DAVID JOHANSEN: A Voz do New York Dolls se foi!

Na noite do dia 1 de março de 2025, o mundo do rock tomou conhecimento do falecimento do ex-vocalista dos New York Dolls, David Johansen aos 75 anos e após uma batalha contra o câncer (além de tumor cerebral e ossos fraturados). Rock Press convidou o músico e ilustrador Carlos Lopes para escrever sobre David Johansen e colheu depoimentos de músicos, DJs, artistas visuais, produtores e jornalistas da cena rock brasileira. Leia na matéria que segue.

TEXTO: Carlos Lopes
DEPOIMENTOS: Michael Meneses!
IMAGENS: Divulgação e Arquivo Rock Press

Descobri em primeiro de março, carnaval e aniversário do Rio de Janeiro, mas o desencarne de David Johansen ocorreu no dia 28 de fevereiro. Agora, todos os Dolls desencarnados.

Exatamente como há algum tempo comentei sobre os falecimentos de Wayne Kramer do MC5, Erasmo Carlos e Gal Costa em minhas redes sociais. No meio do rock, ou do heavy metal para ser mais específico, principalmente as gerações mais novas só têm como referências artistas do próprio gênero. E aqui, procuro deixar claro que muitos artistas e gêneros musicais me influenciaram (e a tantos outros), para que eu criasse também o que se convenciona chamar de heavy metal ou metal extremo. Você imagina um fã de hardcore com 20 anos escutando Gal Costa? O Punk libertou minha mente e me levou a MPB.

A informação era escassa nos anos 1970, e nem tínhamos dinheiro para comprar LPs. Liamos duas revistas: a POP de São Paulo (colorida) e a Rock, A História e a Glória do Rio de Janeiro (preto e branca). O texto da primeira era bem fraco e o texto da segunda, muito bom, mas foi na primeira que vi fotos dos Dolls, o baixista com uma chupeta gigante na boca ou no pescoço. Eles travestidos, com batom, saltos altos, roupas de onça, mas não sabia como era o som. Isso deve ter sido por volta de 1974/76.

New York Dolls foram os Rolling Stones atualizados para a metade dos anos 1970, os Stones Punk por assim dizer. A música e a estética parecidíssimas, mas os Dolls eram nossos, das ruas. Apesar que os Stones têm uma ligação muito mais profunda com o Brasil, até mesmo sanguínea.

Em 1977, a TV Globo mostrou a apresentação dos Dolls no Don Kirshner´s Rock Concert de 1974. No mesmo dia que exibiu os clipes dos Sex Pistols cujo “Não dê Atenção a Idiotas” havia sido lançado no Brasil. Eu tinha 15 anos. Gravei o som da televisão com meu gravador de fita cassete. Ouvi até gastar: Yeahhhh, There is Gonna Be a Shooowwwdoowwn; Personality Crisis; Trash; Don´t You Start Me Talking; Stranded in the Jungle e principalmente do guitarrista Johnny Thunders cantando “Chatterbox”. E para a geração que nasceu com downloads ter a devida ideia, só pude ouvir e ter os LPs/CDs na década de 1990. 20 anos depois.

Em 1975, antes mesmo dos Sex Pistols, o futuro empresário das Pistolas, Malcolm McLaren empresariou os Dolls e lhes propôs uma ideia que nos EUA ainda é como cuspir na cara da mãe: se vestirem de vermelho com a bandeira comunista no palco (foto abaixo). Claro que para uma banda que não andava bem das pernas esse foi o prego no caixão. Essa fase é conhecida como “Red Patent Leather” e me influenciou demais para fundar o trio Mustang em 2000.

E por curiosidade, para localizar o leitor, a guitarra branca de Johnny Thunders (foto ao lado), guitarrista dos Dolls e depois nos Heartbreakers, acabou nas mãos do guitarrista dos Pistols, Steve Jones através das mãos do empresário McLaren. E como é sabido por quase todos, todo o equipamento de guitarra dos Pistols foi roubado pelo Steve Jones de duas fontes: uma banda de abertura para Bob Marley e de David Bowie. Ou seja, para lembrar de outra canção da época, que o Clash cantava: “Police and thieves in the streets…”

Mas voltando ao final dos anos 1970, aqui no Brasil Pré-Punk, a cena de rock nacional, para mim, era uma tristeza só. Grandes bandas como Os Novos Baianos, Joelho de Porco e Secos e Molhados nos anos 1970 precisavam não de sucessores, mas de novas ideias vindas de novas bandas e isso demorou a acontecer. Por isso o Punk foi tão importante naquele momento. Porém, conceitos como o dos Dolls nunca foram bem aceitos aqui, coisa de viado dizem até hoje, tanto que o glam estadunidense dos anos 1980, que até gosto de boa parte, e fez sucesso (sucesso que os Dolls nunca tiveram) era apolítico e sexista enquanto os Dolls eram muito políticos e questionadores sociais.

New York Dolls na Revista Rock Press N: 60

Na época que fui jornalista, articulista e subeditor desta revista Rock Press na década de 2000 entrevistei o guitarrista dos Dolls (Imagem acima) e escrevi um longo histórico sobre a banda, mesma época que entrevistei os 3 músicos vivos do MC5. Foram grandes momentos, emocionais inclusive, como jornalista-musical. Assim como descobri que Morrissey, ex-vocalista dos Smiths, antes de ser artista foi presidente do fã-clube dos Dolls na Inglaterra.

Na filmagem do show do Mustang em 2007 no Rio vesti a camiseta Glam Punk feita pelo amigo Gustavo Carneiro. Carlos Punk era como me chamavam entre final dos 70 até a primeira metade dos 80. Nunca foi por acaso…  Ou Glam Punk.

E em um show da Dorsal Atlântica também no Rio (relembre), e no mesmo quarteirão deste show do Mustang, em fins de 2024 na Lapa, centro do Rio de Janeiro comentei com a plateia: Eu amo os Dolls. Sou punk, sempre serei. Sim, sempre!

Recomendamos…

Vale conferir a série “Vinyl” que conta a história das gravadoras dos anos 1970, produzida pelo Mick Jagger, a cena da descoberta do New York Dolls é fantástica (assista).

E não deixem de assistir as performances para “Trash” no programa The Midnight Special (aqui), para o especial de TV Rock Concert, um registro da banda no Long Beach Auditorium, Long Beach, California/EUA em 24 de julho de 1974 (aqui) e ouça também a apresentação da banda no Live At My Father’s Place, ocorrida em 4 de abril de 1974 (aqui).

No ano de 2012 a Editora Madras lançou no Brasil o livro “A Arrasadora Trajetória do Furacão The New York Dolls Do Glitter ao Caos” (foto ao lado). A biografia saiu lá fora em 2005 e é de autoria de Nina Antonia, jornalista que produziu artigos para publicações como a Mojo e a Record Collecton.

E como último adendo, o diretor Martin Scorcese sempre atento cunhou uma última homenagem com o documentário “Personality Crisis: One Night Only” de 2023, (trailer aqui), a este grande artista, também conhecido como Buster Poindexter. – Carlos Lopes.

  

DEPOIMENTOS:
MARCIO Jr. – Banda Mechanics e MMarte e Taboo Produções – (Goiana/GO) –
A morte de David Johansen nos lembra dolorosamente que poucos são os gigantes do Rock que ainda caminham sobre a Terra. Rock stars continuam existindo em quantidade, mas rareiam as figuras que injetaram no gênero aquilo que o define: o espírito transgressor. E nesse quesito, o último dos Dolls é imbatível.

PHILIPPE SEABRA Banda Plebe Rude – (Brasília/DF) – New York Dolls foi o marco zero do punk. Apesar de ainda carregar resquícios do glam no som e visual, foi a banda que cativou o Malcom McLaren e o resto é história. Certamente eles eram antes do seu tempo, tanto que o segundo disco de 1974 – ano zero do punk Nova Iorquino – se chamava Too Much, Too Soon. Foi o que pavimentou o caminho para o punk.

LETÍCIA LOPES – Banda Trash No Star – (Rio de Janeiro/RJ) – A banda New York Dolls tem um lugar especial no meu coração, não apenas por sua sonoridade única e revolucionária, mas pela maneira como quebraram barreiras e desafiaram padrões de gênero na música. Representam uma fusão de rebeldia e liberdade, duas das qualidades essenciais para a construção de uma banda que “causa” na cena musical. New York Dolls tem algo muito maior do que apenas um estilo musical. Estavam, sem perceber, participando da abertura de portas para uma expressão de identidade que não se limitava aos estereótipos de gênero impostos pela sociedade. A maquiagem, os cabelos longos, as roupas extravagantes – tudo isso foi muito mais do que uma estética: foi uma declaração de que ser quem você é, sem medo, é ato de resistência. Representam um lembrete de que a música, acima de tudo, é uma maneira de contar quem somos.

TOM LEÃO – Site Na Cova do Leão – Jornalista – (Rio de Janeiro/RJ) – Confesso que descobri David Johansen e o New York Dolls bem depois da época, pelo punk, até porque, eu era um garotinho quando os New York Dolls apareceram. Dai, através dos Sex Pistols, pelas declarações do Mclaren, que disse que bolou os Pistols depois de ver um show dos Dolls em Nova York, tomei conhecimento deles. Mas, jamais tive um disco em vinil, mas tenho até hoje o álbum clássico em CD. Anos depois, no final dos 80s, ouvi aquele disco de standards do Johansen, no qual ele imita um cantor de cabaré, sob o codinome Buster Poindexter. ai, sim, eu realmente entrei na dele. adorava esse disco. e, depois, segui a carreira do Johansen no cinema, ele fazia uns tipos esquisitos e engraçados, sendo o seu mais famoso o taxista fantasma de ‘Scrooged’ (aqui, ‘Os Fantasmas Contra-Atacam’, na cola do sucesso de ‘Beetlejuice’). ele lançou uns dois ou tres discos com esse nome, mas, seu legado está mesmo no New York Dolls, a banda que foi a primeira a fazer o elo entre o glam e o punk, que chamava gente pra ver no Clube Max´s Kansas City (em Nova York), inclusive a rapaziada que, depois de vê-los, formou os Ramones. E, como já disse, Mclaren criou os Pistols, como acontece com quase todos os pioneiros, os Dolls jamais fizeram o sucesso merecido, só depois, como banda cult e influente. infelizmente, agora não restou mais ninguém para um revival. R.I.P.

JULIANA PITTA – Artista Gráfica – (Rio de Janeiro/RJ) – Ouvi falar em New York Dolls pela primeira vez nos anos 1990, lendo o livro Mate-me Por favor, de Legs McNeil e Gillian McCain. Na obra, a banda é descrita como uma das mães do punk rock em todos os sentidos: lá na década de 1970, os caras já subiam no palco usando saltos e maquiagem, chocando uma sociedade ainda mais machista e conservadora do que a de hoje! Eu precisava escutar aquilo. Personality Crisis bateu no meu ouvido cono uma bomba, e em qual criança de 14 ou 15 anos aquilo não explodiria como a materialização da liberdade? Afinal, é a idade da própria crise de personalidade. O tempo passa, as crises mudam, mas o New York Dolls continuou soando como uma das melhores bandas da história do rock’n’roll. Tanto que influenciaram o punk rock, o glam rock e mais tantos outros gêneros e artistas. Influenciar tanta gente por tanto tempo, é para poucos. Muito poucos.

ANDRÉ PAUMGARTTEN – Banda 808 Punks e Selo Bonde Music – (Rio de Janeiro/RJ) – Eu tinha uns 10 anos e um dia, em alguma revista, meus olhos bateram numa imagem que me desconcertou: New York Dolls. Aquela foto não era só uma banda posando. Não eram caras com jaquetas de couro ou camisetas da época. Era um desafio. Cabelos arrepiados, batom borrado, roupas femininas misturadas com peças masculinas e saltos altos. Eles não estavam ali para agradar ninguém, e aquilo me pegou de jeito. Os caras pareciam saídos de um filme proibido, esquisito e desconfortável nos anos da ditatura, vindos de um futuro que ninguém ainda conhecia. Fui atrás de tudo que conseguia ler e acabei caindo de cabeça no punk. O mundo só precisava de três acordes, uns berros maneiros e um motivo. Quando vi, já estava juntando amigos que também queriam algo diferente e montando uma banda. Se aquela foto nunca tivesse cruzado meu caminho, talvez minha vida fosse outra. Mas ela cruzou. E foi ali que descobri o punk me deu um propósito. David Johansen e os Dolls foram o fósforo que faltava naquela gasolina toda acumulada.

LARRY ANTHA – Bandas Katina Surf, Sex Noise… – (Rio de Janeiro/RJ) – David Johansen do New York Dolls, era daqueles caras que chegaram quando tudo era mato. Sua banda New York Dolls, junto com The Velvet Underground e The Stooges formaram a base do que viria a ser o Punk dez anos depois. A partida do David Johansen é irreparável. Seu deboche e androgenia estavam anos luz à frente do tempo. Um Deus Punk que se vai.

BO LORO – Banda Os Alquimistas – (Campo Grande/MS) – Quem me apresentou o trabalho do David e dos Dolls foi um amigo. Logo depois já consegui uma cópia do livro Mate-me Por Favor e posso dizer que foi uma virada de chave na minha vida. Gosto muito também dos trabalhos que ele fez após o New York Dolls. Destaco os discos da fase Buster Poindexter e o documentário (Personality Crisis: one night only) produzido por Martin Scorsese. David já está fazendo uma falta absurda para o cenário do rock mundial.

JEAN ALBERNAZ Bandas: Dimitri Pellz, A Batida Que Seu Coração Pulou… – (Rio de Janeiro/RJ) – Quando ouvi falar em N.Y. Dolls, ela era a banda com um Mick Jagger e quatro Keith Richards. Adoro imaginar isso, mas quanto mais ouvi o Johansen via que ele era também as Shirelles, as Shangri-Las, as Marvelettes e as Ronettes. No seu trabalho solo como Buster Poindexter não bebia só disso, mas principalmente do que era ser um Crooner, cantor do entretenimento classudo, como um dia foi Frank Sinatra. Me ensinou o punk que eu amo, doo-wop e girl group em power chords. When I say I’m in love, You best believe I’m in love, L-U-V!

ADELVAN BARBOSA – Aracaju/SE – Uma das maiores surpresas de minha vida foi o anúncio de que o NY Dolls, que havia voltado à ativa patrocinado por um de seus maiores fãs, Morrissey,  iria tocar no Abril pro rock, em Recife! Eu, tabaréu de Itabaiana que sou, jamais havia sequer sonhado em ter tal oportunidade, então fui lá e vi, claro. Foi ótimo. David parecia meio cansado, mas o guitarrista Sylvain Sylvain, o outro único membro remanescente da formação original, estava tão animado q disse no microfone que por ele tocava a noite inteira, até o sol raiar. Antológico!

LEOZITO ROCHA Radialista na Rádio Internova, DJ e escritor. Colaborador da Rock Press – RJ/RJ – Descobri a banda bem tarde. Sempre li sobre Johnny Thunders nos semanários musicais e o próprio David Johansen. O nome da banda e a figura deles sempre me impressionaram e rondavam meu inconsciente. A importância de David e banda é imensurável. Fosse pelo glam dos anos 70 fosse pelo punk depois. A androgenia era destaque junto com Bowie e Bolan. Lembro-me de ler que o Morrissey foi presidente de um dos fãs clubes dos Dolls… Isso por si só nos fez buscar os álbuns e ouvi-los atentamente. Anos depois redescobri o lado ator de David em diversos filmes também. A morte dele encerra a presença de qualquer Doll na terra. Uma pena! Um salve as bonecas de Nova Iorque.

MICHAEL MENESES – Editor Rock Press e criador do Selo Parayba Records – (Rio de Janeiro/RJ) – Nos anos 1980, quando comecei no rock, algumas bandas eram verdadeiras raridades, especialmente para mim que na época morava em Aracaju/SE. Informações sobre MC5, Velvet Underground, Stooges e o próprio The New York Dolls, eram raras, isso somado ao fato que meu foco na época era por hard/heavy/punk/HC e rock progressivo. Contudo, meu interesse pelas bandas citadas despertava sempre que meus ídolos do rock as citavam em entrevistas ou quando alguém aparecia nas revistas com uma camisa do New York Dolls. O logo da banda, as fotos com o visual glam… tudo me soava interessante. Mas que banda era essa que todos pareciam gostar, mas, nem eu e nem meus amigos conheciam? Na década de 1990, quando ampliei minhas influências e voltei a morar no Rio de Janeiro o mistério seguiu e apenas no início do atual milênio fui conhecer essas bandas e com isso lamentar pelos 20 anos de atraso, pois adorei todas. No caso do New York Dolls pude entender a estética visual, sonora e performática da banda, em especial pela energia inspiradora da dupla David Johansen e Johnny Thunders, algo que certamente influenciou meus ídolos do rock brasileiro e mundial!

Carlos Lopes, 62 anos, carioca com sangue pernambucano e português; guitarrista fundador da banda de metal Dorsal Atlântica e do Mustang; ilustrador; Portelense e Botafogo Samba Clube; jornalista-radialista e ativista.

CONTATOS e REDES SOCIAIS:
Dorsal Atlântica: www.dorsalatlantica.meloja.com.br
Livro Tupinambah: www.tupinambah.com.br
YouTube 1: https://www.youtube.com/@Carloslopes68
YouTube 2: https://youtube.com/@carloslopesartista4702?si=LuEjU2ponpJ5exUj
Instagram: www.instagram.com/carloslopesartista

MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Em junho de 2021 foi homenageado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro pelo vereador Willian Siri (PSOL/RJ), com monção honrosa por iniciativas no audiovisual e na cultura suburbana. Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini e em julho de 2024, realizou a quarta edição do Parayba Rock Fest.

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