Em apresentação marcada por atos de resistência, luta e protestos, as bandas Black Pantera e Devotos abriram os trabalhos do Palco Sunset do Rock in Rio 2022. Um dos pontos altos foi a homenagem a Elza Soares.
Rock in Rio – Palco Sunset – 2 de Setembro de 2022
TEXTO e FOTOS: Cadu Oliveira e Michael Meneses
O prefeito do Rio de Janeiro já havia decretado ponto facultativo e nomeado o dia 2 de setembro como “Dia do Reencontro” e o rock já marcava presença na Cidade do Rock desde o momento que os seus portões foram abertos, segundo a produção, por volta das 14h. E logo a banda Carminium já estava no palco Rock District. Cria do subúrbio de Santa Cruz, a banda entrou no festival após vencer o JUV Rock Festival, um concurso que reuniu mais de 80 bandas cariocas, em iniciativa da Secretaria Especial da Juventude Carioca (JUVRio), através da Prefeitura do Rio, ocorrido entre os meses de maio e agosto. Entre sons autorais e covers, a Carminium (ouça) apresentou seu metal+stoner+grunge. Tudo isso sob um forte sol.
Vale lembra que pessoas de várias partes do Brasil e do mundo chegavam à Cidade do Rock, incluindo pais e filhos, o que elevava o clima de paz, amor e rock’n’roll.
A boa energia evoluiu com o início da apresentação do Black Pantera no Palco Sunset. O power-trio de Uberaba/MG formado por Charles Gama (guitarra/vocal), Chaene da Gama (baixo) e Rodrigo “Pancho” (bateria) iniciou seu set com “Patrão é o Caralho” e colocou fogo no Rock in Rio (e nos racistas). Ali, se reforçava a ideia que o clima de manifestações políticas por boa parte dos artistas e do público seria uma constante nesta edição do festival com gritos de “Fora Bolsonaro” e “Fogo nos Fascistas” ecoando pelo Rock in Rio. Além dos gritos, camisas e bandeiras com mensagens de ordens eram vistas pela Cidade do Rock.
Um dos pontos altos da primeira parte da apresentação e que provou a conexão da banda com os presentes foi quando a Black Pantera tocou “Fogo nos Racistas”. Falo um dos, porque antes, Charles Gama já havia decido e circulado entre o público com guitarra e tudo. Em meio a labaredas de fogo, a banda seguia fazendo bonito no palco e o povo lindamente no gramado do Rock in Rio. Após a música “Execução”, a Devotos foi convidada ao palco. A banda veterana do rock pernambucano é uma das mais importantes resistências do rock nordestino. Afinal, a luta de Canibal e Cia., não é de agora, já vai para mais de 30 anos de resistência e de “Punk Rock, Hardcore Alto José do Pinho”, que obviamente foi o momento da maior roda, onde se via de tudo, de empresários da música ao povão do subúrbio, punks, heavys, negros, brancos, brasileiros e estrangeiros, todos agitando juntos. Só não se via preconceito. FOI LINDO!
E, se o clima de protesto seguia forte, naquele momento, ganhava ainda mais força com direito a uma emocionante homenagem a Elza Soares, em uma versão para “A carne” (música do da banda Farofa Carioca, escrita por Marcelo Yuka, Seu Jorge e Ulisses Cappelletti que tem o forte refrão “A carne mais barata do mercado é a carne negra”).
A escolha de juntar Black Pantera com Devotos foi certeira! Funcionou em totalmente mostrando mais uma vez que o rock brasileiro está muito além do eixo Rio-SP, e também se encontra espalhados pelas comunidades e pelo interiorzão do Brasil. E tem mais, diria que de todos os shows conjuntos e jam do Rock in Rio, este foi HISTÓRICO” – Michael Meneses!
EQUIPE ROCK PRESS NO ROCK IN RIO 2022 – Michael Meneses, Cadu Oliveira, Kesley Meneses, Jonildo Dacyony e Igor Velasco. ACESSE: https://portalrockpress.com.br/festivais/rock-in-rio/
Respostas de 7
Eu queria ter visto ao vivo em cores e 3D. Salve as Iyabas