Um dos baixistas mais prestigiados do Rock Brasil de sua geração está ganhando biografia. Champingnon do Charlie Brown Jr. terá sua trajetória contada em “Champ” (Ilustre Editora), livro de autoria de Pedro de Luna, um dos principais pesquisadores do rock nacional dos anos 1990. A biografia se encontra em processo de financiamento coletivo e a coluna 1, 2, 3, 4… da Rock Press conversou com Pedro de Luna.
ENTREVISTA: Cadu Oliveira
FOTOS & IMAGENS: Marcos Hermes, Juliana Reis e Divulgação
Em meados dos anos 90, a banda Charlie Brown Jr. era então reconhecida como um dos maiores nomes do rock nacional. Seu baixista, o músico Champignon (que também atacava no beatbox) fez parte dessa história, dando a vida (quase que literalmente) pela banda. Para detalhar esse legado, nada mais justo que uma aprofundada pesquisa que em breve veremos nas páginas de “Champ”. No enredo, amizade, skate, rock brasileiro e entrevistas relevantes de nomes como Badauí (CPM22), Canisso (Raimundos), o produtor Tadeu Patolla, dentre muitos outros.
Interação dos leitores, na escolha da capa
O livro terá como foto de capa, um click do conceituado fotografo musical Marcos Hermes, e segue em campanha de financiamento coletivo, e quem participar da campanha pode participar da escolha da capa. O livro é mais uma iniciativa do sempre incansável Pedro de Luna que, além desse, já biografou as histórias do Planet Hemp, do rapper Speed, do político Chico Alencar (PSOL/RJ), do desenhista Marcatti, assim como vem documentando, desde os tempos de fanzineiro nos anos 1990, a cena rock em Niterói/RJ, em especial com os livros “Niterói Rock Underground 1990?2010” e “coLUNAs”.
Com esta vasta experiência no universo biográfico, o escritor e jornalista Pedro de Luna se aventurou a contar a história desse ícone da música brasileira. Tivemos a honra de conversar com o autor e fazer as tradicionais cinco perguntas da coluna 1, 2, 3, 4… Se liga só:
1 – Cadu Oliveira/Rock Press: Nos últimos anos, você tem documentado a história do Rock Brasil, especialmente dos anos 1990, por meio de livros. Como você chegou ao acervo de informações e à possibilidade de escrever a biografia do Champignon?
Pedro de Luna: Cada livro tem o seu próprio caminho. No meu caso, um costuma puxar o outro. Por exemplo, quando eu escrevia o “Brodagens”, sobre o Gilber T e as histórias do rap e do rock carioca, comecei a ficar mais ligado no Speed. Durante esse processo, conheci um grande fã dele, o Rafael Porto, que já planejava fazer um documentário (“Speedfreaks: Psicopata camarada”, lançado recentemente) e sugeriu escrevermos juntos a sua biografia, que foi lançada em 2019. Então, quando eu fiz as entrevistas para a biografia do Planet Hemp, aproveitava para também perguntar alguma coisa sobre o Speed. Em 2018 e 2019, durante as minhas andanças pelo Brasil com o livro “Planet Hemp mantenha o respeito”, os leitores me pediam para biografar outras bandas dos anos 1990, como Raimundos, O Rappa e Charlie Brown Jr. Por esses acasos da vida, num determinado momento, três pessoas diferentes me falaram sobre o Champignon e a sua importância para o rock nacional. Isso me deixou de antenas ligadas! Comecei a pesquisar sobre ele e percebi que havia pouquíssima coisa escrita a seu respeito e, pior, que ao buscar na internet, praticamente só apareciam notícias sobre a sua morte. Agora que a sua biografia está pronta, eu confirmei que ele foi um dos melhores e mais importantes instrumentistas do Brasil e um ícone na cena da Baixada Santista.
2 – Rock Press: Como você conheceu o Champignon e o Charlie Brown Jr e qual foi sua relação com ele? E o que mais lhe impactou ao se debruçar para escrever a história dele?
Pedro de Luna: Quando eu soube da existência do Charlie Brown Jr., eles já tinham assinado contrato com a Virgin, e lançado a primeira música de trabalho. Fui ao primeiro show deles no Rio, ali no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, em 1997. Nessa época, eu já estava 100% mergulhado na cena underground brasileira e achei que a banda soava parecida com tudo o que já conhecíamos das gringas, sobretudo daquela mistura de punk rock, ska e hardcore californiano. No primeiro show do CBJr em Niterói, que aconteceu em 1998 no Bedrock, eu não fui, mas a Laine Nascimento e o “Cachaça” estiveram lá representando o nosso fanzine Shape A. Nesta noite, o Chorão pegou um exemplar dele e andou de skate no half pipe. No livro tem imagens desse show. Sobre o Champignon, não tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, mas o entrevistei por e-mail na época do Revolucionários, a banda que formou com outros músicos após ele, Marcão e Pelado deixarem o CBJr em 2005. Aliás, esta é uma das passagens mais tensas do livro, por que o Champ e o Chorão ficaram trocando farpas através da imprensa durante muito tempo. O que o vocalista fez, e que será revelado na biografia “Champ”, deixou o baixista magoado por anos. Porém, o que mais me impactou foi a resignação do Champ, a empatia com os fãs e o seu amor pela música. Um garoto prodígio, que começou pelo violão clássico aos seis anos de idade e sabia tocar diversos instrumentos. Um artista desprendido de bens materiais e que se realizava em cima do palco. Claro que o CBJr lhe trouxe fama, prestígio e dinheiro, mas ele não se abalou quando passou por momentos difíceis, com a grana curta, e integrando bandas que não fizeram o mesmo sucesso. Com a alegria habitual, o Champ tocou o barco e, seis anos após a sua turbulenta saída da banda que fundou com o Chorão, em 2011 ele retornou ao CBJr. Acredito que especialmente os dois últimos capítulos do livro vão emocionar muito os leitores. Infelizmente, o ano de 2013 foi trágico para o rock nacional. Num intervalo de apenas seis meses, perdemos Chorão (em março), o guitarrista Peu Sousa (em maio) – que tocou com o Champ na banda Nove Mil Anjos – e, em setembro, o Champignon. Para muitos fãs, o CBJr terminou ali.
3 – Rock Press: Quem foram os principais entrevistados para essa biografia?
Pedro de Luna: Para a biografia “Champ” foram dezenas de entrevistados, desde fãs do CBJr e do fã-clube Champirados, até jornalistas, empresários, radialistas, fotógrafos, VJs da MTV, ex-funcionários de gravadoras, ex-integrantes das bandas do Champ e músicos como os bateristas Junior Lima, Bacalhau (Planet Hemp) e Fred Castro (Raimundos), os vocalistas Di Ferrero (Nx Zero) e Badauí (CPM 22), os baixistas Canisso (Raimundos) e PJ (Jota Quest), e os produtores Carlo Bartolini e Tadeu Patolla. O foco do livro foi a carreira profissional do Champignon, mas contei com muita ajuda das suas irmãs, que ao lado do pai, são a família dele. Além de entrevistas e fotografias inéditas, elas estão dando todo apoio ao projeto e sou muito grato por isso.
4 – Rock Press: Fale um pouco sobre o processo de captação financeira que envolve o lançamento desta publicação e aproveite para explicar a iniciativa de reverter parte da arrecadação ao Centro de Valorização da Vida.
Pedro de Luna: O livro “Champ” é uma biografia 100% independente, na qual investi por conta própria muito tempo e dinheiro. Foram dois anos de trabalho intenso entre pesquisa, entrevistas e redação. Como ainda não apareceu uma editora para injetar recursos, decidi lançar uma campanha de crowdfunding na plataforma Kickante. Quem participar, além de garantir em casa um exemplar do livro, que terá uma tiragem exclusiva e limitada, acompanhado de marcador de página e adesivo, o colaborador poderá votar numa das quatro capas e ter o seu nome nos agradecimentos. Uma porcentagem da renda da campanha será doada ao Centro de Valorização da Vida (CVV), que faz um trabalho bonito e sério na prevenção do suicídio. Acredito que esta é uma maneira coerente de impedir que outras pessoas tenham o mesmo fim trágico do Champ.
5 – Rock Press: Conte para a gente sobre sua vasta experiência em escrever biografias. Quais já foram? E por fim, mande aquele recado final para os leitores da Rock Press.
Pedro de Luna: Até o momento eu já escrevi e publiquei 13 livros, sendo sete biografias: “Chico Alencar – caminhos de um aprendiz” (Ilustre Editora, 2017), “Filipe Salvador: a cultura de Angola no Brasil” (Ilustre Editora, 2017), “Brodagens – Gilber T e as histórias do rap e do rock carioca” (Ilustre Editora, 2016), “Marcatti – Tinta, suor e suco gástrico” (Marsupial Editora, 2014), “Histórias do Porão” (Ilustre Editora, 2018), “Planet Hemp: mantenha o respeito” (Belas-Letras Editora, 2018) e “Eu sou assim Eu sou Speed” (Ilustre Editora, 2019). Todas as biografias foram experiências únicas e tiveram os seus próprios caminhos, tanto no processo de criação quanto nos lançamentos. A do Speed e a do Chico, por exemplo, foram escritas a quatro mãos. Na do festival Porão do Rock, ao invés dos artistas, quem contou a história foram os produtores, a galera que trabalha no backstage do evento. Na do Planet, ao invés de circular apenas em ambientes musicais, também fiz palestras em headshops e growshops pelo país. Já a do pintor angolano Filipe Salvador foi muito difícil pois ele já estava morto há alguns anos e os contatos que a família tinha já não valiam mais. Então é sempre um processo de investigação e pesquisa muito duro e solitário, mas muito compensador ao final. A Rock Press faz parte da minha carreira e tenho muito carinho por ela. No início, quando ainda era um jornal (e depois uma revista) eu já era um colaborador. Admiro muito e respeito a sua história e todos que passaram por ela, além, claro de quem a mantém viva até os dias de hoje. Agradeço aos leitores que leram a entrevista até o final, que a compartilharam e, claro, aos que já adquiriram algum dos meus livros. Espero contar com vocês também na campanha da biografia do Champignon, cujo link é www.kickante.com.br/champ.
Recomendamos…
Este livro representa, em um só projeto, uma oportunidade de retratar e resguardar vidas. Afinal, fazer parte de uma iniciativa como está mais do que ajudar a contar a história de vida do músico Champignon é também reforçar a importância de ações que combatem o suicídio. Ou seja, colaborando para este financiamento coletivo além de tornar realidade a publicação da obra “Champ”, você também está revertendo uma porcentagem para ajudar a financiar o Centro de Valorização da Vida. Esta é uma das muitas formas de fazer com que a arte seja uma ferramenta de transformação da realidade ao nosso redor. Doe. Compartilhe essa ideia. Ajude a manter viva parte da história do rock nacional e a VIDA. Click e colabore AQUI ( www.kickante.com.br/champ )! – Cadu Oliveira.
Siga Pedro de Luna no instagram (aqui) para conhece e adquiri seus demais livros nos link que seguem:
“Niterói Rock Underground 1990?2010”:
SITE: www.niteroirockunderground.blogspot.com
FACEBOOK: https://www.facebook.com/niteroirockunderground/
“Eu sou assim Eu sou Speed”. – Biografia do rapper niteroiense Speed:
SITE: https://www.speedvive.com/
FACEBOOK: www.facebook.com/speedvive/
“CoLUNAS”: www.facebook.com/nomundodoLUNA
“Coleção Conte uma História”: www.facebook.com/colecaoconteumahistoria
“Planet Hemp: mantenha o respeito”: www.facebook.com/biografiaplanethemp
“Histórias do Porão” sobre os 20 anos do Porão do Rock”: www.facebook.com/historiasdoporao
“Marcatti? tinta, suor e suco gástrico”: https://www.facebook.com/biografiadomarcatti/
“Brodagens” (biografia sobre o Rapper Gilber T): https://www.facebook.com/gilberTodiscoeolivro/
“Filipe Salvador: a cultura de Angola no Brasil”: https://www.facebook.com/pintorfilipesalvador/
“Chico Alencar – caminhos de um aprendiz”: https://www.facebook.com/biografiachicoalencar/
“Acampando com os Animais” (infantil): https://www.facebook.com/acampandocomosanimais/
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