JOSÉ EMÍLIO RONDEAU: Produtor do 1º disco da Legião Urbana lança o Livro Será! ENTREVISTA

Nessa quarta-feira (04/06), será lançado o livro “SERÁ!” de José Emílio Rondeau. O lançamento ocorre na Livraria Travessa de Ipanema (RJ). No livro, os bastidores da gravação do primeiro disco da Legião Urbana e conta com apresentação de João Barone (Paralamas do Sucesso) e fotos de Maurício Valladares. Conversamos com J. Emílio Rondeau na Coluna 1,2,3,4 da Rock Press.

ENTREVISTA: Leozito Rocha
FOTOS: Maurício Valladares e Divulgação

A gravação do primeiro disco da banda de Brasília Legião Urbana rendeu muito pano para manga. Alguns produtores tentaram, chefões da gravadora chiaram e a própria banda ameaçou abandonar tudo e voltar para sua terra natal. Mas, houve uma conjunção de fatores e um cara que conseguiu equilibrar tudo e gravar aquele que seria o debut de uma das maiores bandas brasileiras.

José Emílio, jornalista, escritor, diretor de cinema, produtor de mão cheia. Rondeau para os íntimos – trabalhou nos principais veículos culturais desde 1977. Passou por O Globo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Bizz / ShowBizz, Trip, Set, Rolling Stone Brasil entre outros.

A Rock Press entrevistou J. Emílio Rondeau sobre os bastidores desse primeiro trabalho da banda e que o jornalista conta no livro “Será!” (Editora Máquina de Livros). Leia agora na Coluna 1,2,3,4…

1 – Leozito Rocha / Rock Press: Parabéns pelo livro. Quão difícil foi equilibrar a dificuldade entre atender o que queria a banda e o que pretendia a gravadora naquele começo entre 1984 e 1985?

J. Emílio Rondeau: Muito obrigado, primeiro de tudo. A banda tinha suas convicções em relação ao que era, mas ainda não sabia o que poderia vir a ser. Nem eles, nem ninguém. Isso se descobriria no decorrer da gravação. A gravadora – e aqui estamos falando de Jorge Davidson, Diretor Artístico, e Mayrton Bahia, Diretor de Produção – tinha plena noção do diamante bruto que tinha nas mãos. Mas talvez ainda não soubesse o melhor caminho para lapidar aquela pedra preciosa.

Não tinha havido antes algo parecido com a Legião: uma banda de rock com letras matadoras e poéticas, com tanta garra e verdade — e com um puta cantor, capaz de fazer o sangue ferver e o coração disparar de adrenalina e emoção, dono de um vozeirão único e treinado pela audição de tudo de melhor do rock e do pop.

O desafio era preservar a alma da Legião e, ao mesmo tempo, abrir espaço para ela desenvolver no estúdio, para se aprimorar, e para atingir o máximo de seu potencial musical e artístico. Sempre digo que a Legião entrou no estúdio de um jeito – punk raiz – e saiu de outro, mais madura, mais versátil, mais segura de si, mais pop. E dali para a frente o caminho dela já estava aberto.

2 – Rock Press: Da audição da fita demo original até o resultado do disco o quanto mudou a sonoridade das faixas em si?

J. Emílio Rondeau: Mudou enormemente, na medida em que ganhou músculo, sofisticação, nuances. A alma punk está lá, preservada e bem à mostra, como em “Petróleo do Futuro”, mas músicas como “Geração Coca-Cola” e “Será” ganharam uma força pop arrebatadora. E quem imaginava que eles tirariam da cartola algo como “Por Enquanto”?

3 – Rock Press: Vendo em perspectiva observamos que a banda tinha uma influência também do pós-punk inglês. Você acha que a sua expertise ajudou para desvendar aquilo que aqueles quatro músicos intencionavam?

J. Emílio Rondeau: Falávamos a mesma língua. Tínhamos ouvido muito das mesmas coisas. Eu podia não ter formação técnica ou de músico, mas entendia qual era a deles, como eles se viam e onde poderiam chegar. A chave foi deixá-los à vontade para deixar aflorar tudo que eles tinham neles mesmos: Public Image Limited, Clash, Joy Division, mas também Beatles e Chic!

4 – Rock Press: Na sua opinião o primeiro disco da Legião Urbana envelheceu bem?

J. Emílio Rondeau: Muito bem. É um documento importante da época e daquele momento da banda, de transformação na Legião que hoje conhecemos. E até hoje soa forte e verdadeiro, emocionante. “Será” continua me arrepiando da mesma maneira como na primeira vez.

5 – Rock Press: O título do livro remete ao fato que nunca foi uma pergunta e sim, uma afirmação: será!? Aproveitando, deixe uma mensagem aos fãs da Legião Urbana e leitores da Rock Press…

J. Emílio Rondeau: Exatamente! Era uma carta de princípios, uma declaração de propósitos. E fizemos questão de frisar isso usando a afirmação no título do livro. É importante notar que não escrevi uma biografia da Legião, nem o livro definitivo sobre o grupo – não foi essa a pretensão. Na verdade, o livro é uma série de polaróides documentando como o disco de estreia do grupo foi burilado, lapidado, como evoluiu. Aos leitores da Rock Press, no geral, ouçam tudo que puderem, informem-se ao máximo. E busquem as influências dos artistas que fazem sua cabeça. Vão descobrir um universo sem fim.

RECOMENDAMOS…

O livro “Sera!” chega às livrarias e sites neste mês de junho com evento de lançamento nesta quarta-feira (04) na Livraria Travessa de Ipanema, na zona sul carioca. E no dia 13 de junho, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O livro também estará disponível no formato e-book em mais de 20 plataformas digitais. Rock Press leu e claro que #Recomendamos! –  Leozito Rocha.

LEOZITO ROCHA – É radialista, pesquisador musical, escritor e amante de cinema. Colaborador de sites musicais, curador de rádio, editor e apresentador do “O Som do Leozito” na Internova Rádio (OUÇA), e observador incurável. Seu facebook é aqui! 

Respostas de 2

  1. Lembro de comprar meu vinil depois da aula no Disco do Dia , ficava no Centro Comercial de Copacabana. Você podia encomendar os lançamentos lá . Gosto muito do álbum apesar de ter estranhado o caminho pra canções como “Ainda é cedo” que ficou meio “New Year’s Day” e tinha uma pregada mais Joy Division, “Geração Coca-Cola” que era porrada e ficou bem leve e “A Dança “ que tinha uma onda mais Gang of Four…

  2. Rondeau fez parte da primeira geração da Bizz q mudou minha cabeça lá em Itabaiana, interior de Sergipe, onde morava – e a revista chegava.

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