Uma verdadeira aula de Punk e Hardcore, uma celebração visceral das bandas conterrâneas capixabas, Dead Fish e Mukeka di Rato, além da belíssima apresentação da banda carioca Blastfemme e da discotecagem da DJ Priscila Dau. A noite no Circo Voador, foi mais uma parceria certeira de duas produtoras, Tomarock e da A Grande Roubada Produções.
Circo Voador – Lapa – Rio de Janeiro/RJ
19 de maio de 2023
TEXTO e FOTOS: Edu Barros
Com a abertura dos portões pontualmente às 21h, o público foi chegando e já sendo recebido ao som das pick-ups que, nessa noite, estavam sobre o comando da DJ Priscila Dau (foto). O set mesclava, entre uma música a outra, clássicos nostálgicos do rock nacional e internacional, especialmente hinos do punk rock, metal e hard core, um set que animou bonito o povo que foi ao Circo Voador.
No palco, a banda Blastfemme foi responsável por abrir os trabalhos. Sim! O rock feminino esteve presente na noite e foi muito bem representado. Tocando músicas do seu álbum intitulado “Blastfemme”, lançado em 2019, uma sonoridade explosiva e visceral, com destaque para o single “Malícia”, que contou com lançamento da Monstro Discos e será o primeiro de uma série de seis singles que sairão neste ano de 2023. É sempre bom ver bandas brasileiras fazendo um som de qualidade como elas fizeram. Próximo ao fim do set, a vocalista Dani Vallejo (foto) pediu mais presença de mulheres na cena, seja no palco ou na produção, que estejam compartilhando seu espaço por direito! Finalizando, a Blastfemme é aquela banda com potencial e que você ainda vai ouvir muito falar. Acompanhe (aqui).
A segunda apresentação do line-up da noite ficou a cargo dos rapazes do Mukeka di Rato, um dos nomes mais importantes do hardcore brasileiro, retornando ao Rio de Janeiro. O show começa com uma introdução ao som de um berrante. Inusitado à primeira vista, mas bem conhecido dos fãs assíduos, sendo este o início da música “Boiada Suicida”, que também é o título do último álbum, lançado em agosto de 2022. E, como na grande maioria dos shows de punk e hardcore, a interação do público é contagiante! Mesmo quem não conhece acaba por se embalar ao som rápido de Mozine(foto) e Cia.
O som intenso e agressivo que os caras fazem é uma das características presentes. A resposta se vê nas rodas punk ou nas dezenas de stagedives que foram executados ao longo de 26 músicas. O set passeou pelos álbuns “Pasqualin na Terra do Xupa Kabra”, “Gaiola”, “Carne”, “Acabar com você”, “Máquina de Fazer” e “Boiada Suicida”. Um show certamente inesquecível.
Antes do grand-finale da noite, Luciano Paz, produtor da Tomarock Produções, falou da importância da ação de arrecadação dos alimentos através do ingresso solidário, que é destinado à instituição de caridade. Um ponto importantíssimo em que a música pode contribuir para ajudar quem precisa. Neste exato momento, a lona estava lotada. Segundo a produção, foram 1.407 ingressos vendidos. É nessas horas que observamos o quanto a cena independente permanece viva e muito forte, especialmente quando se faz um trabalho profissional e cheio de dedicação e amor.
Por volta de 00:15, o Dead Fish subiu ao palco recebido pelo tradicional grito de seus fãs: “Ei, Dead Fish, vai tomar no cu!”. Brincadeiras à parte, para os presentes era sem dúvidas o show mais aguardado da noite, a notar pela quantidade de pessoas na parte interna do Circo Voador. Sem palavras prévias, a banda capixaba iniciou o show com “Afasia”, “Cidadão Padrão”, “Hoje” e “Escapando”, e foi a deixa para a quantidade absurda de “mergulhadores(as) de palco” entrarem em ação e assim seguiram durante todo o show.
A energia e a qualidade de cada um deles tornam o espetáculo inesquecível para os presentes, seja no vocais rasgados do Rodrigo Lima (vocal), na agressividade do metal em hardcore do Marcos Melloni (bateria), nos riffs rápidos e melódicos de Ricardo Mastria (guitarra) ou no groove bem-marcado de Igor Tsurumaki (baixo).
A banda seguiu o show falando menos e emendando clássicos, um atrás do outro: “Autonomia”, “Asfalto”, “Molotov”, “Shark Attack” (a única música em inglês do repertório apresentado), “Zero e Um”, “Selfegofactóide, “MST”, “Sangue Nas Ma?os”, “Não termina assim”, “Venceremos”, “Viver”, “Proprietários do Terceiro Mundo” e “A Urgência”.
Alguns pontos do show que devem ser mencionados: a canção “Tão iguais” com a participação de Reynaldo Cruz (Plastic Fire) no vocal, em um dueto explosivo no palco como já conhecido pelos cariocas. Uma citação curta de “Billie Jean” (Michael Jackson) em uma pausa entre as canções e o diálogo do Rodrigo Perguntando quem esteve no show do Kaxangá (espaço underground que marcou época na virada do milênio, localizada em Botafogo e há alguns metros do também lendário Caverna II).
Na sequência final, “Senhor, seu troco”, “Você”, “Contra todos”, “Sonho médio” e, para fechar, o hino “Bem-vindo ao clube” mostrando toda receptividade e a energia do povo presente, que aquela altura estava suado e descabelado, mas com a alma lavada em gritar bem alto as letras fortes e bem atuais no contexto político e social brasileiro. – Edu Barros.
Edu Barros, é nascido e criado em Nova Iguaçu/RJ, e ao longo de seus 36 anos de idade passou por alguns nichos como a música, desenho, tatuagem e fotografia, tendo como principal inspiração a proposta do-it-yourself nas ideias com o qual segue até hoje, do punk ao hardcore esse iguacuano curte ouvir, assistir e fotografar bandas do underground carioca. Foi ex-guitarrista das bandas Donana e Visceral. Conheça seus principais trabalhos nas páginas @Edubarrosfoto e @dubarrostattoo.
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