A ÚLTIMA GANGUE, FUCK YOUTH e TRASH NO STAR: Noite abrasiva e de atitude na Audio Rebel (RJ)

Se você acompanha a Rock Press, já sabe que a cena musical independente carioca está bombando em vários pontos, inclusive na Audio Rebel, em Botafogo. A noite de 27 de abril não poderia ter sido menos efervescente. As bandas A Última Gangue, Fuck Youth e Trash No Star estavam decididas a entregarem o som mais raw power e envolver o público. Este, prontamente engajado e sem medo de sair do local com os ouvidos zumbindo.

A ÚLTIMA GANGUE, FUCK YOUTH e TRASH NO STAR:
Uma noite abrasiva e de atitude
!
Audio Rebel – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
27 de abril de 2024
TEXTO e FOTOS (via celular): Larissa Oliveira

Foi a minha primeira ida à casa de show e lá conheci a baterista do duo LuvBugs, Paloma Vasconcellos, que portava uma tatuagem da capa do In Utero do Nirvana, enquanto rolava sons de bandas que tocaram com Sonic Youth na turnê que originou o documentário 1991: The Year Punk Broke de fundo, incluindo Babes in Toyland. Isso já era um sinal de que o evento seria tão intenso, coletivo e girl power quanto.

A ÚLTIMA GANGUE – É assim que se faz um glam rock de respeito…

A noite começou com A Última Gangue, formada por Greco Blue (vocal), Luiz Gustavo (baixo, vocal), Xande Farias (guitarra) e kaducarloX (bateria). Parecia que estava assistindo a uma cena do filme Velvet Goldmine de Todd Haynes. Greco é a personificação do frontman com uma atitude na-sua-cara, hipnotizante e do qual você pode esperar qualquer coisa a qualquer momento, isso sem precisar das plumas e glitter que vemos em personagens do filme. É como se Lux Interior e Iggy Pop tivessem tido um filho, mas que trilhou seu próprio caminho, pois, apesar das referências internacionais, a banda também tem suas raízes brasileiras com integrantes veteranos do rock carioca, com um cover de Júpiter Maçã e com canções como “O Pirata de Paquetá”. E se o trocadilho permite, A Última Gangue há de desbravar muitos caminhos onde deixará suas sementes punk para futuras gerações. Ah, e o show contou com participação especial da baterista e vocalista da Klitoria, Malu. SETLIST: “Canção para ratos”, “Algoritmos”, “Triste domingo”, “A cidade e as flores”, “Pirata de Paquetá”, “Lobo Solitário”, “Infernália”, “Do Rio ao mar”, “Querida Superhist X Mr Frog” e “Ritual”.

FUCK YOUTH – Ainda se pode fazer um rock despojado neste Mondo Bizarro…

Fuck Youth, um trocadilho como “fuck you= foda-se” e que literalmente significa “foda-se a juventude” é um trio garage punk de Alexandre Bolinho (guitarra, vocal), Leandro Santiago (baixo) e Jean Albernaz (bateria). Apesar do nome, os caras mantêm o espírito jovial ao brincar com o público, cantar coisas como “Meu coração é uma geladeira sem cerveja” e até tocar músicas que não foram ensaiadas para show. Mas isso não é para dizer que é algo somente de bandas com integrantes jovens, pelo contrário. Se tem algo que o grupo liga o foda-se para é a ideia de que existe uma fórmula e prazo para se fazer punk. Além disso, Fuck Youth combate ideias negacionistas, declara seu amor aos Ramones, e encontra o equilíbrio da vida com os filmes de Kurt Cobain e discos de Jean-Luc Godard. É um show para bater a cabeça ao mesmo tempo que somos cativados pelas histórias das canções, e dá aquela vontade de ouvir mais vezes para captar uma parte que perdeu e viajar por um instante fora deste Mondo Bizarro que vivemos. SETLIST: “Warning”, “Fora do lugar”, “Dark”, “Godard”, “Cloroquina”, “Ranger de dentes”, “Daigoro”, “Tanto Faz”, “Pedro”, “Ramono”, “Acontece muito” e “Só no vagão”.

TRASH NO STAR – Girl Power, batalha dissonante e trevas tropicais…

No coração de um(a) punk, sempre cabe mais barulho e a Trash No Star levou o recado a sério ao encerrar a noite. Composta por Letícia Lopes (guitarra,vocal), Felipe Santos (guitarra,vocal), Mara Chantre (baixo, backing) e Pedro Millecco (bateria), a banda que tirou seu nome do álbum Experimental Jet Set, Trash and No Star do Sonic Youth, carrega consigo o mesmo vigor político ao retratar questões de gênero, mas com ares contemporâneos ao acolher fãs trans e não-binários. Se no Sonic Youth, Kim Gordon recebe a pioneira do Riot Grrrl e vocalista do Bikini Kill, Kathleen Hanna, no clipe de Bull in the heather, Trash No Star recebe no palco as suas amigas da banda Texuga ao cantar “How are You”. A Trash eleva tanto a sororidade a outra potência quanto o seu som, em um momento divertido quando os guitarristas disputam quem é mais noise. Mas a única treta real é o embate da banda contra o patriarcado até em meio às trevas, quando de repente faltou luz na Audio Rebel no fim do set, que entre os sons contou com; Como uma mulher na cena underground, me sinto representada por bandas com integrantes femininas, pois ainda temos que ocupar mais espaço na cena, e a Trash é uma daquelas fundamentais para o punk continuar sendo esse lugar libertador. SETLIST: “Você não me quer”, “Anyone but me”, “Let’s go”, “Ficar bem”, “Tão legal”, “Bobagem”, “How are you”, “Por nós”, “Single ladies”, “No joy” e “Misses Digger”.

Recomendamos…
Não há dúvidas de que o Rio de Janeiro ainda proporciona ótimos shows de rock de bandas independentes. Mesmo se os debates sobre o valor absurdo de ingressos para shows internacionais e a não vinda de algumas bandas na cidade são válidos, nada impede rockeiros, rockeiras e rockeires de frequentar os eventos de grupos locais espalhados pela cidade. Para bandas vibrantes como A Última Gangue, Fuck Youth e Trash No Star continuarem ativas, precisamos chegar mais junto e com senso de coletivo. Afinal de contas, a conexão humana por meio da música faz um bem danado à saúde e Rita Lee já avisava que deveríamos cuidar mais dela. #Recomendamos! – Larissa Oliveira.

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LARISSA OLIVEIRA – Sergipana atualmente no Rio de Janeiro, é pedagoga e professora de idiomas (Inglês e Francês), escritora e editora dos Blogs A Redoma de Vidro e Mulheres da Geração Beat (e Women of the Beat Generation), escrevendo também para o Cine Suffragette e Portal Rock Press. Atua como zineira bilíngue e riot grrrl no @iwannabeyrgrrrlzine e como tradutora de artigos e livros. Não vive sem praia, CDs e batom.

Respostas de 5

  1. Obrigada pelo texto tão preciso e com as referências certeiras. Larissa é a melhor escritora do rock

  2. Muito bom! Deu vontade de estar nesse show! Mas o texto me transportou para ele, mesmo estando aqui em Recife! E já vou rapidamente buscar o som dessas bandas para poder conhecer!

  3. Texto miuuuuuito bom, cheio de ótimas referências, a citação do espetácular filme “Velt Goodmining” foi sensacional! E através de mais um texto bacanissimos da Larissa – ela tem um futuro brilhante como jornalista musical – , ainda descobri o meu velho amigo de Campo grande, o Jean, é o baterista de uma das bandas. Pois é, textos como esse esse, até me dão saudades dos meus tempos de jornalismo musical.

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