Em noite de casa cheia para mais uma iniciativa da Tomarock Produções, a Agyto RJ recebeu as bandas Vazio, Crypta e os americanos do Incantation. Aos heavys que foram, a certeza de um belo evento de som extremo. Leia mais na matéria que segue…
VAZIO, CRYPTA e INCANTATION:
Celebração Death Metal na Lapa/RJ
Agyto Lapa – Rio de Janeiro/RJ.
11 de maio de 2023
TEXTO e FOTOS: Marcelo Pereira de Souza
Em uma noite de quinta-feira, com a casa cheia e em dia de jogo do Botafogo contra o Corinthians, mais precisamente às 19:30h, subiu ao palco da Agyto a banda paulista Vazio (foto abaixo) para destrinchar seu death/black metal. E, por cerca de 40 minutos de apresentação, o que se viu foi uma sonoridade bem executada e medonha, o vocal com seu cabelo dread (que é incomum no estilo) por inúmeras vezes vociferando seu extremo timbre de voz com pitadas de cantos tibetanos e mongóis (conhecido por “Throat Singing”) e assustadoramente virando os olhos como se estivesse recebendo uma incorporação demoníaca. Se era de forma naturalmente aleatória ou personagem, como podemos ver nas fotos, não sei.
A banda foi criada em novembro de 2016 por músicos experientes na cena independente, vindos das bandas Armagedon, Social Chaos, Creptum, Nuclear Frost entre outros, já tendo lançamento de discos, entre os quais “Eterno Aeon Obscuro” e EPs. Com um som prá-la de sinistro e visual “old school”, com direito a cinto de balas, braceletes e totalmente black nas roupas. Vazio é formado por Renato Gimenez (vocal e guitarra), Nilson Slaughter (baixo), Daniel Vecchi (bateria) e Eric Nefus (guitarra solo e teclados). Particularmente, não conhecia essa promissora banda que merece atenção de fãs do estilo.
Já com a casa lotada e repleta de mulheres roqueiras mostrando toda a idolatria feminina que não via nem nos tempos das Volkanas, entraram as simpaticíssimas meninas do Crypta. Precisamente às 20:50hs, Fernanda Lira (baixo e vocal), Luana Dametto (bateria), Jéssica Falchi (guitarra solo) e Tainá Bergamaschi (guitarra base e backing vocal) iniciaram o set list com “Death Arcana” já deixando o público tresloucado. É impressionante o carisma e a meiguice da Fernanda fora do palco e mais ainda sua transformação nele, onde nossa versão brasileira de saia do Cronos (Conrad Lant) do Venom arrebenta como uma verdadeira front-woman em poses e caretas, além é claro do som emanado pelo seu potente baixo de 5 cordas.
A banda teve um transtorno na turnê dos EUA, com um “acidente” com a Van alugada cujo seguro não cobria danos para “não americanos”. Tiveram que arcar com todo prejuízo e chegaram a pedir apoio dos fãs numa “vaquinha virtual” para sanar o imbróglio, pelo que Fernanda e banda fizeram questão de agradecer ao público. Confesso, estava ansioso em assistir ao Cripyta pela primeira vez e fiquei surpreso positivamente com a veracidade de cada integrante. Fernanda com postura e performance de líder onde instrumental e voz gutural aliada as caretas de uma típica death metal com uma doçura encantadora, a porradaria nos tambores de Luana, a leveza de timbragem limpa da guitarra de Jéssica, tudo isso aliado aos riffs regulares e coesos de Tainá. O show durou cerca de 50 minutos, e a banda conduziu seu death metal com extrema maestria. O público respondeu com rodas e agitos (sem trocadilho com o local). Com certeza foi o melhor show da noite. Seguindo o set list: “Possessed”, “Kali”, “Under the Black Wings”, “Starvation”, “Shadow Within”, “I Resign”, “Dark night Of The Soul” e finalizaram com “From The ashes”.
Chegada a hora da apresentação dos americanos Incantation, que vieram com a turnê “Chaos in Brasil 2023” por aqui comemorando os 30 anos da banda oriunda de Nova Jersey, mas sitiada atualmente na Pensylvania. Eles estiveram no Brasil em 2022 em turnê com o Suffocation. Então, para alguns, não era tanta surpresa ver a banda destrinchar seus 12 álbuns de estúdio, 3 EPs e 2 álbuns ao vivo.
E vale lembrar que em 2001, Michael Meneses, atual editor da Rock Press, esteve presente registrando para a então Revista Rock Press (edição 35, veja imagem ao lado), o primeiro show do Incantation na capital carioca, que curiosamente aconteceu em uma então famosa casa de forró, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Atualmente, a banda é formada por John McEntee (vocal e guitarra), que é extremamente simpático e perfeccionista em termos de som, pois insistiu diversas vezes nas regulagens dos equipamentos; Luke Shively (guitarra solo), de extrema simpatia; Chuck Sherwood (baixo), este mais contido, mas com peso contundente e Kely Severn (bateria), que é um monstrinho das baquetas além de também ser o baterista do Morbid Angel. Este foi o primeiro dos oito shows pelo Brasil. Minutos antes, John perambulava pelo andar superior ainda com show do Crypta, com sua guitarra em punho e wireless (transmissor sem fio para Guitarra) na cintura. Para aqueles que não conhecem a banda, o álbum “Sect of Vile Divinities” (2020) e o split com os alemães do Blood, intitulado “Blood Incantation” (2022), são boas recomendações da energia atual do Incantation.
Começaram com “Pest Savagery” que já agitou geral, seguindo com “Carrion Prophecy”, “Entrails of The Hag Queen” e “Deliverance”. As rodinhas entre homens e mulheres fluíam sem nenhum perigo de agressão física.
Seguiram com “Rites of The Locust”, “Lead to Desolation”, “Disciples of Blaphemous Reprisal”, “Fury´s Manifesto”, “Desecration”. Em “Ibex Moon”, John foi com sua guitarra no lado direito da platéia para o público dedilhar nas cordas e caiu estatelado no chão. O pessoal o ajudou a levantar e ele imediatamente virado para o batera Kely, rindo demais com o acontecido. Na sequência “ Oncy Hole Throne”, “Impending Diabolical Conquest”, “Profanation” e finalizaram com “Seige Hive”. Para o público em êxtase, a certeza de uma noite especial de death metal onde tudo correu na mais estridente maestria.
Ao final do show, solicitei o set list aos produtores que imediatamente me deram. Malandramente, John me solicitou para fazer a tradicional foto da banda com o público. Tudo intermediado pela equipe da Tomarock, que merece o reconhecimento pela empatia com o público e imprensa.
E verdade seja dita, a Tomarock Produções é a mais parceira nesses meus quase 35 anos (uma aposentadoria, né!?) no metiê da fotografia do metal nacional. Afinal, a Tomarock sempre ultrapassou o limite da nota dez em termos de dedicação. E olhem que já trabalhei em shows de diversos portes. Nota-se que, na visão da produtora, essa parceria e empatia simplesmente se aplica a todos: público e profissionais. Incrível! Por mais produtores e equipes assim, onde ninguém larga a mão de ninguém! Ficam meus agradecimentos e do @Portal Rock Press à equipe da Tomarock e da Agyto RJ. Obrigado! Enfim, “Deus Salva, o Rock Alivia”, já dizia o grande Made in Brazil! – Marcelo Pereira de Souza.
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