PLANET HEMP: Banda presenteia fãs com noite histórica no Circo Voador/RJ

O Planet Hemp subiu novamente ao palco do Circo Voador para apresentar o novo álbum “Jardineiros”, primeiro de inéditas lançado pela banda depois de um hiato de 20 anos. Em meio a homenagens e um clima de nostalgia, o que se viu foi algo histórico. Quem abriu a noite de casa cheia e ingressos esgotados para a ex-quadrilha da fumaça passar foi Tantão e os Fita, com show do álbum “Piorou”.

Planet Hemp + Tantão e os Fita

Circo Voador – Lapa – RJ/RJ – Brasil – 17 de março de 2023
TEXTO: Kesley Meneses
FOTOS: Nem Queiroz, Rodrigo Ferreira e Michael Meneses

Antes mesmo do início dos shows já era possível ver que a noite prometia um passeio pela história do Planet Hemp e, consequentemente, do rock brasuca. O público clássico do Planet já fazia o esquenta embaixo dos Arcos da Lapa, se preparando pra porrada que estava por vir. Um público não tão jovem, que viveu o auge da banda lá pelos seus 20 e poucos anos no final dos anos 90 e a acompanha nesses 30 anos de estrada, dava um tom de nostalgia e celebração à noite.

O clima dentro da Lona não era muito diferente. Havia uma empolgação no ar de quem esperou muito por “Jardineiros”, novo e elogiado álbum do grupo carioca, lançado após 20 anos sem discos de inéditas. Nos stands com material independente, o destaque era o lançamento da HQ “Futum” (foto), uma iniciativa para canábico nenhum colocar defeito (Leia aqui).

Puxando os trabalhos para o palco, Tantão e os Fita (foto acima) apresentou o show do experimental “Piorou”, misturando sons eletrônicos, letras cantadas em tons guturais e projeções no telão. A plateia, que a essa hora já lotava a lona da Lapa, apreciou o som com bastante interesse.

Quando Marcelo D2 e BNegão (vocais), Formigão (baixo), Nobru Pederneiras (guitarra) e Pedro Garcia (bateria) entraram em cena, o público eufórico já estava em ponto de ebulição. Uma grande roda se abriu diante do palco e se manteve até o final do show, sendo regida por D2 e BNegão em diversos momentos.

A apresentação não deixou a desejar em nenhum quesito! Um showzaço que mostrou pela primeira vez o disco novo ao vivo e praticamente na íntegra. As inéditas foram muito bem recebidas pelo público. O som veio pesadão e não deixou a galera descansar. Muita fumaça jogada para o alto e todas as letras – novas e antigas – na ponta da língua. E, claro, sem deixar os clássicos da banda de fora. Um presente para aqueles jovens do final dos anos 90 que viram os esses militantes da cannabis fazerem história ao trazer a pauta da legalização como bandeira, aliada a outras causas sociais.

Pode listar aí, não faltou nenhuma: “Dig, Dig, Dig (Hempa)”, “Mantenha o Respeito”, “100% Hardcore,” “Fazendo a Cabeça”, “Contexto’, “Phunky Buddah”, “Zerovinteum”, “Quem tem seda”, “Stab”, “Contexto”, “A culpa é de quem”, “Deisdazseis”, “Não compre, plante”, entre outras! Um show recheadão, bem regado e redondo, sem miséria, sem perninha de grilo.

Homenagens…

Um dos pontos altos da noite foram as homenagens. Em uma semana que lembrava a morte de figuras importantes como Marielle Franco e Tim Maia, o nascimento de Chico Science e que ainda lamentava a perda recente de Canisso (Raimundos).

Outro homenageado foi o Kalunga, da banda carioca Cabeça, um nome contemporâneo ao Planet Hemp. O saudoso músico recebeu uma música dedicada a sua memória. “Salve Kalunga” é mais uma inédita do Planet que foi apresentada pela primeira vez nesse show. Sobra de Jardineiros, o som deve ser lançado em breve, segundo D2.

Acervo @portalrockpress – FOTO: Michael Meneses

A justa homenagem ao Kalunga merece destaque neste texto. Foi de emocionar aqueles que viveram o início da renovação da cena rock carioca nos primeiros anos da década de 1990 e abriu a mente das novas gerações do rock, para que fiquem sempre atentos às novidades da cena, mas nunca deixem de olhar para quem fez história em outros tempos. Kalunga viveu e ajudou a dar vida àquele momento do rock RJ, o auge do Garage, das históricas fitas demos (foto), do surgimento e os shows do Poindexter, Sutian Xiita, Gangrena Gasosa, Piu-Piu e sua Banda, Jason, Serial Killer, Sex Noise, Zumbi do Mato, as bandas como Missed in Action, Juliete, Funk Fuckers, (bandas do BNegão), além das bandas da Hemp Family, e claro o próprio Planet.

Depois de “Salve Kalunga”, o clima nostálgico continuou. A viagem saiu dos anos 1990 e foi até os anos 1980, com a banda engatando “Crise Geral”, do Ratos de Porão. Em janeiro o R.D.P. fez um sempre memorável show no Circo Voador (LEIA) na ocasião, circulou nos bastidores que D2 faria uma jam com João Gordo e Cia, tocando justamente “Crise Geral”, o que não aconteceu. Coube ao próprio Planet Hemp tocar esse hino do Punk/HC Brasileiro! Nesse momento o Circo virou um caldeirão e o público estava em êxtase. Até o ar esfumaçado que a essa altura dominava o ambiente da lona exalava emoção e nostalgia. Ainda teve espaço para lembrar Chico Science, com “Samba Makossa”, mais para o final do show. E teve também Tantão e os Fita retornando ao palco para levar junto “Veias Abertas”, assim como no álbum. Essas homenagens trouxeram a energia da Hemp Family para o palco do Circo.

A noite acabou com “Mantenha o Respeito” e o público pode, então, voltar para casa feliz e saciado. Um show de produção impecável, som pesado e sem cronômetro. O Planet mostrou que o entrosamento e a sintonia entre eles estão cada vez mais apurados. A maturidade e o respeito conquistados pela banda ao longo desses 30 anos de história e rock and roll ficaram explícitos.

Não há dúvidas de que o Planet Hemp é uma das maiores bandas de rock nacional em atividade. “Esperem sentados a rendição. Nossa vitória não será por acidente.” Salve Planet Hemp! – Kesley Meneses.

Kesley Meneses é sergipana, feminista, pedagoga atuante na educação pública, defensora da democracia e amante de música.

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