O rapper Black Alien voltou ao Circo Voador em duas noite de ingressos esgotados e público ansioso. Os shows, que estavam programados para dezembro, haviam sido adiados por motivos de saúde do artista. A Rock Press esteve no show de sábado e conta um pouco como foi essa noite, que contou ainda com Febem e DJs Aisha e Yaminah discotecando.
Black Alien + Febem + DJs Aisha e Yaminah
Circo Voador – Lapa – RJ/RJ – Brasil – 10 e 11 de março de 2023
TEXTO: Kesley Meneses
FOTOS: Rodrigo Ferreira
Antes e depois dos shows, as primas Aisha e Yaminah cuidaram da discotecagem com um set para cima e bem dançante, o que ajudou a esquentar a chuvosa noite do final do verão carioca de 2023.
A abertura ficou por conta do Febem (foto). A lona estava já relativamente cheia para conferir o show do rapper paulista, que entregou uma apresentação redonda e muito bem desenvolvida. O público cantou junto e mostrou que chegou cedo para prestigiar o som do artista, que é um dos grandes representantes do grime do Brasil. O show também serviu para preparar o terreno para a chegada do novo álbum, “Abaixo do Radar”, que deve sair em breve.
A surpresa da noite foi a presença do rapper BK, que apareceu rapidamente no palco e foi ovacionado pelo público, quando era apresentado a agenda cultural do Circo Voador e revelava as datas de seus shows, que estão programados para os dias 07, 08 e 09 de julho.
Quando o Mr. Niterói subiu ao palco do Circo, o público vibrou, mas logo ficou claro que sua voz estava um tanto rouca. Mas isso não foi problema para a galera que, ao menos na primeira metade do show, manteve a empolgação e levou as músicas em coro, aliviando o serviço do artista que parecia realmente estar ainda sob os efeitos da noite anterior.
Mas, antes de falar da apresentação em si, merece destaque a iniciativa do Black Alien em subir ao palco com um tradutor de Libras (Língua Brasileira de Sinais), que acompanha seus shows e faz a versão de todas as letras para pessoas surdas. Essa atitude mostra o respeito do artista com essa parcela do público e mostra que há muitas maneiras de se sentir e se envolver com a música, que vão muito além de apenas ouvir! Torcemos para que a prática se espalhe e se multiplique!!
O show seguiu assim, com hit atrás de hit, músicas mais recentes e outras nem tanto, como “Aniversário de Sobriedade”, “Área 51”, “Segunda Vinda”, “Take Ten” (cantada duas vezes), “Vai Baby”, entre outras. Naquela batida contagiante, com as letras potentes e sagazes de Black Alien, cuja voz ia sumindo mais a cada música e fez com que ele dependesse da voz da galera para dar corpo à apresentação. Mesmo sem voz, Gustavo falou bastante com o público, e, por vezes parecia estar falando em códigos ou dizia coisas que não faziam sentido.
O público esfriou na metade final do show e a sensação é de que a plateia até diminuiu um pouco. Black Alien já quase sem voz tinha muita dificuldade para cantar e o show parece ter acontecido porque os fãs – que são muito devotos – chamaram a responsa e cantaram até o fim. O artista chegou a perguntar qual música o público queria ouvir e o pedido geral era por “Mr. Niterói”, que ele até tentou cantar, mas desistiu depois de começar alegando que não cantaria “música de guerra” naquela noite. Já quase no final, Black perguntou se já tinha dado 1 hora de show e ao receber a resposta de que já tinha 1h05min foi encaminhando o fechamento da apresentação.
A oportunidade de assistir um artista do calibre de Black Alien é com certeza imperdível! Entretanto, o show do dia 11 de março acabou frustrando um pouco as expectativas do público (ou de uma parte dele), que são proporcionais à potência e à competência de Gustavo Black Alien, um dos maiores nomes do Rap nacional, respeitado e venerado por muitos, grande referência para as novas (e mesmo as não tão novas) gerações.
Que venha outras apresentações de Black Alien, com força (e voz) total, mandando suas rimas cortantes em sintonia com o público! Quem conhece sabe que o cara é brabíssimo e seus fãs estão sempre sedentos por assisti-lo ao vivo, e, quem sabe, um novo álbum. Já sabemos que show dele é certeza de casa cheia! – Kesley Meneses.
Kesley Meneses é sergipana, feminista, pedagoga atuante na educação pública, defensora da democracia e amante de música.
