GLENN HUGHES: Burning Hell de Janeiro, em Turnê “Incendiária”

O veterano músico inglês, Glenn Hughes, fez apresentação única no Rio de Janeiro da turnê que celebra os 50 anos do álbum “Burn”. O show ocorreu na calorosa e aconchegante casa de shows Sacadura 154, na Zona Portuária da capital carioca.

Sacadura 154 – Gamboa – Rio de Janeiro/RJ
10 de novembro de 2023

TEXTO: Rick Olivieri
FOTOS: Marcelo Pereira

Há 50 anos, o então jovem baixista e vocalista do Trapeze recebia um irrecusável convite de dois membros do Deep Purple (Jon Lord e Ian Paice) para substituir Roger Glover, que deixara a banda juntamente com Ian Gillan. Ele e Blackmore compuseram o embrião do que seria “Mistreated” e viram que tinham algo fantástico em mãos para o próximo álbum a ser lançado em janeiro do ano seguinte (“Burn”). Com a adição de um outro talentoso e promissor frontman, o novato David Coverdale, à formação (conhecida como Mark III), o Purple entrava para a história como uma das mais felizes substituições de vocalista numa banda de Rock com grande renome.

Agora, mais de cinco anos depois de sua apresentação no (lendário) Circo Voador, Hughes retorna à cidade, pela qual demonstra ter especial carinho, dando prosseguimento a uma extensa turnê mundial.

Os fãs estavam preocupados que seu recente problema de saúde – uma gripe que o acometeu no início da semana e fez cancelar o show marcado para Curitiba/PR – comprometesse a performance daquele que é chamado de “A Voz do Rock” desde o início dos anos 90.

Marcado para iniciar às 21h, o show começa com cerca de 30 minutos de atraso. Uma breve introdução pré-gravada abre a noite, com a banda já no palco, seguida da entrada de Glenn e já emendando com a excelente “Stormbringer” (do álbum homônimo), que desfaz o receio mencionado, anteriormente, ao primeiro agudo prolongado do vocalista.

É impressionante como, aos recém-completados 72 anos, Hughes segue com tamanhos alcance e potência vocais. Certamente, uma das vozes mais bem preservadas dentre os seus contemporâneos, mesmo que o timbre e o registro tenham mudado ao longo dos anos, o que é bastante natural.

Em seguida, Glenn e banda – formada por Søren Andersen (guitarra), Ash Sheehan (bateria) and Bob Fridzema (teclados) – levam a vigorosa “Might Just Take Your Life”, cujo refrão o público presente canta em uníssono e a cadenciada “Sail Away”, respectivamente, segunda e quarta faixa do “Burn”.

A próxima é “You Fool No One” (primeira do lado B, para os iniciados no bom e velho disco de vinil), com sua contagiante levada de abertura na bateria. Aliás, destaque para a ótima microfonação da batera de Ash Sheehan, que possui uma pegada precisa e imprime forte peso ao som, em cima do palco. Nesse momento, Hughes e seus companheiros mostram uma versão estendida da música, intercalando com um trecho de “High Ball Shooter” e um solo de Sheehan (com direito a uma boa levada em ritmo de samba).

Curioso que houve gente comentando que teria sido melhor retirar o solo de bateria e acrescentar duas músicas ao setlist. Que me desculpe quem pensa assim, mas que falta de compreensão e consideração! O solo de bateria costuma ser um momento em que os demais músicos se recompõem e tomam fôlego para a parte seguinte do show. Além disso, tudo bem que Hughes está em ótima forma, mas não custa lembrar que ele tem mais de setenta anos. Então, vamos largar de ser chatos?

É a vez do solo do competentíssimo guitarrista Søren Andersen – o que dá a chance do baterista relaxar um pouco e tomar também seu merecido fôlego – emendando com a super aguardada “Mistreated” (sétima faixa do “Burn”), sem dúvida, um dos melhores Rock Blues já compostos. Essa é daquelas músicas que os fãs soltam toda a voz da garganta para cantar. E Glenn Hughes faz o mesmo, deixando difícil escolher qual a melhor versão, se a dele ou a do saudoso “elfo”, Ronnie James Dio!!!

“Gettin’ Tighter” e “You Keep On Moving” (terceira e última faixa do, muitas vezes, subestimado “Come Taste the Band”) são muito bem recebidas pela platéia e demostram que os verdadeiros fãs não se restringem aos chamados clássicos do Deep Purple.

A banda encerra a noite com o mega-hit “Highway Star” (única da fase com Ian Gillan) e a empolgante e poderosa “Burn” (do álbum homônimo), que são cantadas por todos a plenos pulmões. Incrível como Hughes tem se mostrado feliz ao se apresentar no Brasil e com tanta vitalidade. Apesar de seus 72 anos de idade, o músico parece rejuvenescido se comparado a outras épocas.

Com essa visível alegria, ele promete retornar no ano que vem para o lançamento de seu novo álbum. Que assim seja e que sua saúde se conserve por muitos anos! – Rick Olivieri.

Setlist:
Stormbringer
Might Just Take Your Life
Sail Away
You Fool No One / High Ball Shooter / Solo de Bateria
Mistreated
Gettin’ Tighter
You Keep On Moving

Biss:
Highway Star
Burn

Rick Olivieri Músico, produtor de Rádio, TV, cinema e vídeo, artista gráfico e marcial, poeta de versos herméticos, escritor e filósofo de almanaque, nas horas vagas.

Marcelo Pereira – Fotógrafo e cinegrafista, roqueiro fanático do rock, metal extremo ao progressivo, que colaborou com sites e revistas nacionais e estrangeiras, zineiro, colecionador, propulsor de divulgação do metal nacional, tape-traders, estudou rock jamais imaginando ter universidade do rock e um não repórter que faz o que faz porque ama, pois não vive disso, mas o rock pulsa nas veias!

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