SECOND COME & BEACH LIZARDS: Encontro histórico na Audio Rebel (RJ)!

Com a Audio Rebel lotada e apoio do Bacafest (Bacalhau) as bandas Second Come e Beach Lizards brindaram os fãs com os discos “Brand New Dialog” e “You” marcando mais de três décadas de ambos os trabalhos. Rock Press marcou presença, saiba como foi na matéria que segue…

SECOND COME & BEACH LIZARDS

Audio Rebel – Botafogo – Rio de Janeiro
21 de Dezembro de 2024

TEXTO: Leozito Rocha
FOTOS: Nem Queiroz

No último dia 21 de dezembro (2024), na Audio Rebel, houve o encontro de duas bandas importantes para o cenário brasileiro. O Beach Lizards reuniu-se com Demétrius, Laércio, Cláudio e Nervoso para executar na íntegra o primeiro registro deles: “Brand New Dialog” (1994). E o Second Come também celebrou o aclamado “You” (1993) numa noite repleta de fãs e amigos. Algo que não se vê todo dia.

A Rock Press esteve presente na celebração e registrou momentos belos e históricos. Talvez o leitor mais jovem não tenha a ciência de como essa cena ali dos anos noventa marcou época. A trajetória do rock alternativo nos idos tempos passou também por eles. O Second Come tem um lugar especial nesse cenário assim como o Beach Lizards. A quem possa interessar existem alguns documentários que contam essa história. O “Guitar Days” de Caio Augusto Braga é um deles. Nele há bandas como Pin Ups, Killing Chainsaw, etc nomes fundamentais para essa “cena”. Uma época em que fazer discos e shows era muito importante. Mas, nem sempre era fácil. Aliás, não era nada fácil. Mesmo assim a tal aura alternativa existiu.

SECOND COME
A lenda contada de novo nos palcos!

Poucas vezes a Audio Rebel recebeu tanta gente… Estava lotado. Ninguém queria perder os dois shows. Não cabia mais ninguém. E, com essa plateia ávida por som e nostalgia (boa) o Second Come foi recebido. Francisco Kraus, Mauk, Kamache e Yuri Pinta iniciaram os trabalhos com uma canção inédita: “Wicked Sky” (letra de Paul Conrad). Segundo Kraus, essa foi a primeira composição deles e não entrou em nenhum disco. Minto: entrou como bônus em CD. Seguiram com “High, High”, “She Could Melt The Sun” e “Violent Kiss” (essa presente na primeira demo de 1989). Público ovacionando e curtindo tudo aquilo. Canções como “Run Run Run”, “Justify My Love” (Madonna), “Gashead” e “Shoes” inflamaram as pessoas ainda mais.

A verve criativa de Kraus é pulsante. O som é denso, etéreo, pesado em certa medida. Melódico também como uma boa “guitar band” deve ser. Sujo como Sonic Youth, indie como Ride soava, enfim… Os caras nutrem muito talento.

Emocionados com mais de uma hora de show os rapazes encerraram com “Sedative Distortion” e “Perfidiousness” diante de retinas incrédulas do que haviam testemunhados. Mas, havia espaço para mais… Pois é.

Rodrigo Lariú (Selo Midsummer Madness) lá estava também. Ele é uma figura importante para a cena assim como para muitas bandas que citamos aqui na Rock Press. Além do Lariú, figuras importantes do underground do Rio reconheceu a importância histórica dessa noite, na plateia, gente de bairros distantes da zona sul da cidade como Santa Cruz e Campo Grande na zona oeste, da Ilha de Paquetá, do município de Marica, das cidades da Baixada Fluminense e outras regiões do Rio de Janeiro, como falamos a Audio Rebel estava em um dos seus dias de casa cheia.

BEACH LIZARDS
A energia retornando às origens!

Intervalo para uma cerveja e papo. Era a hora do Beach Lizards… Ironicamente tanto Bacalhau quanto Nervoso já tocaram com o Second Come em tributos e shows comemorativos. E, por falar em Bacalhau… Ele foi o MC (mestre de cerimônias) do evento. Seu filho (Bacalhau Jr., na foto ao lado) e ele fizeram as honras e entrou a segunda atração da noite.

Nervoso já arrepiou nas caixas e a bateria deu o tom. Começava “Naive Revolution” seguida de “Friction”. Demétrius avisa ao microfone que tocarão na ordem exata do álbum. E, assim foi.

Além da formação original eles contaram com a guitarra de Guilherme, filho de Nervoso. Um moleque talentoso, cheio de distorções e trajado com uma camisa linda do My Bloody Valentine. Melhor, impossível!

Seguiram com “The Calm Came After The Storm” e “Mirrors in Affection”. Sonoridade igualmente pesada e ritmada. Solos e distorções como um bom punk rock e guitar band deve ter. Falamos sobre fãs e amigos, porém esquecemos de mencionar a “base”. Sim, filhos e filhas dos músicos que lá estavam e deram canja. Cecília (na foto acima), filha de Cláudio, subiu ao palco para dar voz em “Greedy Thing”, Henrique, filho de Laércio, pegou a guitarra e mandou ver em “Farewell Song”. Além do já citado Guilherme Paixão.

O álbum inteiro foi tocado e apreciado pela insana plateia, nessa altura já feliz e satisfeita com o que via. Porém, a banda reservou o final com mais quatro canções do disco posterior, o “Spinal Chords” (1996). E prometeu celebrar os trinta anos também desse trabalho. Nessa leva tocaram “Sexy Lenore”, “Madcow Disease” (com a participação de Felipe Sad da banda ACK na guitarra), “Lonesome Times” e fecharam com “Useless” num delírio completo e repleto de emoção.

Uma Noite Memorável do
Rock Independente Brasileiro!

Quem lá esteve testemunhou um encontro incrível, sonoro, emotivo e bonito. Reunião de duas bandas importantes e criativas. Que momentos como esse se repitam em 2025, afinal, foi uma celebração auspiciosa e respeitosa a uma das coisas mais relevantes da vida: a música! – Leozito Rocha.

Recomendamos…
Sinta um pouco do clima do show do Second Come (aqui) e do Beach Lizards (aqui), nas lives que fizemos no Instagram do @portalrockpress. Agora se você ficou curioso em assistir o documentário “Guitar Days”, o filme tá disponível aos assinantes do Amazon Prime. #Recomendamos!

LEOZITO ROCHA – É radialista, pesquisador musical, escritor e amante de cinema. Colaborador de sites musicais, curador de rádio, editor e apresentador do “O Som do Leozito” na Internova Rádio (OUÇA), e observador incurável. Seu facebook é aqui! 

NEM QUEIROZ – É Poeta, letrista, fotógrafo, cantor, escritor, artista plástico e DJ. Pesquisador e colecionador de música, rato de cinema, teatro, sebo/livraria, centros culturais e shows! Intitula-se como “O Fotógrafo Observador” quando se aventura a resenhar para sites e afins. Ele mora aqui.