Dando continuidade a edição 2024 do CaRIOca ProgFestival, o aconchegante Centro da Música Carioca recebeu os shows do Montechiari Project e os paraenses do Ultranova, saiba como foi na cobertura Rock Press do festival.
CaRIOcaProgFestival 2024
Montechiari Project (RJ) e Ultranova (PA)
Centro de Música Carioca, Tijuca – RJ/RJ
Dias 30 e 31 de outubro de 2024
TEXTO: Marcelo Pereira e Beto Prog
FOTOS: Marcelo Pereira
Depois de estrear na Lona Cultural Hermeto Paschoal em Bangu, na zona oeste carioca, a sétima edição do CaRIOca ProgFestival, chegou na zona norte do Rio de Janeiro, com duas noites sendo uma apresentação por data.
MONTECHIARI PROJECT
30 de outubro de 2024
Oriunda do município de Macuco/RJ, o Montechieri Project é o trabalho solo do compositor, professor de música e tecladista Raphael Montechiari, que teve início lá pelos idos de 2007, já em 2009 lançou um álbum recheado de canções agradabilíssimas com influência dos medalhões de rock progressivo, principalmente dos que utilizam teclados, aliados a uma pitada de jazz rock.
A banda atualmente conta com Raphael Montechiari (teclados, vocais), Paulo Victor (baixo e vocal principal), Cesário Filipi (guitarra) e Luan Feijó (bateria), onde batizaram o show de “Take The Train” para apresentar o novo single do próximo disco que será lançado no ano que vem.
Inicialmente o microfone do Paulo não ficou na timbragem adequada pelas primeiras palavras, mas imediatamente após alguns segundos, o técnico de som colocou os efeitos perfeitos para os falsetes proliferados, vindo o ápice do alcance, no cover do Rush. Não é olhar clínico, mas sim experiência da busca por alcançar cada parte com melhor precisão e sonoridade, como o estilo refinado sempre buscou. O piloto dessa aeronave, Montechiari, voou com as turbinas Korg X3, Nord Stage 2 e Yamaha, além de um piano para não manter o motor em giro alto o tempo todo.
Brincadeiras à parte, o cara é genial e domina seus instrumentos com uma leveza sublime que aliado aos companheiros deixou o público presente feliz (triste para quem não foi). Paulo mantém seu baixo marcante nas passagens galopantes, imprimindo seus falsetes agudos de forma coesa e não enjoativa. Cesário impõe uma influência setentista com sua guitarra diferenciada e fabricada por um luthier da sua terra, Nova Friburgo, que faz até sonhar estudar guitarra tamanha suavidade e leveza, que nos leva a acreditar ser fácil tocar o instrumento. Para fechar a trupe, temos o destruidor de peles, Luan, que bate pesado e inclusive destruiu duas peles da caixa e por conta disso o cover do Kansas foi trocado de ordem com o do Yes, visto que no lugar da caixa foi outro ton-ton que não fez a menor diferença. Foi pitoresco o acidente, mas que o público compreendeu e quis tocando com o ton-ton ao invés de esperar nova caixa. O homem, é fera!
Todos os presentes, ficaram embasbacados com a apresentação desse ícone carioca que já estamos ávidos pela espera do novo petardo a vir no ano que vem. VAMOS PRESTIGIAR O ROCK! Set List: “In a Last Day”, “What Are You Afraid Of”, “Mirros”, “Take The Train”, “Cover My Eyes” (Marillion), “The Capital Of Power”, ”World Without a Heart”, ”Fly By Night” (Rush), “The True Story of Alice”, “Rhayders Goes To Town”, “Reading My Sick Mind”, “Day Dreamer”, “Carry On My Wayward Son” (Kansas) e “Roundabout” (Yes).
ULTRANOVA (PA)
31 de Outubro de 2024
Retornando ao Rio de Janeiro esse quarteto paraense e dessa vez o Ultranova contou com a participação de Kléber Benigno na percussão, que já é chamado como quinto elemento. Essa maravilhosa banda costuma ter o som rotulado como ácido, psicodélico e progressivo. Diria ter uma sonoridade moderna com a essência das raízes do E.L.P., Yes, King Crimson, Pink Floyd e passagem pela nata do prog italiano. Daniel Leite (guitarra & vocal), Thiago Albuquerque (teclado), Henrique Penna (bateria) e Arthur Cunha (baixo), são os integrantes dessa magnífica banda com sonorização ímpar e com todos os músicos num entrosamento típico e nivelado que duvidamos alguém afirmar qual instrumentista tem mais destaque. Todos são magníficos, no mesmo patamar de excelência em qualidade, onde o porta voz, Daniel, fez questão de enaltecer o legado do renomado site inglês progrock.com, de colocar a banda em maio de 2017, com o álbum de estreia “Orion”, como sendo a revelação. O baixista Arthur, não fez parte dessa gravação, mas é um monstro nas 4 cordas e gravou na íntegra o segundo trabalho que está na boca do forno para ser lançado. Todos ansiosos pelo lançamento.
O aclamado “Orion”, foi lançado pelo selo carioca Rock Symphony e ainda está à venda, porém no exterior foi vendido pela Musea Records (França), que possui distribuição exclusiva pela Discipline Global Mobile. É uma banda exportação que merece um lugar ao sol para se viver única e exclusivamente de música e ser nosso produto exportação, assim como o fez no Sepultura no heavy metal. A leveza do baterista Henrique, mostrou uma descontração total, inclusive tocando com as baquetas no pano de fundo como se fosse parte do instrumento e umas caretas e sorrisos que, por hora me fez lembrar do jeito infantil e espontâneo do jogador Adriano Imperador, tamanha interação e domínio do instrumento, mostrando o “tesão” de estar ali tocando, o que contagiou não somente os músicos como principalmente o público presente que não sabia para qual músico olhar a performance instrumental. A pegada é de rock e a naturalidade nas quebradas das notas, mostra o domínio e interação do instrumento que por muito tempo foi referência da cozinha (baixo & bateria), mas que nessa grandiosa banda é o ponto de integração com todos os instrumentos, incluindo a percussão do Kléber que estará presente no próximo álbum com a nova interação dos “tambores da Amazônia”, assim pronunciado pelo Daniel. O Sepultura levou a “tribo indígena” para o mundo através do álbum “Roots” e quem sabe essa introdução tribal da percussão da região amazônica não seja um sinal divino e ultrassônico (pseudo-trocadilho) para alcançar outros patamares. Ficamos na torcida pelo sucesso deles!
O “maestro” Thiago conduz com sabedoria o clima de imersão no espaço sideral sem aquela viagem andrógena que aliada as notas sublimes da guitarra do Daniel, fazem a essência do rock progressivo aflorar, que junto da batida forte, descontraída e coesa no estilo hard rock do Henrique, traz o baixo delirante e galopante do Arthur, fluir com uma naturalidade descomunal, que agora com a ousadia da percussão do Kléber (que faz parte integrante do Trio Manari) leva exatamente a realização da essência real da música em trabalhar com liberdade criativa e sem limites.
SHOW MARAVILHOSO! Vamos agora aguardar o próximo trabalho que se chamará “Abacadabra” e tivemos o prazer de saborear uns petiscos! No repertorio: “Samsara”, “Odisseia Para Sírius”, “Chronos”, “Aquântica”, “Horizonte de Eventos”, Órbita”, “Abismo Azul”, “Abracadabra”, “O Eremita” e “Orion”.
E o CaRIOca ProgFestival continuou…
Passado mais duas noites, o evento migrou para mais duas noites na cidade de Niterói/RJ e a Rock Press esteve presente para conferir, se liguem nos links abaixo. – Marcelo Pereira e Beto Prog.
EM TEMPO:
ACESSE AQUI e saiba como foi a noite banguense do CaRIOCA ProgFestival com shows do Luiz Zamith e Caravela Escarlate.
Saiba como foi os shows em Niterói/RJ com Jubal Troupe, Veludo, Ultranova e Som Nosso de Cada Dia ACESSANDO AQUI!
MARCELO PEREIRA – Fotógrafo e cinegrafista, roqueiro fanático do rock, metal extremo ao progressivo, que colaborou com sites e revistas nacionais e estrangeiras, zineiro, colecionador, propulsor de divulgação do metal nacional, tape-traders, estudou rock jamais imaginando ter universidade do rock e um não repórter que faz o que faz porque ama, pois não vive disso, mas o rock pulsa nas veias!
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