de Janeiro o jornal “O Sol”. Mesmo com vida curta, o jornal representou o espírito da época. Reunindo material de arquivo, músicas e depoimentos de pessoas da equipe do jornal, vemos a história da chamada “geração 68”.
“Torquato Neto – Todas as Horas do Fim” – Direção: Eduardo Ades, Marcus Fernando. Brasil. 88 min.
Sinopse: O documentário explora a vida e as múltiplas frentes do poeta, um dos pensadores e letristas mais ativos da Tropicália, parceiro de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jards Macalé.
“Tropicália” – Direção: Marcelo Machado. Brasil. 87 min.
Sinopse: Um tributo à potência estética e política do movimento iniciado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros em plena ditadura, no fim dos anos 1960.
“Uma Noite em 67” – Direção: Renato Terra, Ricardo Calil. Brasil. 93 min.
Sinopse: Resgate histórico do 3º Festival de Música Popular Brasileira, em outubro de 1967. Entre os candidatos aos principais prêmios figuravam, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Mutantes, Roberto Carlos, Edu Lobo, dentre outros.
Curtas-metragens nacionais em competição
Yãokwa: Imagem e Memória – (Rita Carelli e Vincent Carelli),
Ser feliz no vão – (Lucas Rossi),
Review – (Tyrell Spencer),
Cartas de Brasília – (Larissa Leite).
A Vida que eu Sonhava Ter – (Eliane Scardovelli Pereira),
João por Inez – (Bebeto Abrantes),
Coleção Preciosa – (Rayssa Coelho e Filipe Gama),
O Karaokê de Isadora – (Thiago Mendonça),
Sem título #7 Rara – (Carlos Adriano).
Curtas-metragens estrangeiros em competição
E14 – (PeimanZekavat),
Uma Cidade e Uma Mulher – (Nicolas Khoury),
Um Pai Que Você Nunca Teve – (Dominika Lapka),
Projetando a Utopia – (Catarina de Sousa & Nick Tyson).
Quando o Mar Manda uma Floresta – (Guangli Liu),
Terapia Deepfake – (Roshan Nejal),
Sequência de Lacunas sem Nome – (Vika Kirchenbauer),
A Montanha Lembra – (Delfina Carlota Vazquez),
Num Piscar de Olhos – (Jorge Moneo Quintana).
RECOMENDAMOS…
Como nossos leitores sabem, nosso lema é #FiqueEmCasa, logo, os filmes da 26ª edição do Festival É Tudo Verdade são uma excelente opção para relaxar, refletir e conhecer a história através da arte. O festival é gratuito e vai até o dia 18 de abril, acompanhe tudo no site oficial do festival. (ACESSE!) E sim, é tudo verdade que #recomendamos. – Nilvio Pessanha.
Nilvio Pessanha é morador do bairro de Campo Grande na zona oeste carioca, agitador cultural, coordenador do cineclube Cine Rua ZO, professor de língua portuguesa e literatura no município e do estado do Rio de Janeiro, pai do Francisco, vascaíno, é membro dos podcasts Trincheiras da Esbórnia (OUÇA AQUI!) e Cine Trincheiras (CONHEÇA AQUI)!