DIA MUNDIAL DO ROCK NO RJ: Cem bandas em dez palcos em momento histórico!

A Rua Ceará (reduto rock carioca) fez do dia 14 de julho; o dia, de fato, do rock. A cidade do Rio de Janeiro parou no domingo para celebrar esse momento. Entre as 100 bandas, nomes importante do underground do Rio e que ainda incluiu bandas de São Paulo, Goiás e da Argentina. Leia mais sobre o evento na matéria que segue…

Raivosos agitando o fim de tarde na Rua Ceará!

DIA MUNDIAL DO ROCK NO RJ!
Cem bandas em dez palcos

em momento histórico!

TEXTO: Leozito Rocha
FOTOS: Nem Queiroz
, Harry Sampaio e Thomaz Brasil

A ideia era reunir 100 bandas em vários palcos com a missão de tocar e celebrar a música autoral e também a data supracitada. Palcos no icônico Garage (hoje Garage Grindhouse), Pecado Mora ao Lado, Heavy Beer, Duck Walk Pub. Além de outros na própria rua como; Bonde Music (com dois palcos), Antuérpia, Hobbit/Zimbábue e um palco destinado as bandas covers. O público via de perto e no calor humano das bandas. Cada uma foi escalada para mostrar seu som em determinados horários, muitas simultâneas. A escolha, vez por outra, era crucial.

Vista do Duck Walk Pub do Heavy Beer, descontração e animação em ambos os palcos!

Apesar de um leve atraso, devido ao cancelamento de dois dos patrocinadores (um dos motoclubes e uma loja especializada em motos da área), tudo rolou com muita disposição e vontade dos artistas. O povo começou a chegar a partir do meio-dia. Detalhe: num sol teimoso e intruso depois de um fim de semana mais de frio e chuva. E, tudo foi devidamente cumprido e ovacionado por cada um que chegava. No meio da tarde, a rua toda estava lotada. Parecia bloco de carnaval.

77 Idols tocando e o ônibus passando no meio da rua!

Momentos curiosos e pitorescos foram registrados também como a passagem de vários ônibus de empresas privadas (ao fim de uma das vias encontra-se a garagem dessas empresas) mediante a lotação da rua. A cada passagem o público espremia-se e não perdia o humor. Outros momentos também foram registrados como outro veículo mambembe carregando alguns visitantes, artistas circenses e fãs mais alegres na carroceria. Tudo, claro regado a muito rock rolando em alto e bom som. Tudo era motivo de celebração e sentimento bom. Inclusive o blues-man, Bruno Leiroza da banda Mokambo saudou um dos motoristas na hora. Budah Marcio, baixista da banda foi conduzido por um certo motoboy chamado “Jonh Lenon”, dando vida a mais um desses momentos que só acontecem na Rua Ceará!

Há de registrar-se que não houve NENHUMA confusão, briga e, tampouco sujeira ou desrespeito. Mérito da organização e do público. Todos que ali estavam queriam música, festejar, papear com os amigos, consumir a comida e bebida ofertada e passar o domingo no mais puro espírito musical. Foi, de fato, um dos eventos mais bonitos e condizentes daquilo que chamamos de “resistência da sociedade”. Sem desonestidade governamental, exploração do artista, hierarquia nepotista e/ou ganância de poder. Um evento do povo para o povo.

Em meio aos casarões históricos da Rua Ceará, o rock em um dia que estava só começando!
Xha e sua camisa artesanal do David Bowie e com patche do Rato no Rio, curtindo no Duck Walk Pub.

Fundamental destacar nomes importantes para a realização, produção e organização do evento. Pessoas como o André Paumgartten (Bonde Music), Roberta Loureiro (Walk Duck Pub), Markus Roza (Heavy Beer), Bruno Borges (Garage Grindhouse), etc… Como os apoios de nomes como A Cervejaria Antuérpia, Parayba Records (Michael Meneses), Agenda Rock e, claro, a Rock Press também. Ao fim do texto todo serviço com os produtores e apoiadores completo. Uma empreitada dessas merecia mesmo pessoas competentes e pertinentes da cena underground carioca. Foi um dos mais gigantes encontros de nomes icônicos dessa cena. Fui testemunha ocular e privilegiada. Com direito a presença do lendário Xha – foto ao lado – (pude conversar durante muito tempo com ele e ouvir suas histórias) e sua bicicleta niteroiense

Das bandas que pude ver (não tem como testemunhar CEM bandas num dia só) posso citar a Real Sociedade, Anacrônicos, Pacto Social (clássico), Restos, Vicejo, Móbile Drink, A Última Gangue, Matilha, Texuga, 808 Punks & CarioCaos, NoSunnyDayz, Baga, Chucky Ramyrez… Ufa! Até onde me lembro! (risos).

Saldo desse dia foi o melhor possível. Aquele quadrilátero na Praça da Bandeira foi palco (com trocadilhos) de algo muito importante e auspicioso para a cidade do Rio de Janeiro. Ousadia de montar tantos palcos com tantas bandas e reunir MILHARES de pessoas desde manhã até a madrugada. Sim… Reuniu milhares de humanos de forma gratuita e generosa. Quem foi sabe bem (ou ainda não tenha caído a ficha) o que aconteceu nesse 14 de julho de 2024.

A cultura da cidade esteve bem tratada, respeitada e estimulada por todos envolvidos. Incrível o que pode-se fazer e realizar quando colocamos coração e mente numa proposta exemplar e bonita. A música agradece. A cidade agradece. Tudo foi perfeito. Viva a música! – Leozito Rocha!

Garage, agora Garage Grindhouse em mais um dia histórico!

Considerações do Editor!

Michael Meneses!

Não gosto de escrever sobre eventos do qual tive participação direta ou indiretamente, neste, apostei o apoio da Rock Press e do Selo Parayba Records. Sempre acho que posso faltar com minha ética jornalística, afinal sou um idealista, mas vamos lá…

No início do ano desacreditei que um evento desse daria certo, imaginei que seria algo como um único palco (ou caminhão) com uma fila de 100 bandas tocando, uma banda por vez até acabar. Na época, cheguei a falar isso com uns amigos. Porém a partir do momento que comecei a tomar conhecimento do time de campeões (algo como meus time do Itabaiana/SE de 1980, o Flamengo de 1981 e o Campo Grande/RJ de 1982), a minha ficha caiu e pensei: “Isso será histórico e será contado de pai/mãe para filho(a) e lamentado por quem não viveu aquelas 16 horas de ROCK”. Claro que teve quem não pôde ir por questões pessoais, mas que esteve presente com suas energias positivas.

Falando em energia positiva…
Comecei a frequentar a Rua Ceará no ano de 1991. Era só o Garage Art Cult e mais nada e existiam os motoclubes, mas não com o envolvimento de hoje. Naquele ano assisti bandas como De Falla, Korzus (primeiro show de casa cheia e a primeira vez que vi o Garage ser citado na MTV-Brasil), Chacal… Lembramos desse momentos no domingo. Até o ano de 1994 eu segui assíduo ao espaço e em quase todo final de semana estava lá. Em um certo sábado presenciei um amigo ser espancado pelo Carecas do Brasil em frente ao Garage. Eu pedi ajuda para quem poderia fazer algo, esse olhou e não fez nada, simplesmente deu as costas. Na hora pensei, “Foda-se, vou boicotar essa porra”. A partir dali e até 2018 fui em uns 10 shows ocorridos na região. Por isso não assisti nenhuma das grandes bandas cariocas dos anos 1990 que passaram por lá como Planet Hemp e Los Hermanos, mas assisti em 1992 no primeiro show LOTADO do Garage com bandas do underground (Gangrena Gasosa, S.H.U. e Blasted, todas da zona oeste/RJ). Também atuei na gravação de um videoclipe (rodado no Pecado Mora ao Lado) e um curta-metragem (rodado no Duck Walk Pub).

Outros detalhes:
1 –
Há 30 anos achava algo estranho naquela região, eu era muito inocente para notar a energia negativa espiritualmente falando (e olhe que sou “quase” ateu) da região. No último domingo, não senti tal energia, sabem por quê? As pessoas estavam sorrindo, felizes e se divertindo, não vi cara feia ou cheia de ódio nas pessoas. O que senti foi o reflexo de boas vibrações e foi preciso 30 anos para viver tal energia e agora minha visão da Rua Ceará é outra uma visão de Paz, Amor e Rock And Roll!

2 – Sempre achei esse papo de “Dia Mundial do Rock” algo comercial, bobo e desnecessário. Sigo o pensamento que “Todo Dia é Dia Universal do Rock”, e não apenas o 13 de julho. Porém, após esse domingo a data ganhou outro significado!

Real Sociedade – FOTO: Thomaz Brasil

3 – Por conta do evento a Rock Press entrevistou as bandas Trash no Star que se apresentou no Duck Walk Pub (leia), e a banda Real Sociedade (foto acima), que iniciou os trabalhos no Palco Bonde Music 2 (leia). Durante o evento realizamos lives que podem ser acessadas em nosso Instagram (siga e assista aqui) e outras novidade estão por por vir!

Que venha o Próximo!

Com o sucesso da edição 2024, que mobilizou público, produtores, músicos, técnicos e mídia (independente e convencional), a equipe de produção já começou a pensar na próxima edição 2025. A Rock Press acha algo digno e certamente as novas edição dessa grandiosa iniciativa terá o nosso apoio. #Recomendamos! – Michael Meneses!

MUNDIAL DO ROCK NO RIO DE JANEIRO/RJ EVENTO GRATUITO!

LOCAL: Rua Ceará – Praça da Bandeira
INFO: @100Bandas

PRODUÇÃO:
Bonde Music:
 @bondemusic
Breu Produções: @breuproducoesrj
Hobbit Produções: @hobbitproducoes
Markus Roza: @heavybeerbar
Noise Stage: @noisestage
Rob Low Produções: @roblowproducoes

APOIO:
Agenda Rock: @agendarockrj
Cervejaria Antuérpia: @cervejariaantuerpia
Headbangers Brasil: @headbangers_br
Parayba Records: @paraybarecords
Rock Press: @portalrockpress
Vista Rock: @vista_rock
Vortex: @use.vortex

ATRAÇÕES e PALCOS:
PALCO NOISE STAGE – HEAVY BEER

Estado Paranóico
Hexen Sabbat
Cliva
Os Vigaristas
Stuff
Sangue de Bode
Breaking Kerolin
Desinphernal
Sétima Era

BONDE PALCO
Tornokrê
Steewild
Samsara
Selflab
Tyhell
Supersonido
Chucky Ramyrez
Imundos
Doidon Pixote

PALCO ANTUÉRPIA
PCAP
Sunset Strip
Speed Prowlers
Seu Tuca
Setbar
Negrayscow
A-Grave
Inércia
Onvecna
Maré Morta

PALCO GARAGE GRINDHOUSE – GARAGE
Matilha
Risca Faca
Punkeando Raul
Meio/Cão
Pacto Social
Krostah
Evilness
Zeugma (Goiânia)
Hate Spectrun
Uzomi

PALCO HOBBIT/ZIMBÁBUE
Weed Terror
Purgatory
Vicious
Baga
Social Shit (Argentina)
Dör Pröfana
Beyond the grave (SP)
Podridão (SP)
Angústia
Spell Garden

PALCO BREU PRODUÇÕES – BAR O PECADO MORA AO LADO
Resto
Ouriço
Utsu
Teoria do Caos
Dia de Greve
Mityma
Interium
Queda Livre
Austera
Dethsire

PALCO ROB LOW – DUCK WALK PUB
Dedo de Bruxa
The Subs
Cromossomos
A Corte
Tributados Tocam Raul
Peyote
Tha Mello
Trash No Star
Texuga
Noise Under Control

BONDE PALCO 1
Fraternidade da Pedra
Vicejo
Anacrônicos
Raivosos
Macaco Sapiens
Manni Moritz
Mokambo
Herdeiros de Lugar Nenhum
Coyote Valvulado
Velho Jou

BONDE PALCO 2
Real Sociedade
Kilgrave
Móbile Drink
77 Idols
NoSunnyDayZ
A Ultima Gangue
Nebulosa
808 Punks & CarioCaos
Ladrão
Granmostarda

PALCO COVER
Prelude O Negative
Skyscrepers
Cytoteka
Witch Sisters
Nustarfish
Allan Jones
Tribe
Rocket Eve
Kover
Kruger

Leozito Rocha – É radialista, pesquisador musical, escritor e amante de cinema. Colaborador de sites musicais, curador de rádio, editor e apresentador do “O Som do Leozito” na Internova Rádio (OUÇA), e observador incurável. Seu facebook é: https://www.facebook.com/leo.rocha.798/

MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Em junho de 2021 foi homenageado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro pelo vereador Willian Siri (PSOL/RJ), com monção honrosa por iniciativas no audiovisual e na cultura suburbana. Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini.

Respostas de 5

  1. Há muito tempo atrás escrevi um poema em que na Lapa todos os seus bares e pubs etc havia uma banda de rock tocando, entre famosas e autorais, um noite inteira de rock. Era um poema e um sonho, é claro! 100 bandas na Rua Ceará realizou o meu sonho e o meu poema!

    @100bandas

  2. Olá,
    Não pude ir no evento desse dia 14/07/2024, mas no próximo irei.
    A Rock Press foi citada aí, eu tenho 2 exemplares físicos dessa revista de anos, em que publicaram nas duas uma carta minha na coluna Pombo que publicavam cartas dos leitores.

    Parabéns aos idealizadores e organizadores pela força de vontade, empenho e coragem de fazer um evento dessa magnitude com vários palcos e 100 bandas. Isso dá um alívio por sentirmos quando vemos eventos como esses, que o rock sobrevive por ter pessoas como vocês que arregaçam as mangas e não deixam o bom e velho Rock in Roll morrer.

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