ANACRÔNICOS, SELFLAB e THE DEAD SUNS: Trinca Rock de Resistência!

Um novo espaço alternativo ganhou vida na cidade do Rio de Janeiro, trata-se do Centro Cultural Diversa. Situada na Rua da Carioca, no Centro da capital carioca, a casa vem abrigando shows underground e recebeu as bandas Anacrônicos, SelfLab e The Dead Suns, em noite que ainda contou com o DJ Diego Mode. Saiba mais na matéria que segue…

Trinca Alternativa Rock II:
Anacrônicos + SelfLab + The Dead Suns + DJ Diego Mode

Centro Cultural Diversa – Centro – Rio de Janeiro/RJ
23 de Novembro de 2024

TEXTO e FOTOS: Nem Queiroz

Diferente de outras ruas e áreas do Centro do Rio de Janeiro, onde a badalação é intensa, como por exemplo a Lapa (onde na mesma noite acontecia as apresentações das bandas Onda Errada HC, Mechanics e Dorsal Atlântica), em outras regiões do mesmo Centro da cidade, as ruas são absolutamente desertas. Exemplo disso é a Rua da Carioca, onde há pouco abriu uma cervejaria (que também estava fechada), em plena 20h não ter uma viva alma na rua é realmente desolador. Mas nesta mesma rua, no número 54A, a vida e o rock brotavam em alto e bom som.

O novo Centro Cultural Diversa acolhe bandas autorais e vem deixando todos impressionados pela qualidade do som, comandado por Marcelo Perrone, um craque no que faz, e que deu às três bandas da noite o prazer de serem bem assistidos no Trinca Alternativa Rock Fest em sua segunda edição ou uma semana antes, no lançamento de “Beneath the Surface”, novo trabalho da NoSunnyDayz e que contou com shows da Tha Mello, Paperhead e Paumgartten.

A casa na verdade é um grande salão com o chão quadriculado em preto e branco, que dá um certo charme retrô ao espaço, e os equipamentos são de primeira. A luz é que fica devendo, principalmente para um fotógrafo como eu que não usa flash. Mas calma que isso é só o início. Falando de ruas desertas e noites vazias, o público, que foi chegando aos poucos, no final teve um bom número, razoável, diria, mas bastante alegre e participativo. Quando o endereço pegar, vai ser lindo. Mas, vamos ao que interessa: Os shows…

ANARCRÔNICOS

Abrindo os trabalhos, a impecável discotecagem do DJ Diego Mode tocando o melhor do pós-punk, alternativo e synthpop, uma perfeita introdução para a primeira banda da noite, o Anacrônicos, que em sua formação conta com os amigos de infância Maurício Hildebrandt e Bernardo Palmeiro (guitarras e vocais), José Sepúlveda (baixo/voz) e Pedro Serra na bateria e cada vez melhor! Posso dizer que foi uma grata surpresa, cantando em português, letras consistentes e políticas, destaque para canção “Paradoxo”, que apelidei de robozinho, por conta do refrão inteligentemente pegajoso e com pegada, também surpreendentemente punk, de deixar eufórico. num repertório de 10 músicas, outro destaque é “Necropolítica”. Não quero fazer comparações inanimadas com a Plebe Rude porque realmente não tem nada a ver, mas a voz do vocalista, por vezes me remetia. Gostei muito e fiquei feliz por isso. É bom que estejamos atentos para os Anacrônicos, para que não sejamos tão Anacrônicos assim, se é que vocês me entendem. Atualíssimos, quero dizer! De fato, uma grata surpresa!

SELFLAB

A segunda atração da noite foi a banda tijucana SelfLab (Shoegaze, indie), do anfitrião do evento Nilton Jardim Junior (o cara que organizou tudo e apresentava as bandas na foto ao lado).

Com um som Potente e premiado, que o vocalista Otto fez questão de pontuar, a banda fez parte do casting do Selo Midsummer Madness, iniciativa da lenda viva Rodrigo Lariú. Esse cartão de visitas não é para qualquer um, tem que respeitar, ou seja, uma indicação e tanta para saber da qualidade da Selflab. Num repertório próprio e totalmente em inglês, eles ainda nos presentearam com uma versão para “Head On”, clássico da banda escocesa Jesus and Mary Chain. Enfim, foi um desfile de bons músicos, o que sempre rende um bom show. #Recomendamos!

THE DEAD SUNS

Fechando a noite, The Dead Suns, bandaça formada por Mauk Garcia e Francisco Kraus, que se revezavam no baixo, guitarra e voz e contou com a parceria luxuosa do batera Yuri Pinta (que gravou com a banda os respectivos álbuns “The Early Singles” e “New Days for a Better Man”, e que estava substituindo o outro fera Robson Riva (do álbum “A luta Continua”) e mais a segunda guitarra/voz Renato Fernandes nos presenteando assim com a formação clássica e original da banda.

E vou dizer uma coisa, com essas feras no comando de tudo, não havia mesmo como ficar imune. Que belas texturas de guitarra o Francisco Kraus consegue imprimir, num por assim dizer speed rock alternativo sempre crescente e vigoroso. Vigor este que aliás me surpreendeu depois do papo que tive com Kraus antes do show, sobre perrengues e cansaços inevitáveis que essa vida de roqueiro nos impõe. O homem subiu ao palco com uma disposição de um adolescente. Cantou, dançou, pulou, se divertiu e com certeza divertiu a todos, sem sombras de dúvida junto com Mauk (foto ao lado), é claro.

Uma noite para esquecer a solidão lá de fora. O Centro da Cidade pulsava ali dentro ao som de canções como “Terminal”, “Alice’s Garden”, “Fake Smile”, apenas para citar três pedradas das onze e mais uma versão para “Vapour Trail” da banda Ride e que o The Dead Suns nos deu o prazer de ouvir, cantar, transcender.

Por fim, se lá fora havia a penumbra de uivos imaginários, ali dentro o uivo era real. Três grandes shows dentro de uma noite veloz! – Nem Queiroz.

NEM QUEIROZ – É Poeta, letrista, fotógrafo, cantor, escritor, artista plástico e DJ. Pesquisador e colecionador de música, rato de cinema, teatro, sebo/livraria, centros culturais e shows! Intitula-se como “O Fotógrafo Observador” quando se aventura a resenhar para sites e afins. Ele mora aqui.

Respostas de 8

    1. Uma noite perfeita. Três bandas ótimas que se complementaram. O som é excepcional. E o público foi muito acolhedor.
      Apesar da rua vazia, o Diversa é muito acessível e bem localizado. Torço muito para que tenha uma longa vida.

  1. Resistência! Muito obrigado a toda galera que se propõe a ir na contramão do mercado e abrir espaços para as bandas e a artistas autorais que ‘ainda’ não são re-conhecidos pelo grande público.

  2. Que maravilha , pois esta Cidade Maravilhosa merece o melhor!!!!!! parabéns ao Marcelo Perrone e as Bandas.

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