Em comemoração ao aniversário da produtora Pity Portugal, o Akasha Rock Fest, reuniu uma galera ávida pela cena underground carioca, no Calabouço Rock Bar. A noite teve performance de Rhada Naschpitz e as bandas Tha Mello, Móbile Drink e Supersonido. O Rock autoral do RJ resiste e avisa que está mais vivo que nunca e a Rock Press conferiu…
AKASHA ROCK FEST:
Tha Mello, Móbile Drink e Supersonido em noite estrondosa no Calabouço Rock Bar/RJ
Domingo, 10 de setembro de 2023
Calabouço Rock Bar – Vila Isabel – RJ/RJ
TEXTO e FOTOS: Nem Queiroz
Akasha significa em sânscrito um termo para o espaço ou éter na cosmologia indiana, adotado por outras religiões desde o século XIX. Seus derivados significam “Céu”. No final deste texto entenderemos melhor.
O Festival é produzido desde 2018 pela competente Pity Portugal, que não por coincidência era a aniversariante. A festa tinha mesmo tudo para dar certo, e deu. Unindo o útil ao agradável, ela dividiu o bolo com um público que já é fiel ao evento e que agora vem se multiplicado pelas iniciativas do Coletivo Rio+Rock, que promete não deixar pedra sobre pedra no underground do Rio de Janeiro.
No final da tarde de domingo, o movimento no entorno da casa era crescente. Quando bateu 18h, as portas se abriram impreteríveis e o mundo já era outro! Produção a postos, anfitriã no comando, e as primeiras canções de uma playlist moderada, mas boa de se ouvir davam o clima da noite. Tudo estava pronto, casa boa para shows é o Calabouço! Dois andares, som no talo e um palco que qualquer pub gostaria de ter. Notava-se que a noite era crescente, o público surgia como quem chega a um encontro marcado e aguardado com ansiedade.
Antes dos shows, a esperada “surpresa” da noite: a caveira que é o símbolo do evento se materializava na presença enigmática e talentosa de Rhada Naschpitz. Com um belo trabalho de maquiagem desenvolvido por Elaine Sampaio e vestida com um manto medieval e obscuro, Rhada subiu ao palco acompanhada de Pity para dar as boas e vindas a plateia do Akasha Rock Fest. Então, fez-se a noite! Coincidência ou não, li no setlist exposto no palco o nome da primeira música de Tha Mello: “Fantasma”! Em seguida, Rhada performava e interagia com a plateia. E assim, vamos as apresentações…
OS SHOWS!
THA MELLO – Minutos antes, enquanto o público chegava, podia-se notar uma pessoa, no salão, mais agitada que as demais. Era a encantadora e primeira artista a subir ao palco, com seus cabelos vermelhos e presença jovial, que estava concentrada e dedicada com os afazeres que precede um show. Eram exatamente 19:40h quanto Tha Mello soltou suas cordas vocais feito cavalos selvagens, apresentando um pop/rock and roll consistente e que já dava a ideia do que teríamos ali. Com mais de 15 anos de estrada circulando pela cena underground, um dos destaque do seu set foi a música que tem clipe novo rolando no YouTube, “Sofisma”. Outro destaque que gostaria de apontar é a belíssima canção que fechou o set, intitulada “A Chegada” (ouça). Vale conferir!
A essa altura a casa já estava cheia, com vários batalhadores da cena como; Pedro Serra (Rockarioca), Alessandro Alr (Maldita 3.0), Neube Brigagão (Seu Roque), o já citado coletivo Rio+Rock, entre tantos outros. Muito bom ver a cena representando a cena. Quer tocar? Uma dica: Prestigiem os shows dos amigos.
MÓBILE DRINK – A segunda banda foi a Móbile Drink, e uma constante no underground é observar o corre dos próprios artistas montando o palco. É do jogo, vamos que vamos! O vocalista Ronan Valadão, tentava dominar a tensão ajudando no palco. Depois de 2 anos sem se apresentar, não era para menos. Porém, Ronan, assim como toda a banda, é cascudo e tirou de letra, num demonstrativo que dava a percepção do quanto a banda se solidificou, sem dúvidas, como um dos melhores nomes do cenário alternativo carioca.
Pity Portugal foi ao palco apresentá-los com as pompas que lhe são devidas, a Móbile Drink! Sim, no underground ouso dizer que talvez seja a melhor. A Móbile sempre foi consistente em letra, postura e canções! Não brinca em cena. Ronan tem o dom do domínio e do autodomínio, entre uma canção e outra conversava, contava história recentes, xingava graciosamente pseudos desafetos, cantava e encantava. Presença forte e inigualável, percepção pessoal que lembra Jim Morrison em alguns momentos. Já na primeira música podia-se notar a entrega do público, no “Cruel Jogo do Não”. A banda esbanjava segurança com a batera pulsante de Bruno Valadão (irmão de Ronan), o baixo marcante de Felipe Pinheiro, e agora acompanhados pelo guitarrista Alex Ketzer (da Supersonido). Foram dez canções, entre elas, “É o Rio”, (assista aqui) e destaque para a releitura de “Maneiras” (Zeca Pagodinho), que com o peso das guitarras lhe deu ainda mais ares de protestos. Fecharam o set com “Novamente ao bar”.
Pausa para troca de palco, público ouriçado, todos felizes, fotógrafos, equipe etc.
SUPERSONIDO – Fechando a noite, o super som (como diz o nome em espanhol), da banda Supersonido, que nasceu em 2013 e faz um hard/heavy de deixar qualquer tímpano desavisado estremecido, apresentando um som encorpado com belas texturas de guitarras que parecem ser a marca da banda. E nunca um nome de banda foi tão certeiro! O show da Supersonido é mesmo de rachar concreto, forte, potente, gritante, com duas guitarras endiabradas bebendo da fonte do heavy metal, um vocal com cordas de aço na garganta, orgulhosos de cantar em português, a voz rouca e gutural sob um instrumental estridente e bom, energizando a todos como o rock deve ser. Ao vivão é bom quando é assim! Já na música “Mundo Hostil”, que Daniel Marques (vocal), fez todo mundo gritar a capela! Outras duas canções que merecem atenção são “Mas” e “Trevas”.
Fechando a noite, a canção batizada pela trupe de “hino do underground”, intitulada de “Você Sabe Quem Eu Sou”, com direito a stagedive de Pity Portugal, que foi aplaudida ao se jogar aos braços do povo, num mosh tímido, mas não menos emocionante. Ela de braços abertos para o céu (Akasha!), feliz da vida!
Por mais noite assim…
Precisamos de mais noite assim, ok!? Parabéns aos envolvidos! Foram todos Super Shows da Supersonido, com a força Super Rock Autoral, promovido pelo Super Akasha Rock Fest, no Super Calabouço Rock Bar e com uma Super Galera. Uau! Que Super Noite! – Nem Queiroz.
Nem Queiroz, fotógrafo (CONHEÇA), poeta, DJ, vocal da banda carioca Real Sociedade (OUÇA).
Respostas de 8
Parabéns pela matéria, resumiu bem o que foi o evento. Viva o Underground carioca.
Noite inesquecível, autoral bombando, a cena rock do Rio borbulhando !!!!Amei!!!
Uma delícia de noite!!! Que venham muitas mais!
Concordo! Precisamos de mais noites assim.