STEEL PULSE: Com estilo no Circo Voador

A lona mais contracultura do Brasil recebeu os britânicos do Steel Pulse na sexta-feira (05/05). Repleto de fãs de reggae, a banda destilou seus hits e agradou geral. A abertura do evento ficou por conta da banda Outragalera de Fortaleza/CE, enquanto DJ Negralha comandou as pick-ups nos intervalos. Steel Pulse e o Outragalera estreavam no Circo Voador, e nessa noite de estreias, quem se deu bem foi o público, que presenciaram apresentações inéditas e ao mesmo tempo histórica.

Circo Voador – Lapa Rio de Janeiro/RJ
5 de maio de 2023
TEXTO: Julia Gomes/Cadu Oliveira
FOTOS: Cadu Oliveira

A primeira vez a gente nunca esquece, né? Essa foi a tônica da abertura, entoada pela banda Outragalera, oriunda de Fortaleza/CE, ao pisar no palco consagrado abaixo dos Arcos da Lapa, apresentou o reggae made in nordeste ao Rio de Janeiro. Eles tocaram 15 músicas, e assim foram dando boas-vindas ao público que aos poucos lotava a lona. Com repertório 100% autoral e diversas menções a cannabis, a banda mistura reggae com rock e uma pitada de Rap. E estrearam logo abrindo o show de quem? Da banda de reggae que foi formada em 1975 e rapidamente se tornou um clássico entre os maiores do gênero, pois tem uma pegada instrumental singular.

Outragalera – A Força do Reagge nordestino Ao Vivo no Circo Voador!

Para aquecer as turbinas da nave principal, DJ Negralha (foto ao lado), segurou o pré, pós e intervalos das apresentações com pedradas absolutamente atemporais, giradas direto no vinil. Foi quando, por volta de 1h da manhã quando as luzes do palco começaram a piscar e a banda a fazer barulho. Quando o vocalista invade o palco tudo se sintoniza. De roupa branca e dreads milenares, David Hinds traz consigo toda harmonia entre as cordas, teclado e metais. Ao final da primeira música, um solo de bateria poderoso demonstra que a banda veio de longe e não veio a passeio.

Com muito bom humor e carisma, os ingleses pareciam à vontade na Lapa carioca. Selwyn Brown comanda os teclados e auxilia na voz. Antes de começar o show, se posicionou em seu cantinho e fez um vídeo selfie, celebrando a casa lotada. Ronald McQueen entrou no palco com uma roupa e trejeitos que lembrava o Saci-Pererê, tocando o baixo rodando e pulando em uma perna só, enquanto na cabeça um gorro vermelho, assim como toda a roupa. Esse cara pelo visto mergulhou fundo na cultura brasileira, pois em diversos momentos era ele quem ia ao microfone falar em português: “mais alto, mais alto”, “vamos fazer barulho” e várias outras interações. Na maior delas, fez o Circo todo agradecer a Deus (Jah) por aquele momento. 

Existem bandas de estúdio e bandas de estrada. Steel Pulse se notabilizou sobretudo por ser da rua. No início, se misturar na cera rock e punk britânica, o que foi fundamental para um melhor enquadramento na indústria fonográfica europeia. Abriram shows de bandas icônicas e com isso caíram nas graças do público. Vale destacar o trabalho em conjunto da Peck Produções junto à equipe do Circo que conseguiram fazer essa estreia acontecer. E os britânicos saíram de lá às três horas da manhã, da Lapa direto para São Paulo, onde se apresentaram, no sábado mesmo, no Festival Encontro das Tribos. Eles quebram no estúdio, é claro. Mas ninguém duvida que trata-se de uma banda de estrada. E muita. Desde os primórdios.

Para apontar um único momento clímax da apresentação, fica difícil não escolher a execução calorosa de “Steppin’ Out”. Durante o show Hinds trocou de guitarra e de timbre. Para começar a segunda etapa, a partir da 12ª música, voltou ao palco timbrado de violão e fez uma bossa solo quase à la MPB. Do lado esquerdo do palco, muito mais comportado que o baixista, estava o guitarrista da banda acompanhado de dois membros de apoio, responsáveis pelos metais. 

Ao abrir os portões do Circo Voador, formos entregues à tudo o que o pessoal precisava. Uma noite abençoada, com excelente música e maravilhosas atrações. DJ Negralha voltou a animar a pista no final da apresentação, com verdadeiras pérolas de Reggae e Dub tudo 100% no vinil. Quem foi ao Circo naquela sexta saiu de lá com a certeza de que certos shows são mais do que simples aparições. São únicos, singulares, inesquecíveis. Tal como o dia que a Steel Pulse tocou no Circo Voador pela primeira vez. Lindo demais. – Julia Gomes/Cadu Oliveira!

Cadu Oliveira – Jornalista, pós-graduado em Jornalismo Cultural (UERJ). Criador do blog Hempadão e rapper com vulgo EXPLICA. Colecionador de vinil há quase 20 anos. Repórter colaborador da Rock Press.

Júlia Gomes – É Natural do Rio de Janeiro, dançarina de ballet, jazz, dança de salão e hip-hop. Interessada em Rock, Rap e MPB. E colaboradora da Rock Press. Seu instagram é @gms_21.

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