L7: Smell the Magic 30 Anos!

A banda californiana L7 relançou, em edição comemorativa de 30 anos, o álbum “Smell The Magic”. A nova versão remasterizada ganhou edição especial em vinil e em limitadas fitas K7 cor-de-rosa. O relançamento mostra o vigor e relevância, que tanto a banda quanto o álbum possuem depois de tanto tempo.

TEXTO: Larissa Oliveira
IMAGENS: Divulgação

A partir de meados da década de 1980, a gravadora Sub Pop foi responsável por catalisar nomes do underground de Seattle e de outras regiões que despontariam como os representantes do que ficou conhecido como movimento grunge. As bandas apresentavam um som que misturava o hard rock, o punk/HC, o sludge e outros subgêneros do rock, o que tornava difícil comparar umas às outras e definir o som dentro de um só rótulo. Entre os quais, Nirvana, Soundgarden e Mudhoney, etc.

Para somar força e todo potencial do rock feminino, surgiu o L7, banda formada, em 1985, por Donita Sparks e Suzi Garder (vocal e guitarra), Jennifer Finch (vocal e baixo) e Demetra Plakas (backing vocal e bateria). Então, com “Smell the Magic”, lançado em primeiro de setembro de 1990 pela Sub Pop e produzido por Jack Endino, L7 não só ditaria tendência no estilo, a começar pela capa em que portam jeans de cintura alta acompanhado de jaquetas de couro e de cabelos desgrenhados, mas, também ao trazer a energia aos movimentos Grunge e Riot Grrrl.

O álbum “Smell the Magic” teve como primeiro single, “Shove”, e há uma curiosidade sobre a intro que talvez muitos fãs não saibam. Antes do riff icônico de Suzi Garder, é possível ouvir uma jam do Mudhoney que acabou entrando por erro técnico, mas que a banda topou em deixar o erro inusitado. Outro fato, é que já nessa faixa é perceptível o conteúdo ácido e humorístico das letras do L7 e que se faz presente até hoje.

Foi a partir de Smell the Magic que melhor se delineia a personalidade artística de cada uma das três vocalistas do L7 (Donita, Suzi e Jennifer); vale lembrar que Jennifer Finch só iria assumir o vocal principal a partir desse álbum em faixas como “(Right On) Thru” e “Just Like Me”. Os principais temas abordados nas letras dessas músicas são queixas sobre as coisas que dão errado ao seu redor, tanto como artista quanto mulher. Em “(Right On) Thru”, ela canta: “I had some pigeons livin on my ledge/Right on thru/Dirty winged rats living on the edge/Right on thru/I give em a shot too/Right on thru/The pigeon shit seeps right on thru” (“Eu tive alguns pombos morando no meu parapeito, sem desviar/Pombos sujos morando na beira/Sem desviar/Eu atirei neles também sem desviar/A merda do pombo escoa sem desviar”. Jennifer também faz uma crítica às expectativas de gênero enquanto rock star e se compara às garotas do Vixen (banda de hard rock americano da segunda metade dos anos 1980) e a Slash do Guns N’ Roses em “Just Like Me”: “Well Vixen are love gods/Just like me/Pretty sex things/Just like me/Dressed up and to pay to play/I couldn’t live that way/ […] Slash is a love god/I know it’s hard to believe/Boys all dig him/But boys are easy to please” (“Bem, Vixen são deusas do amor/Assim como eu/Coisas muito, muito sexuais/Assim como eu/Vestidas e pagando para tocar/Eu não poderia viver dessa forma/ […] Slash é um Deus do amor/Eu sei, é difícil acreditar/Os caras o curtem/ Mas garotos são fáceis de agradar”. Sua letra clama dessa forma, o reconhecimento do seu papel no rock como ela mesma o faz. Essa atitude que previu o movimento punk feminista Riot Grrrl, que se iniciou naquele mesmo ano, também pode ser notado em “Fast and Frightening” que sem dúvida é o ponto alto do disco. O vocal rasgado de Donita Sparks demarca também a irreverência com que compõe; a música fala sobre a baterista Valerie Agnew que faz parte de outra banda feminina imponente da cena de Seattle, 7 Year Bitch. A música também tem participação de Suzi Gardner e as duas têm uma química incrível, é só notar pela irmandade presente em “Till the Wheels Fall Off”. Da mesma forma que Carrie Brownstein e Corin Tucker do Sleater-Kinney possuem. O trecho: “ela tem tanto clitóris que não precisa de bolas” se tornou o mais marcante para os fãs, especialmente as mulheres e LGBTQI+ que ainda hoje se sentem representadas pelas mensagens nas músicas da banda. O público masculino também reconhece no L7 a mesma importância que outros grupos da época. É possível ver vários registros de membros de bandas como Nirvana e Faith No More portando a camisetas da banda ou do emblemático “Smell the Magic”.

Outra música que tem relevância anti-machista é “Fast and Frightening”, ela também mostra que o quarteto sabe tirar de letra o machismo que já tentou sabotar vários dos seus shows. É só lembrar-se do absorvente íntimo de Donita sendo jogado na plateia do Reading de 1992, e dos vários gritos “boceta” e de como elas reagiam, no show delas aqui no Brasil em 1993, no extinto Hollywood Rock. Como a própria canta na eletrizante ‘Packin’ A Rod’: eu não dou a mínima para a sua mentira desagradável, enquanto eu for Deus, estarei carregando uma arma. Nesse caso, a mentira desagradável era a de que elas não mereciam respeito, e a sua arma era a sua voz.

Já “Deathwish” canção recorrente na abertura dos shows da banda desde a época, e “Broomstick” que permanece sendo a minha preferida do álbum, pois a tenho como o melhor riff de Suzi Gardner. Além de ser uma homenagem às bruxas que não desistem de seus sonhos. O álbum é encerrado com um cover de “American Society”, da banda americana Eddie & The Subtitles, mas que na voz de Jennifer Finch ganha contornos que definiriam a principal mensagem que a banda carregaria dali em diante: “não queremos nos afogar na sociedade Norte-Americana”.

Relançamento de aniversário de 30 anos e relevância do L7…

Resistindo como obra atemporal do rock feminino, “Smell the Magic” foi remasterizado e relançado em setembro último pela Sub Pop. O disco está disponível nos formatos digital, CD, K7 e LP. As cores da versão em vinil são deslumbrantes tons de azul, laranja e cinza translúcido. L7 alcançaria um maior reconhecimento na carreira com o álbum seguinte, “Bricks Are Heavy” de 1992, época que a banda se tornou popular no Brasil, seja nas rádios rock do período como a Fluminense-FM (Rio de Janeiro), Rádio Brasil 2000 e 98 FM (São Paulo), assim como na então MTV-Brasil que apresentava seus clipes em programas como Fúria Metal, Gaz-Total, entre outros. Tempos depois a banda teria um longo hiato no fim da década de 90, voltando à ativa há seis anos com turnês, que inclusive passaram pelo Brasil em dezembro de 2018 e que a Rock Press esteve presente nas apresentações do Rio de Janeiro em São Paulo, Porto Alegre/RS ( N. da Autora: Conto minha aventura em meu blog pessoal. LEIA AQUI!), Curitiba/PR e em Belo Horizonte/MG Essa segunda passagem da banda pelo Brasil reacendeu o carinho da banda com os fãs brasileiros, e levantando a bandeiras de causas políticas, tendo inclusive recebido uma carta entregue pelo fã-clube carioca L7-Brasil em prol da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro, cujo crime segue sem solução.

O retorno da banda, também rendeu novos singles e o mais recente álbum “Scatter the Rats” de 2019. E tudo, só foi possível por conta do forte clamor dos fãs das antigas e atuais que têm a L7 como símbolo de contestação e irreverência ao rock. E vale destacar que a banda nunca alterou a sua imagem e seu som para se encaixar em moldes mainstream e por isso segue agregando fãs de todas as partes do mundo. Suas músicas ainda desafiam opressões com sarcasmo e banhados em riffs pesados e com identidade própria. Vida longa ao L7! – Larissa Oliveira.

FAIXAS:
“Shove”
“Fast and Frightening”
“(Right On) Thru”
“Deathwish”
“Till the Wheels Fall Off”
“Broomstick”
“Packin’ a Rod”
“Just Like Me”
“American Society”

PARA OUVIR SMELL THE MAGIC:
DEEZER:
https://bit.ly/2J4pFYH
SPOTIFY: https://spoti.fi/34qXZ8H
BANDCAMP: https://bit.ly/2J3oJnn
YOUTUBE: https://bit.ly/3dSWHpQ

PARA ADQUIRIR SMELL THE MAGIC:
MERCH OFICIAL:
https://kingsroadmerch.com/l7/region/
AMAZON: https://amzn.to/3jsUXF8
FITA K7: https://bit.ly/37CSqG0

SITE E REDES SOCIAIS DO L7:
SITE:
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